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Conselhos digitais estão mais aptos a formular estratégias ESG

Ciência de dados pode ajudar conselheiros a agregar questões de ética e sustentabilidade à tomada de decisões

Paulo César Teixeira e Claudinei Elias

15 de Fevereiro

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Artigo Conselhos digitais estão mais aptos a formular estratégias ESG

A cada dia que passa, os conselhos de administração estão ganhando mais peso nas decisões tomadas pelas empresas que buscam permanecer competitivas e preparadas para o futuro. Em comparação com um passado recente, essas resoluções estratégicas hoje têm como base muito mais do que a intuição ou a experiência dos conselheiros: elas dispõem de um conjunto de dados e informações coletados e disponibilizados com a ajuda da tecnologia. Isso amplia a capacidade das companhias de antecipar tendências e enfrentar os desafios do mercado.

Graças à ciência de dados, os conselhos de administração data-driven vêm ganhando protagonismo, principalmente quando a pauta na sala de reuniões envolve questões-chave, como a implementação de estratégias ESG. De uns tempos para cá, o alinhamento à busca por uma economia mais justa, solidária e sustentável virou prioridade para as organizações preocupadas não apenas com o futuro da sociedade. Mas também com o futuro do negócio. Afinal de contas, pouca gente duvida que, daqui para frente, as companhias serão cada vez mais avaliadas conforme sua dimensão ambiental, social e de governança.

Essa é uma tendência que vai se acentuar a cada nova geração, apostam os especialistas. Os novos consumidores se tornarão ainda mais atentos ao posicionamento ético das organizações. Para Claudinei Elias, CEO e fundador da Bravo GRC, é um caminho sem volta.

“A minha filha, por exemplo, não põe os pés em uma empresa envolvida em denúncia de trabalho escravo. É um ativismo de natureza cultural, que começa na base. Daqui a 10 anos, as empresas que não respeitarem essa mudança deixarão de existir, simplesmente, porque elas não terão mais consumidores”, aposta Elias.

Estrutura conservadora dos conselhos

Contudo, em muitos casos, as aspirações por mudança colidem com uma estrutura excessivamente rígida e conservadora dos boards. Para se ter ideia, uma pesquisa recente mostrou que, no Brasil, a participação de mulheres nos conselhos de administração é de apenas 11,5%. Ao mesmo tempo, a média de idade dos conselheiros é de 57 anos e 83% deles são engenheiros, advogados, economistas ou administradores de empresas.

“Não tem como alcançar uma diversidade de perspectivas com uma homogeneidade demasiada em termos de gênero, idade e formação profissional”, afirma Paulo Iserhard, que atua como conselheiro independente em diversas companhias do país. De acordo com ele, o que se impõe é uma mudança de mindset no centro do poder decisório estratégico das organizações.

Não é uma tarefa fácil, que se resolve do dia para a noite. Até porque a transformação cultural necessária vai além do alinhamento às demandas ESG – existe também a necessidade de uma atualização tecnológica. Com o uso da tecnologia, sobra mais tempo para reflexão e tomada de decisões em questões essenciais.

Só envelhece quem deixa de aprender

Só que a maioria dos conselhos de administração é um colegiado de pessoas “ecléticas e experientes”, com pouca familiaridade para o mundo digital, como destaca Iserhard. “Mas só envelhece quem deixa de aprender. Os coroas podem se atualizar, não para que se tornem fluentes no mundo digital, mas para que desenvolvam uma nova sensibilidade”, afirma ele, bem-humorado.

De fato, a atualização dos conselhos de administração em termos de tecnologia é, atualmente, plenamente acessível às corporações. O processo decisório já dispõe de ferramentas e soluções totalmente seguras, as quais formam um ecossistema digital capaz de dar conta da análise e processamento de dados para a área de governança e gestão de riscos. Tanto que vem crescendo a demanda por portais de conselhos, os quais possibilitam uma troca de informações totalmente blindada e confidencial.

Assim, a tecnologia pode auxiliar os conselhos a compreender a governança de modo mais holístico e, com isso, fazer com que atuem em alinhamento às demandas da sociedade, assegurando a perpetuidade do negócio.

O Fórum: Governança 4.0 é uma coprodução MIT Sloan Review Brasil e Bravo GRC.

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Autoria

Paulo César Teixeira e Claudinei Elias

Paulo César Teixeira é colaborador de MIT Sloan Review Brasil. Claudinei Elias é fundador e CEO da Bravo GRC, empresa de tecnologia e consultoria para GRC e ESG.

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