Da visão à realidade: como os OKRs estão transformando os objetivos de equipe em 2024
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Descobertas nas áreas de neurobiologia e terapia comportamental são aplicadas ao processo de seis etapas, que atuam em diferentes subsistemas neurais ou psicológicos, possibilitando a construção da resiliência e da gestão estratégica dos executivos e líderes nas organizações
Javier S. Casademunt, Fabian Salum e Simon L. Dolan
21 de Julho
A resiliência é a capacidade de se adaptar com sucesso ao estresse e à adversidade.
À medida que os problemas de saúde mental no mundo corporativo se tornaram a nova pandemia global, executivos e líderes devem ter o máximo cuidado com o recurso mais estratégico de suas organizações, as pessoas.
Problemas de saúde mental, como a ansiedade, o estresse ou a tristeza, afetam a tomada de decisões dos executivos, especialmente no campo da estratégia corporativa.
A neuroestratégia, também chamada estratégia comportamental, é um recente âmbito de conhecimento, dentro do management, na interseção da neurociência comportamental e da estratégia corporativa, e que testa como executivos são afetados por fatores que só podem ser explicados pela neurociência, como são as emoções.
A ansiedade faz com que o executivo perceba o entorno mais ameaçador do que realmente é, fazendo que tome decisões estratégicas mais defensivas que podem ser prejudiciais em determinados cenários competitivos. Também, o cérebro de um executivo com depressão ou tristeza, realiza julgamentos negativos e pessimistas sendo mais difícil para ele inovar no âmbito de seus produtos ou até mesmo no modelo de negócio.
A resiliência é uma habilidade que pode ser treinada por meio de práticas cognitivas e comportamentais específicas.
O atual mundo empresarial, pós-pandemia, tem contribuído para um agravamento da saúde mental no trabalho, com estatísticas de estresse e ansiedade superiores a 50%, tornando necessárias soluções para momentos de disfunção emocional. Neste artigo apresentamos um modelo totalmente inédito, que tem se mostrado altamente eficaz contendo as últimas descobertas da neurociência e da psicologia, aplicadas à estratégia das organizações.
O modelo apresentado a seguir (figura 1) é composto por seis círculos, cada um representando uma etapa e um processo, que atuam em diferentes subsistemas neurais ou psicológicos, possibilitando a construção da resiliência e, com ela, a excelente gestão estratégica.
Figura 1: O modelo dos círculos de resiliência, ou círculos de neuroestratégia, para entender o processo de construção da resiliência.
Nota: no modelo proposto, a resiliência é criada na sobreposição de seis círculos.
A consciência emocional, ou autoconsciência, é o elemento mais importante para o sucesso na liderança. Com a consciência emocional também se desenvolve a consciência neuroestratégica, através da qual o executivo reconhece sua tendência emocional, e com ela sua tendência estratégica.
A neuroplasticidade é a capacidade que nosso cérebro tem de melhorar a si mesmo e realizar mudanças, funcionais e estruturais. Quanto melhores forem as capacidades neuronais, através de um cérebro melhor cuidado de maneira específica e intencional, melhores serão as capacidades neuroestratégicas do executivo e melhor suas estratégias.
Nesta etapa, os executivos são direcionados a mergulhar em seu sistema de crenças, por meio de uma revisão, e ressignificação, de suas experiências de vida, finalizando com uma definição clara de seus valores, visão e missão. Sendo coerentes com nossos valores e, finalmente, usando-os em nossas vidas para continuar crescendo, tornando-nos mais felizes e resilientes.
A metodologia aplicada ao longo do modelo gera antecipação emocional e potencializa o equilíbrio emocional, tudo para facilitar o processo de controle emocional e o contágio positivo desse resultado. Quando o executivo possui controle sobre suas emoções pode contagiar de maneira consciente suas emoções positivas e com elas também se produz o contágio estratégico, ou a influência positiva para a implementação estratégica na organização.
Devido à pandemia da covid-19, temos inúmeros estudos que mostram como o isolamento piorou a saúde mental de milhões de pessoas em todo o mundo. A conexão social é um promotor da oxitocina, hormônio que aumenta a confiança entre os indivíduos nas interações sociais, reduzindo os níveis de estresse. A ocitocina é o neurotransmissor da colaboração e desempenha um papel importante na construção da resiliência.
Figura 2: Os cinco primeiros anéis do processo de construção da resiliência.
O sexto e último anel do modelo é o compromisso. Essa etapa é totalmente focada em aplicar os princípios da neurociência para criar e manter a motivação e o ímpeto na aplicação e repetição de cada etapa.
Figura 3: O modelo dos círculos da resiliência.
Como pode ser visto no modelo, da figura 3, em cada passagem de um círculo para outro, na sobreposição de cada um deles, um determinado benefício é alcançado para o cérebro, emoções e capacidades estratégicas do executivo.
A resiliência pode atuar como um fator de proteção para evitar problemas de saúde mental e melhorar a capacidade estratégica dos executivos. O modelo dos círculos de resiliência é um processo de seis etapas em que algumas das descobertas mais relevantes nas áreas de neurobiologia e terapia comportamental são aplicadas para construir resiliência e restaurar a saúde emocional e a capacidade de execução estratégica dos executivos e líderes nas organizações.
Javier S. Casademunt é diretor para o Brasil e colaborador acadêmico da ESADE Business School e consultor de liderança estratégica. Fabian Salum é professor titular e pesquisador líder de estratégias competitivas com ênfase em modelos de negócio e gestão da inovação na FDC. Simon L. Dolan é atualmente professor sênior e pesquisador da Advantere School of Management e presidente da Global Future of Work Foundation.
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