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Dados e talentos rumo à construção de propósitos

Organizações sem cultura data driven estão ficando míopes diante de uma nova realidade de trabalho e de gestão de talentos

Paulo Castello
12 de julho de 2024
Dados e talentos rumo à construção de propósitos
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“Como nunca visto na história, vivemos a era da efervescência tecnológica, do crescimento acelerado e de negócios atingindo escalas absurdas, além de uma busca acirrada por talentos. Os tempos são outros, e na realidade das empresas essas mudanças impactam diariamente o relacionamento com o mercado e internamente com os colaboradores.

Neste cenário de mudanças, é bom lembrar, sempre que possível, que os profissionais ganharam o poder de escolher as empresas que melhor se adaptam às suas crenças, cultura e modo de ver o mundo, inclusive, o formato de trabalho que melhor encaixe em seu atual momento de vida.

Um estudo do Gartner, Redesigning Work for a Hybrid Future, mostrou que 39% dos colaboradores entrevistados estão dispostos a abandonar seus cargos; ou seja, pediram demissão caso a empresa opte pelo trabalho presencial. Guardado às devidas proporções, e exceto os cargos que necessitam ser realizados de forma presencial, os líderes que insistirem em voltar ao trabalho presencial correm o risco de perder talentos a curto, médio e a longo prazo.

O modelo centrado no ser humano, com flexibilidade e empatia, é o que impulsiona a produtividade e o engajamento. A inovação é impulsionada por colaboração intencional, ou seja, momentos proporcionados pelas organizações com esse foco e objetivo. Diante dessas novas dinâmicas de trabalho e de relacionamento profissional, o estudo do Gartner revelou, ainda, alguns mitos construídos e corroborados ao longo do tempo e da história, principalmente nos últimos dois anos de pandemia:

– Em breve, o trabalho vai voltar ao normal;- Precisamos de contato pessoal para sustentar nossa cultura;- Os funcionários são menos produtivos quando remotos;- Nossos trabalhos simplesmente não podem ser feitos remotamente;- Um modelo híbrido de força de trabalho duplica nossa infraestrutura de TI e outros.

Para aproveitar dados e talentos

Diante desse recorte eminente que algumas empresas já começam a vivenciar, gostaria de elencar motivos que endossam a necessidade de os gestores adotarem a tecnologia de dados. À luz dos dados, empresas podem rever formatos e a cultura digital, as tão citadas tecnologias de informação e comunicação. Essa realidade não é restrita, e não cabe apenas aos ecossistemas e grandes hubs de inovação. A orientação é válida também às companhias ditas tradicionais.

Hoje, qualquer empresa do mundo pode, por exemplo, contratar os seus melhores recursos e pagar em dólar, euro ou libra. A competição não é por salários, benefícios ou puffs coloridos. Talentos querem um pedaço do sonho para lutar por ele. Para construir um time talentoso e que mantenha o engajamento, é necessário pensar em equity como um forte driver de inovação.

Muitas das mudanças realizadas por grandes empresas nesse momento de crise do trabalho já faziam parte do DNA das organizações. De certa maneira, o mindset já estava sendo gestado, sendo que para essas empresas as mudanças ocorridas nos últimos dois anos no mercado de trabalho, do ponto de vista prático, foram quase que naturais. Entretanto, algumas organizações ainda estão no caminho esperando a ventania acalmar, aguardando o que vai acontecer e pouco dispostas a rever antigas ferramentas de gestão e ao universo de possibilidades que os dados podem oferecer.

Em outras palavras, boa parte das organizações estão desatentas aos sinais da tripulação quando o assunto é trabalho híbrido/online e uso de dados; o modelo ideal adaptado à realidade de cada um. Essa falta de percepção é um erro muito comum, mas é compreensível.

A era da ciência de dados – seja para contratar e reter talentos, ou para outras finalidades –, representa, na prática, uma via de mão dupla entre o que acontece hoje e o futuro mais próximo. Posto de outro modo, trabalhar com dados é olhar para o presente elaborando um futuro, um tempo que ainda precisa ser concretizado para compreendermos literalmente o ocorre atualmente.

Dados já são usados para avaliar pessoas, melhorar performance, tangibilizar resultados e a escala dos negócios. Dados estão sendo analisados em tempo real, injetando velocidade para as empresas atingirem outro patamar, pois os dados fundamentam a tomada de decisão com estratégia e inteligência. Logo, se as empresas e lideranças não trabalham com dados, e em tempo real, a real percepção fica ofuscada e sem visibilidade.

Além disso, os dados permitem que a liderança conheça os profissionais, seus times, limites, ambição e se estão na mesma esteira de futuro ou caminham, descompassadamente, em outra direção. No mais, dados expressam pessoas, e expressam ainda mais em home office.

Ágeis, flexíveis e personalizadas

Por fim, gostaria de apontar que algumas características das empresas que trabalham com data science de maneira recorrente, diariamente. Em primeiro lugar, elas são ágeis no uso de dados para tomadas de decisões rápidas. Essa cultura data driven faz com que o posicionamento das organizações praticamente segue um mantra: melhor agir rápido, errar e ter mais tempo para consertar/ajustar. Isso ajuda a saber exatamente o que estão fazendo em termos de direção: para onde vão, o ritmo, o papel de cada um e o porquê estão executando cada ação.

Outra característica, é o poder de adaptação. As empresas que seguem essa cultura são flexíveis aos desafios que surgem, afinal “não é a mais forte que sobrevive, mas a que melhor se adapta às mudanças e às exigências frenéticas de mercado”. A crise vem e serve para inovar, rever conceitos, agir rápido, tirar burocracias da frente. É na crise, e como o uso de dados, que se enxerga talentos e entende quem realmente está do seu lado quando o mar está revolto. Com isso, essas organizações conseguem desenvolver uma cultura forte, quase que de irmandade entre os colaboradores e líderes.

Construção de propósitos

Quando se debruça sobre o futuro da gestão ágil e inteligente, em outras palavras, estamos falando sobre a era da personalização do trabalho. Para que isso de fato ocorra, precisamos do auxílio de dados. Talentos estão ditando a forma e modelo de trabalho melhor se encaixa em suas vidas particulares, e a cultura que melhor se assemelha com seu modo de pensar e ver as coisas, a que podemos classificar de novo perfil: híbrido ou em constante mutação.

Empresas que não entenderem isso, perderão talentos e mais: sem dados, em tempo real, estarão míopes na tomada de decisão daqui para frente. A regra do jogo mudou: Estabilidade, salário, benefícios, bermuda e puffs coloridos não são a causa do sucesso e nem garantem que talentos sejam atraídos e convencidos a ficar. Novas gerações, com novas motivações, buscam por propósito, e esse anseio deve ser visto todos os dias como um combustível para o fortalecimento das organizações.

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Paulo Castello
é fundador e CEO da Fhinck, startup de alta tecnologia que ajuda grandes empresas a terem maior desempenho operacional, eficiência, produtividade e qualidade de vida, a partir da geração de dados inteligentes. É membro do Cubo Itaú, maior centro de empreendedorismo tecnológico da América Latina.

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