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MODELO DE GESTÃO 6 min de leitura

Por um RH mais estratégico

No Brasil, a área pode se inspirar em exemplos europeus para sentar à mesa das decisões que geram valor para o negócio

Augusto Dias Carneiro
28 de março de 2025
Por um RH mais estratégico
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As áreas de recursos humanos das empresas no Brasil passam por um processo acelerado de reinvenção. As razões são óbvias: todos nós vivemos grandes incertezas, e as empresas não são muito diferentes em seus esforços por sobreviver e prosperar nestes tempos incertos. 

Meu objetivo aqui é fazer uma pequena contribuição com foco em como se pensa o tema lá fora. Quem sabe em artigo futuro possamos, eu ou alguém da MIT SMR Brasil, propor uma solução “jabuticaba” de gestão de RH?

Exercícios de benchmarking

As empresas norte-americanas têm no RH um pronunciado viés de conformidade, por três razões: 1) trata-se de uma sociedade extremamente litigiosa; 2) lá, são pouquíssimos os benefícios exigidos por lei, e até por isso 3) existe um histórico de altos níveis de sindicalização dos colaboradores. Nestas, a visão estratégica de RH, quando existe, resulta da visão privilegiada de alguém da alta gestão, nem sempre um profissional de RH.

Infelizmente, nós no Brasil tendemos a copiar modelitos norte-americanos, no que têm de bom e de ruim, em muitos dos modelos de gestão que adotamos.

As empresas europeias estão muito mais à frente, com programas engenhosos de atração e retenção de talentos, reconhecimento e remuneração de bom desempenho que vão muito além do nível tático.

Nessas companhias, a pessoa de RH tem que saber fazer cinema além de tirar fotografia. E uma reunião de diretoria (ou de conselho, que nas empresas europeias – na maioria dos casos – é a mesma reunião) sem alguém de RH seria causa de estranheza. 

O exemplo alemão

As empresas alemãs têm duas peculiaridades: 

  1. como a contabilidade alemã trata diretoria como overhead (despesas indiretas, ao contrário de contabilizar em despesas operacionais como fazemos nós e os norte-americanos), as empresas só tem três vice-presidentes: um fabrica, o outro vende, e o terceiro (betriebsführer) cuida das finanças além das outras áreas-meio, inclusive o RH;
  2. conforme o número de colaboradores, a lei alemã tem regras bem agressivas sobre que percentual dos assentos no conselho são restritos a colaboradores.

O resultado é que esse VP, e/ou alguém de RH bem poderoso reportando-se diretamente a ele/ela, tem assento tanto nas reuniões de diretoria como nas reuniões de conselho. 

O modelo escandinavo

Algumas empresas escandinavas (cuja contabilidade, vale mencionar, é fortemente inspirada na alemã, o que inclui a forte relutância em criar vice-presidências) enxergam isso sob outro ângulo: que a responsabilidade de recursos humanos é tarefa da diretoria inteira, e que uma diretoria de RH acabará esvaziando as outras.

Assim, ou elas têm um RH deliberadamente restrito, ou terceirizam a parte processual de RH (folha de pagamento, contratar, desligar etc).

Nesse modelo, o grupo gestor, que varia entre 5 e 12 pessoas, tem uma reunião periódica (entre 4 e 6 vezes por ano) especificamente sobre RH. Em algumas delas, é incluído o que eles chamam de grupo estendido (30-40 pessoas), com as chefias de departamento.

A pauta dessas reuniões envolve decisões de recrutamento, desligamento, promoção, remuneração variável e fixação/atingimento de metas de DEI. 

Eu me alonguei nas escandinavas porque acho que nós no Brasil temos muito a aprender com elas. Enxergo uma convergência cultural nossa com esses conceitos, além de termos muita presença escandinava no Brasil – AkzoNobel, Electrolux, Equinor, Ericsson, Nokia, Novo Nordisk, Sandvik, Vaisala, Volvo), a maioria muito competente em atrair talentos locais. Por isso mesmo, muitas dessas companhias formaram alguns dos nossos melhores executivos.

Caminhos para o RH no Brasil

A partir do que temos observado em outros países, e considerando as particularidades do nosso mercado, qual seria o conteúdo mínimo do futuro profissional de RH no Brasil? Eu não me proponho a gerar uma agenda compreensiva, mas trago a seguir uma contribuição para o assunto.

  • Visão estratégica: sabe fazer cinema além de tirar fotografia e é capaz de evangelizar sua visão de futuro. Nas multinacionais estrangeiras, a visão estratégica é amadurecida fora do Brasil; então, nelas, a pessoa de RH precisa ter suficiente exposição na casa matriz para entender e abraçar os conceitos corporativos.
  • Recrutamento em perfil convergente: recruta pessoas que se parecem com o que a empresa quer ser, não com o que é.
  • Remuneração variável: sabe reconhecer, recrutar, remunerar e desenvolver talentos convergentes com os objetivos estratégicos da empresa, bem como gerar/defender a implantação de políticas e procedimentos nesse sentido.
  • Diversidade e inclusão: compreende que, quando todo mundo pensa igual, ninguém pensa muito. Sabe criar e implantar políticas que promovam a diversidade de equipes, a inclusão em projetos estratégicos, decisões críticas e decisões de promoção.
  • Aplica programas de coaching e mentoria para recém-contratados, recém-promovidos e grupos minoritários que sejam naquele momento prioridade de DEI da empresa (exemplo – pessoas que são as primeiras em suas famílias a concluir o 3º grau). Meu livro explica a diferença entre um mentor e um coach, nas páginas 113 a 118.

E por último, mas não menos importante:

  • Letramento de TI e de IA: sabe o que essas tecnologias podem trazer em nível suficiente para acompanhar – e contribuir positivamente para – uma discussão interna e com fornecedores, além de incorporá-las aos processos de recrutamento, treinamento, desenvolvimento e pesquisa da empresa.
Augusto Dias Carneiro
Coach, headhunter, mediador e board member, Augusto Dias Carneiro é sócio da Zaitech Consultoria. É autor do livro Guia de Sobrevivência na Selva Empresarial. O lançamento de sua próxima obra, O Livro das Ideias: Inovação e Empreendedorismo, está previsto para abril de 2025.

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