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Promova uma cultura organizacional de conversas abertas sobre temas sensíveis

Abrir espaço para que colaboradores discutam questões altamente complexas como movimentos sociais, discussões religiosas ou de caráter político, requer uma abordagem cuidadosa e inclusiva. É preciso ser levado a sério, com muita estratégia e provendo os recursos necessários para uma ação efetiva

Daniele Botaro
12 de julho de 2024
Promova uma cultura organizacional de conversas abertas sobre temas sensíveis
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As pessoas não deixam na catraca quem elas são, quando chegam todo dia para trabalhar. Elas trazem com elas suas crenças, conhecimentos, opiniões, visões de mundo e suas posições contrárias ou a favor de diversas causas. Resumindo, elas trazem para dentro do ambiente de trabalho a conversa sobre o que está acontecendo no mundo e, nesse contexto, abordar internamente com seu time questões sociais e políticas sensíveis tornou-se inevitável para as organizações. Fingir que a conversa não está acontecendo nos corredores, pode ser extremamente arriscado.

À medida que as empresas navegam por essas águas inexploradas, elas estão criando um ambiente onde a diversidade e a inclusão não são apenas palavras da moda, mas princípios fundamentais que orientam suas ações. As organizações estão percebendo cada vez mais que seu compromisso com diversidade e inclusão vai além de suas práticas internas de gestão, pois envolve também acolher e dar o devido direcionamento aos questionamentos trazidos pelas e pelos colaboradores. O ativismo das pessoas sobre questões sociais e políticas dentro de seus locais de trabalho, está em ascensão e as empresas precisam criar processos e políticas que direcionem a discussão de maneira ética e dentro dos limites corporativos.

Uma das maneiras pelas quais as empresas refletem seu compromisso com a diversidade e inclusão é por meio da transparência e responsabilidade. Fomentar diálogos abertos e abrir espaço para dar voz aos seus funcionários certamente é um canal propositivo para uma mudança positiva. Empresas que respeitam e apoiam esse ativismo demonstram seu compromisso em fornecer um espaço seguro para perspectivas diversas. Ao fazer isso, elas fomentam um ambiente que incentiva o diálogo e a liberdade para expressar ideias sem o medo de retaliação.

Além das práticas internas, as empresas estão usando sua influência para advogar por mudanças. Elas estão participando de debates de políticas públicas e apoiando legislação que promove questões sociais e políticas relacionadas à diversidade e inclusão. Ao fazer isso, elas aproveitam seu poder econômico para moldar positivamente o cenário social. Por exemplo, muitas empresas endossaram e defenderam leis destinadas a combater a discriminação e proteger comunidades marginalizadas, como os movimentos Black Lives Matter e a causa da comunidade LGBTI+.

Abrir espaço para que colaboradores discutam questões altamente sensíveis e complexas como movimentos sociais ou discussões religiosas ou de caráter político, requer uma abordagem cuidadosa e inclusiva. Aqui estão algumas ações que as empresas podem adotar:

1. Crie um espaço apropriado e seguro: não são conversas para todos os fóruns e há a necessidade de uma mediação especializada. Uma pessoa facilitadora neutra pode ajudar a orientar a conversa, garantindo que ela permaneça respeitosa e construtiva. Convide especialistas, acadêmicos(as) ou organizações com experiência em resolução de conflitos ou no conhecimento sobre o tema em questão para fornecer insights e facilitar discussões.2. Ofereça recursos educacionais: forneça recursos e informações sobre o contexto político, cultural ou eventualmente religioso, sua história e implicações. Incentive colaboradores a se educarem sobre o tema para fomentar discussões informadas e não um duelo de opiniões.3. Enfatize a escuta ativa: incentive a escuta ativa e a empatia entre os participantes. Isso inclui respeitar diferentes pontos de vista e evitar interrupções ou desconsideração das perspectivas das outras pessoas. Incentive colaboradores a focar em soluções, entendimento e empatia, em vez de se enredar nas complexidades do assunto em questão. Estabeleça diretrizes para conversas respeitosas e construtivas.4. Grupos de recursos para funcionários (ERGs): se a sua empresa possui ERGs ou grupos de diversidade e inclusão, considere envolvê-los na organização das discussões. Esses grupos frequentemente têm a experiência e a paixão necessárias para conduzir essas conversas de maneira eficaz. Algumas empresas estabelecem ERGs focados em religião ou espiritualidade, por exemplo. Esses grupos podem servir como plataforma para a discussão respeitosa sobre crenças, celebração de feriados religiosos e outras ações agregadoras.5. Siga com ações: certifique-se de que essas conversas levem a ações ou iniciativas que reflitam o compromisso de sua empresa com diversidade e inclusão. Isso pode incluir o apoio a causas relevantes, a promoção da conscientização cultural ou parcerias com organizações que trabalham para dar apoio e criar oportunidades de maneira justa para todos os grupos.6. Monitore e adapte: monitore continuamente o impacto dessas discussões e adapte sua abordagem conforme necessário. Ouça o feedback das e dos colaboradores e faça ajustes para garantir que o espaço permaneça respeitoso e eficaz.

Abordar discussões sobre questões sociais sensíveis requer muito cuidado e sensibilidade. Ao fornecer um ambiente seguro e inclusivo para o diálogo, as empresas podem contribuir para um maior entendimento, empatia e, potencialmente, até mesmo trabalhar em direção a soluções construtivas. Porém, isso precisa ser levado a sério, com muita estratégia e provendo os recursos necessários para uma ação efetivamente alinhada com os valores e objetivos de negócio da empresa.

Daniele Botaro
Head de diversidade e inclusão da Oracle para a América Latina, ela também é embaixadora da Gaia+. Foi empreendedora, e sócia-diretora, da Impulso Beta, consultoria especializada em programas de diversidade.

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