Gastos do usuário final com infraestrutura global de data center devem crescer 6% em comparação a 2020, com planos de expansão subindo até 2024
Capacidade de processamento, acessibilidade, segurança, alta disponibilidade, integrações, mobilidade. Features comuns, necessárias ao mundo em mudança e em plena transformação para uma realidade de trabalho híbrido, devem continuar crescendo exponencialmente pelos próximos quatro anos, como aponta uma pesquisa da Gartner.
Mesmo com o declínio de 10% em 2020, ano em que a prioridade passou a ser rodar bem o que já estava funcionando, as empresas de hiperescala continuam seus planos de expansão global normalmente pensando em nuvens públicas, explica Naveen Mishra, diretor de pesquisas sênior da Gartner.
Tal desaceleração, em razão da pandemia, no entanto, não é um alerta para que os investimentos deixem de ser feitos. Ao contrário: gestores de infraestrutura devem priorizar três oportunidades neste período.
– Trabalhe otimização e controle de custos – força de vendas, áreas de finanças e compras devem se engajar em iniciativas como renegociação de contratos de TI, otimização de custos de nuvem e consolidação de TI, preparando o terreno para futuros crescimentos e mudanças.
– Invista em conhecimento – elabore manuais que ajudem os provedores de tecnologia a entender o impacto da covid-19 em uma gama de setores diferentes para, então, recomendar itens de ação de curto a médio prazo e desenvolver outras soluções.
– Repense modelos – investir em um novo modelo go-to-market para nativos digitais para impulsionar a inovação. Crie impulso em torno de tecnologias híbridas e preços baseados no consumo para melhorar o compartilhamento de ideias com esse público.
O Data Center World, evento anual sobre o assunto, revelou dados interessantes em seu relatório anual State of the Data Center Report. A gestão da infraestrurura deixou de ser uma parte de um software, mas ganhou relevância de uma prática consolidada – resposta ao momento de crise e trabalho forçado à distância resultantes da pandemia da covid-19. Os dados são criticamente relevantes:
– 77% dos entrevistados preveem que a gestão da infraestrutura será cada vez mais integrada com virtualização e soluções de nuvem, sendo que 27% já estão vendo isso ocorrer.
– 73%, por sua vez, estão mais propensos a gastar com segurança, uma quantidade 9 pontos percentuais acima do resultado de 2019.
Pela primeira vez no histórico do relatório, profissionais do setor sugerem que a construção, a renovação e o gerenciamento do data center dão sinais de estagnação. Em vez disso, os líderes estão aproveitando o espaço de que já dispõem para aumentar a densidade e melhorar as operações, fazendo com que a gestão do data center seja mais inteligência e interligada à estratégia empresarial.
De acordo com o questionário, o número médio de data centers em todos os locais está entre duas e três instalações, quantidade bem abaixo dos 12 instalados em 2019. Além disso, a média de um a dois centros de dados serão renovados ou expandidos nos próximos 12 a 36 meses, abaixo dos quatro em 2019.
Uma vez que aplicações e dados são cada vez mais fundamentais para tomadas de decisão e o futuro dos negócios, serviços digitais geram oportunidades, desafios e transformações. Nos últimos anos, vimos empresas canalizando investimentos em tecnologia para acomodar temas como cloud, mobilidade, big data/analytics, edge computing e internet das coisas (IoT).
“Essa corrida desencadeou um movimento necessário para ajuste na camada de infraestrutura, de forma a suportar dados e aplicações que, cada vez mais, transitam entre nuvens públicas e privadas, além de ambientes locais”, explica Gerardo Toussaint, líder de vendas regionais da Cisco.
A Cisco entende ser imperativo que os negócios adotem uma abordagem holística para o futuro, apoiada na tríade automação, segurança e multicloud. Para isso, o data center deve ser confiável e estar onde os negócios acontecem, fornecendo agilidade, proteção e colaboração.
O executivo aponta que três questões estruturais precisam ser abordadas para suportar o crescimento, tanto da capacidade de processamento quanto, consequentemente, da entrega de resultado das organizações: “reduzir a complexidade do ambiente tecnológico e manter o gerenciamento dentro de níveis aceitáveis a longo prazo, dentro de uma abordagem sistemática; garantir uma postura de melhoria contínua da experiência do usuário por meio de aplicativos; e otimizar recursos constantemente e maximizar a capacidade de investimento”.
Gerardo Toussaint reforça três esferas da vida pública em que a tecnologia já impulsionou a produtividade remota, mas, provavelmente, tornou-se tão orgânico que sequer percebemos: na saúde, com projetos de telemedicina que escalaram rapidamente, com segurança e efetividade; na educação, garantindo diversas experiências completas de ensino remoto com interatividade; e no governo, com a rápida transformação e adaptabilidade de serviços públicos, de maneira simples e dinâmica.
O apego aos antigos modelos pode ser um importante obstáculo para a continuidade da escalada tecnológica. Paulo Castello, CEO e fundador da Fhinck, concorda. “Devido à pandemia, burocracias, leis e protocolos foram relacionados, de maneira impositiva, à velocidade da transmissão do vírus. E isso abriu as portas para colocar as transformações dessa década numa velocidade sobrenatural. Em outras palavras, apertem os cintos, pois estamos entrando em velocidade supersônica.”
Paulo lembra, também, que a digitalização nos compra horas. Se já falamos sobre saúde, educação e poder público, o executivo, aqui, lembra que até para as vendas algumas coisas são mais simples: “se um vendedor fazia duas visitas ou reuniões a clientes em um dia. No pós-covid-19, o mesmo vendedor faz cinco a seis”.
Segundo o estudo Fórum Trabalho Híbrido.“