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Siliconomy: o coração da revolução tecnológica global

Entenda melhor a economia do silício, que cresceu 2,5 vezes mais que a economia tradicional na década passada e representa uma grande oportunidade para o Brasil; aqui ela é explicada por quem a lidera

Colunista Claudia Muchaluat

Claudia Muchaluat

07 de Abril

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Artigo Siliconomy: o coração da revolução tecnológica global

O que acharia de ter sua capacidade de raciocínio dobrada a cada dois anos? E o que acharia de ter um assistente 24 horas por dia, 7 dias por semana, sempre motivado e aplicado para melhorar sua vida e amplificar sua criatividade? Se você disse SIM para essas duas perguntas, então a “siliconomy” tem tudo a ver com você!

Você já se questionou sobre a relação entre os processadores e o cérebro humano? Essa associação ocorre devido ao papel essencial que ambos desempenham na tomada de decisões e na execução de tarefas complexas. Assim como o cérebro coordena as funções do corpo, os processadores atuam como o centro de controle dos dispositivos eletrônicos. É fascinante como esses dois sistemas, embora distintos em sua natureza, compartilham semelhanças surpreendentes.

Da mesma forma que o cérebro vem desempenhando um papel fundamental na evolução humana, o processador também. Muitas vezes chamado de chip, o primeiro foi trazido ao mundo em 1971, e tornou a computação mais acessível e compacta, revolucionando o mercado. Uma década antes, entretanto, Gordon Moore, um dos fundadores da Intel, já antevia o potencial imenso do que iríamos viver através da icônica Lei de Moore.

Nosso fundador sugeriu que a capacidade de processamento de um chip dobraria a cada dois anos. Isso significa que os computadores se tornariam cada vez mais poderosos e capazes de realizar tarefas complexas em menos tempo. Isso criou uma era de crescimento exponencial no poder computacional que vem viabilizando a inovação e a transformação digital. E pensar que tudo isso pode ter começado com algo tão simples que pode inclusive ser extraído a partir de um grão de areia: o silício!

O silício é um elemento encontrado abundantemente na crosta terrestre, sendo o segundo mais comum depois do oxigênio. Ele está presente todos os dias da nossa vida e em vários momentos da nossa vida! Ele representa uma oportunidade direta de mais de US$ 574 bilhões e, indiretamente, movimenta outros US$8 trilhões na economia global de tecnologia. Esse imenso mercado é chamado de economia do silício, ou do inglês, "siliconomy".

15% do PIB global

Atualmente, essa economia digital contribui com mais de 15% do crescimento do PIB global que, somente na década passada, cresceu 2,5 vezes em comparação com a economia tradicional. Com o potencial da siliconomy, veremos um aumento da capacidade de produção dos processadores dobrando globalmente, e mais, para 2030, a previsão é de que a siliconomy contribua com 25% do crescimento do PIB.

A siliconomy também impulsiona outros mercados, que a retroalimentam. Um exemplo dessa sinergia é a indústria automotiva. Para se fazer um único carro são necessários mais de 3 mil semicondutores. Esse número pode duplicar graças à evolução dos carros autônomos e elétricos.

Outro mercado que também pode ser citado nessa relação benéfica mútua, é o de conectividade. As organizações estão vivenciando um aumento de quatro vezes no número de dispositivos que gerenciam nos últimos cinco anos. Nos próximos cinco anos, a expectativa é que o número de dispositivos mais do que triplique novamente, o que representa um crescimento superior a 15 vezes num período de dez anos.

Todos e cada um nós somos diretamente impactados por essa transformação que agora está sendo potencializada pelo crescimento meteórico da inteligência artificial (IA). Esta vem moldando indústrias, estimulando a inovação e redefinindo a maneira como vivemos e trabalhamos. Um dado interessante: espera-se que cerca de 70% do crescimento total da indústria de semicondutores venha também do protagonismo dessa tecnologia.

Ferramenta para ampliar a criatividade

Estamos no epicentro de uma revolução que está moldando não apenas o presente, mas também o futuro da sociedade e que só cresce em um ritmo cada vez mais acelerado. Mas, como foi bem colocado pela Fei Fei Li, uma cientista chinesa e professora na Stanford University, “a IA não é um substituto da inteligência humana, é uma ferramenta para ampliar a criatividade e o engenho humanos”.

É uma jornada com tantas possibilidades... Pense na resolução dos grandes desafios globais. Na ambidestria dentro das empresas por meio da otimização do “core”. Na busca de inovação para o “growth”. No cotidiano de cada um de nós.

Com a crescente presença da IA em nossa vida cotidiana, é crucial considerarmos seus impactos e abordá-la de maneira ética e responsável. Investir em educação e conscientização é essencial. Sustentabilidade é chave para os próximos episódios da humanidade. Isso não é PARTE do nosso trabalho, é COMO trabalhamos.

Assim, é fundamental pensarmos em como atender a essa demanda de maneira sustentável. A fabricação desses componentes envolve múltiplos países e recursos naturais, ressaltando a importância do compromisso com sustentabilidade para garantir um futuro responsável e mais democrático para todos.

A siliconomy potencializada pela IA vai além de números e tecnologia, e impacta diretamente a vida das pessoas. Desde a facilitação de comunicações globais até o avanço da medicina e o desenvolvimento de soluções sustentáveis, o silício está transformando positivamente a maneira como vivemos.

Portanto, ao discutirmos sobre o futuro, devemos sempre nos lembrar do potencial da siliconomy associada à IA de modo a enriquecer a vida de todos nós.

“Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica.” (Arthur Clarke)

Às vezes, a gente pode pensar que a inteligência artificial vai dominar o mundo ou que ela não é para nós. Mas se você, assim como eu, viu o surgimento do internet e pensou “nossa, será que um dia eu vou precisar disso aí” ou “que medo, não confio nisso não” e hoje acreditamos piamente que não podemos viver sem essa complexa e invisível rede de dados que podemos acessar com um simples toque, você entendeu o poder da economia do silício.

À medida que evoluem as tecnologias, democratizamos o acesso. Tudo fica mais barato, mais acessível, mais popular. Quanto mais nós investirmos hoje, mais cedo todos teremos nossas vidas enriquecidas, seja pela IA, seja pelo silício.

A Lei de Moore foi e é uma grande impulsionadora da indústria de semicondutores. Hoje, seis décadas e alguns bilhões de transistores depois, esse mercado está promovendo uma verdadeira revolução na forma como enxergamos e vivenciamos nosso mundo. Como engenheira eletrônica, sou uma grande fã da icônica Lei de Moore e, principalmente, do growth mindset que ela traz como forma de nos provocarmos positivamente e refletirmos sobre como entregar mais com menos, de maneira contínua!

Para o Brasil, a era da IA e a siliconomy representam um momento único, graças ao talento de nossa população, ao potencial de mercado e à vocação para a sustentabilidade que nosso País possui. E você? Está preparado para o potencial transformador dessa tecnologia e o que ela tem a oferecer?

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Colunista Claudia Muchaluat

Claudia Muchaluat

É presidente da Intel Brasil, com mais de 25 anos de experiência no setor de tecnologia, tendo atuado anteriormente como partner da IBM Consulting – foi a primeira chief digital officer (CDO) da IBM América Latina, liderando a transformação digital da empresa. Muchaluat é formada em engenharia eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com mestrado em administração de empresas pela PUC-RJ, MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral (FDC) Em 2023 foi nomeada uma das 100 mulheres mais inovadoras do Brasil pela “Época Negócios”.

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