Em três anos, ele entrará em operação e vai registrar imagens da Terra de quatro a seis vezes por mês, com cinco a dez metros de resolução, mesmo com nebulosidade. Se já estivéssemos em 2022, desmatadores e queimadores não escapariam
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, estabelecido pela ONU Organização das Nações Unidas é seguramente o maior esquadrão multidisciplinar já constituído para estudar um problema desde o big bang. Essa tribo de especialistas estima que os ecossistemas terrestres armazenem aproximadamente 1 trilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em biomassa de árvores e plantas. Para efeito de comparação, a Agência Internacional de Energia calcula que atividades antropogênicas emitam na atmosfera terrestre o equivalente a aproximadamente 33 bilhões de toneladas de CO2 por ano. Num planeta Terra premido pela redução de emissões de gases de efeito estufa, a aritmética a favor da preservação das florestas resulta simples até para negacionistas do clima.
Nesse contexto, uma vez que os cientistas da Nasa estudam planetas, parece obvio que entre um foguete e outro a agência aeroespacial norte-americana utilize sua frota interestelar de satélites para monitorar eventos naturais que afetem o clima terráqueo. A novidade é que em 2022 a Nasa vai lançar o satélite Nisar (Nasa-ISRO Synthetic Aperture Radar) em parceria com a agência aeroespacial da Índia, a ISRO. Com um custo estimado em US$ 1,5 bilhão, o Nisar é considerado o satélite mais caro desenvolvido até hoje. A tecnologia de Synthetic Aperture Radar (SAR) constrói imagens tridimensionais de objetos utilizando uma antena em movimento embarcada no satélite. Para o registro da imagem, ondas de rádio são enviadas de maneira repetida para a superfície do objeto escaneado, que pode ser uma floresta ou relevo terrestre. Na sequência, o eco de cada uma dessas ondas é gravado e então processado, gerando imagens de alta resolução.
Quando estiver operando, a satélite Nisar vai registrar imagens da Terra de quatro a seis vezes por mês, com cinco a dez metros de resolução. Mas a característica matadora dessa tecnologia é a capacidade de registro de imagens independente das condições de nebulosidade da região observada. Isto é, mesmo com fumaça de queimadas ou nuvem de tempestade tropical, o satélite vai produzir imagem cristalina da Amazônia. Endgame para a falta de informação. Crédito da imagem: Divulgação/Nasa. É uma imagem ilustrativa.