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Liderança feminina não é só questão de equidade

Ao superar desafios em busca da igualdade no mercado de trabalho, as mulheres dão um exemplo de resiliência para um futuro mais inclusivo

Líderes do Futuro
22 de novembro de 2024
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Ser mulher é uma jornada permeada de conquistas e superações ao longo dos anos e das gerações. Historicamente, representa um desafio que abrange desde o direito ao estudo até a participação ativa em decisões sociopolíticas, como o voto. Nas últimas décadas, a inclusão de mulheres em esferas de tomada de decisão tornou-se uma batalha diária, consolidando-se como uma luta essencial.

Antes de entrarmos na discussão específica sobre liderança feminina, é imperativo compreender o que significa ser líder. Ser líder vai além de um mero cargo ou função. No dicionário, a melhor definição que encontrei foi esta: “indivíduo que exerce influência no comportamento ou no modo de pensar de alguém.”

Iniciei minha jornada profissional há seis anos. Em vários momentos, deparei com um universo predominantemente masculino. Nessas ocasiões, tenho certeza de que meu propósito de vida é inspirar outras mulheres a alcançar seus lugares de destaque, seja à frente de negócios ou ocupando posições em empresas.

Hoje, a ascensão da liderança feminina emerge como um farol de esperança, desafiando preconceitos enraizados e redefinindo os limites do que é possível. Ao longo da história, as mulheres têm superado adversidades, conquistado direitos e contribuído para o avanço da sociedade. Mesmo assim, testemunhamos um movimento notável de empoderamento feminino, com mulheres ocupando papéis de destaque em todos os setores.

A liderança feminina tem desempenhado um papel crucial ao longo da história, desafiando estereótipos e contribuindo para o progresso em diversas esferas da sociedade. 

No cenário contemporâneo, a presença de mulheres em posições de liderança tornou-se não apenas crucial, mas vital, trazendo perspectivas valiosas e impulsionando transformações significativas.

Autoconhecimento e liderança

Você pode estar se perguntando quais habilidades foram necessárias para que eu me desenvolvesse e superasse esses desafios sociais para me destacar em meio a tantos. Usando como base o arquétipo “Liderando Inovações Conscientes“, estudo realizado pelo Instituto Anga e pela MIT Sloan Management Review Brasil, o primeiro passo que precisei dar foi aprender sobre “Liderança de Si”, ou seja, sobre autoconhecimento e autodesenvolvimento. 

De acordo com o estudo, isso “representa o autoconhecimento de si próprio, das suas características, valores, qualidades, imperfeições, sentimentos e maneiras que caracterizam o indivíduo.”

O processo de autoconhecimento deve ser contínuo; todos os dias aprendemos coisas novas e temos novas opiniões. Meu processo de autoconhecimento surge da minha base familiar, criada por uma avó (in memoriam) e uma mãe, que sempre trabalharam e me ensinaram que o mundo era meu e que dificuldades e desafios iriam existir, mas que isso não poderia me parar. Essa foi a base para que eu pudesse entender e conhecer de onde vem minha força e para onde devo voltar quando preciso de inspiração.

Sempre gostei de situações que me desafiassem, nas quais eu pudesse também me autodesenvolver, entender na prática como minhas habilidades me formam como ser humano e especialmente como profissional, aprender com os erros. 

Meu primeiro grande desafio foi liderar um setor de apoio ao empreendedor de uma instituição em Manaus. Eu não tinha experiência com liderança. Foi um divisor de águas na minha carreira. Eu achava que liderar era direcionar a equipe para atingir metas e entregar mais resultados que outros.

O que eu faço hoje? Atuo em uma ONG de acolhimento a pessoas refugiadas e migrantes, principalmente aquelas provenientes da Venezuela, vítimas da crise socioeconômica. Coordeno um projeto de empoderamento socioeconômico de mulheres refugiadas, contribuo diretamente para que essas mulheres, que são as únicas responsáveis pelo sustento de suas famílias e não possuem rede de apoio, criem seus negócios e tenham fonte de renda para sustentar suas famílias e reconstruir suas vidas no Brasil.

Encontrei no terceiro setor o propósito de vida que idealizava no início da minha carreira: empoderar mulheres conectando a causas de impacto social. Hoje, compreendo que a minha vida profissional e a pessoal devem estar alinhadas. Nos arquétipos liderança de si, liderança nas relações e liderança sistêmica, autoconhecimento, autodesenvolvimento, humanização e impacto sistêmico são parte do que sou hoje e do que quero continuar sendo para o meu futuro e da comunidade que estou inserida.

Predominância feminina

Fui em busca de compreender um pouco mais sobre como as mulheres vêm tendo mais relevância e destaque na última década. Observei o perfil dos jovens destaque do prêmio Young Leaders do Instituto Anga. 

Nas sete edições já realizadas, tivemos um total de 35 jovens destaques, dos quais 22 são mulheres que representam diversidade de cores, religiões e gênero. Isso mostra que mais de 62% dos jovens destaques de todas as edições são mulheres.

Quando fazemos o recorte dos 31 jovens finalistas da 7ª edição do prêmio, percebo que 20 mulheres fazem parte desse grupo, ou seja, mais de 64% dos jovens finalistas da 7ª edição do prêmio Young Leaders são lideranças femininas, mulheres da área tech, de social, de comercial, entre outras. 

Esse dado me trouxe uma reflexão.

Partindo do pressuposto de que cada liderança feminina representa uma organização diferente, a magnitude de impacto que essas mulheres vêm gerando de dentro para fora influenciando pessoas, fazendo conexões e transformando suas comunidades é o Brasil que eu vejo para um futuro próximo, é nosso papel hoje inspirar as próximas gerações, para que outras meninas saibam que elas podem, inspirar para que elas sejam nossas futuras líderes tendo a empatia, resiliência e humanização como o seu norte. Ter cada vez mais mulheres em posição de destaque e sendo reconhecidas pelos seus talentos e esforços e levando outras mulheres consigo.

Ter mulheres em organizações representa muito além de diversidade. Representa flexibilidade, resiliência e, principalmente, força. Então, sim, divulguem em suas empresas vagas afirmativas para mulheres, criem espaços seguros para que as mulheres possam se desenvolver e mostrarem seu potencial e mais, sejam justos, mulheres não merecem receber menos apenas por serem mulheres.

De acordo com a análise de Jerusa Barbosa (2022), Miltersteiner et al. (2020) afirmaram que ter mulheres presentes nos diferentes setores, compondo as estruturas das organizações, trazendo diversidade para as equipes, estabelece uma possibilidade de aumentar consideravelmente a capacidade de inovação, criação e humanização das organizações (BARBOSA, Jerusa, 2022, apud MILTERSTEINER et al., 2020).

A importância da liderança feminina

A liderança feminina é uma força transformadora que não apenas desafia normas antiquadas, mas também impulsiona a inovação e a prosperidade em todas as esferas da sociedade. Ao reconhecer a importância da diversidade de gênero na liderança, estamos construindo um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.

O papel da liderança feminina vai além dos cargos que ocupam; é um catalisador para a construção de sociedades mais justas e resilientes.

Portanto, ao refletir sobre a liderança feminina, é crucial reconhecer não apenas as barreiras superadas, mas também os horizontes expandidos. As mulheres líderes não apenas alcançam seus objetivos, mas também capacitam aqueles ao seu redor, estimulando um ciclo virtuoso de progresso.

Em última análise, a liderança feminina não é apenas uma questão de equidade, mas uma fonte valiosa de inovação e resiliência para um futuro mais promissor.

*Artigo assinado por Ana Karolina Vasconcelos, supervisora de projetos em uma ONG dedicada ao acolhimento de pessoas refugiadas e imigrantes e estudante do curso de tecnologia em gestão e empreendedorismo. Nos últimos seis anos, dedicou sua jornada profissional à área de projetos de impacto social e empreendedor. Contribuiu para a elaboração de projetos de capacitação profissional e empreendedora na prefeitura de Manaus e participou da elaboração de editais de chamamento público, além de integrar comissões municipais de seleção de projetos. É membro ativo da Global Shapers Community – Hub Manaus, rede global de jovens líderes apoiados pelo Fórum Econômico Mundial.

Líderes do Futuro
Esta coluna é assinada rotativamente por membros da Comunidade Young Leaders, que reúne finalistas do Prêmio Young Leaders e participantes do programa de formação de lideranças do Instituto Anga.

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