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Futuro

4 min de leitura

Como vemos o futuro do trabalho?

Lee Ullmann

12 de Agosto

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Artigo Como vemos o futuro do trabalho?

Como vemos o futuro do trabalho? Como as tecnologias emergentes, tais como a Inteligência artificial (AI) e a automação, estão criando oportunidades para novos tipos de empregos e demanda por novos tipos de habilidades? Em que os líderes da indústria devem investir para fomentar a competitividade, aumentar a produtividade e criar um local de trabalho mais inclusivo? E o que pode fazer o poder público para garantir que a nova geração de trabalhadores tenha a educação e qualificação que necessita para ter sucesso?

Essas são questões prioritárias para a nossa economia global, e muito urgentes, aqui no Brasil. Após uma severa crise econômica e recessão, a economia mais industrializada da América Latina está enfrentando uma recuperação inconstante e lenta. Mais de 10% da força de trabalho do país está desempregada, e um quarto da população desempregada está na faixa etária de 18 a 24 anos. Enquanto isso, cerca de 13 milhões de brasileiros estão trabalhando menos do que poderiam ou gostariam.

Lidar com esses desafios e criar soluções demandam novas formas de pensar e inovar em conjunto. Com esse objetivo, o MIT criou uma força-tarefa em todo o instituto para estudar a evolução dos empregos em uma era de avanços tecnológicos. O objetivo desse grupo, que envolve diversos projetos de pesquisa interdisciplinares, é ajudar a guiar o desenvolvimento e implementação de políticas para oferecer oportunidades abrangentes e prosperidade para a sociedade como um todo.

Recentemente, o MIT também iniciou uma parceria com o PageGroup, uma empresa líder mundial em serviços de recrutamento, para sediar uma conferência focada no Futuro do Trabalho no Brasil em São Paulo. O evento traz docentes do MIT e MIT-Sloan, executivos, oficiais do governo, acadêmicos e pesquisadores para discutir uma série de questões pertinentes às mudanças da economia e força de trabalho no Brasil. Ao combinar pessoas com diferentes perspectivas e áreas de atuação, esperamos iniciar um diálogo sobre como as novas tecnologias digitais estão moldando os locais de trabalho brasileiros de amanhã – e como podemos caminhar em direção a um futuro mais lucrativo para todos. 

É evidente que essa força-tarefa e a conferência não são uma panaceia para todos os problemas do país. Não podemos esperar superar todos os desafios do Brasil em apenas um dia. A economia brasileira é vasta, e os problemas enfrentados têm raízes profundas. Apaziguar o clima de incerteza e ansiedade na economia local é uma tarefa dantesca.

Mantermo-nos complacentes, porém, não é a resposta. Na alvorada da Era Digital, o sucesso da economia brasileira – e de toda a economia global – requer que reconheçamos e antecipemos o papel que o trabalho humano desempenhará em um futuro em que as máquinas realizarão muitas de nossas tarefas cognitivas e físicas. Devemos aproveitar a oportunidade de moldar o futuro – e fazer dele o melhor possível. 

Sobre o evento

Nossa seleção de palestrantes é admirável. Melissa Nobles, Reitora Kenan Sahin da Escola de Humanas, Artes e Ciências Sociais e Professora de Ciência Política no MIT, debaterá o futuro do trabalho no contexto da Educação, Ética e Inteligência Artificial. Gustavo Pierini, ex-aluno do MIT, abordará a história do mercado de trabalho.

Jason Jackson, Professor Assistente de Política Econômica e Planejamento Urbano no MIT, explorará como o Uber e outras plataformas digitais estão mudando os mercados com tarefas sob demanda e o transporte urbano. A narrativa dominante sobre o Uber e serviços similares sugere que corporações internacionais, detentoras de sofisticados algoritmos de machine learning e big data, redefinirão o transporte urbano radicalmente em sua própria imagem. Mas a análise de Jackson coloca essa ideia em cheque ao mostrar que os efeitos da “uberização” variam muito de acordo com o contexto social, político e econômico. 

A conferência também terá um momento dedicado a explorar os resultados de uma pesquisa de cinco anos intitulada Inovação no Brasil: Progredindo com o Desenvolvimento no Século 21. A partir do começo dos anos 2000, o governo brasileiro definiu várias políticas e programas para estimular a inovação. Eles ampliaram o investimento em ciência e tecnologia, encorajaram colaborações mais significativas entre indústrias e universidades, e promoveram a criação de novas instituições cujos objetivos principais eram facilitar a produção de pesquisas privadas e investimentos em desenvolvimento. Apesar de terem tido progresso significativo, o país continuou a enfrentar muitos desafios, incluindo taxação excessiva e carência de uma força de trabalho qualificada. Em sua apresentação, Ezequiel Zylberberg, Pesquisador Associado no Centro de Desempenho Industrial do MIT e um dos principais investigadores neste projeto, defende um plano direto e com foco no futuro para explorar as oportunidades emergentes de desenvolvimento para o Brasil. 

Gary Gensler, professor da Prática de Economia Global e Gestão no MIT-Sloan, falará sobre a Inteligência Artificial e o futuro do trabalho em relação às Fintechs. Roberto Rigobon, Professor de Gestão na Society of Sloan Fellows e professor de Economia Aplicada no MIT Sloan, debaterá as dificuldades em calcular o valor que novas tecnologias digitais contribuem no bem-estar econômico. Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central e ex-aluno do MIT, encerrará o evento. 

Esperamos que esse evento estimule novas discussões e aprofunde o relacionamento do MIT com o Brasil. Juntos, podemos ajudar a moldar e criar um futuro em que humanos prosperam e complementam as tecnologias emergentes em um mundo melhor e mais próspero.

A conferência Futuro do Trabalho no Brasil acontecerá em 29 de agosto, em São Paulo. Para se inscrever, clique aqui.

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Autoria

Lee Ullmann

Diretor sênior no escritório do MIT Sloan da América Latina (MSLAO) em Santiago (Chile)

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