A observabilidade full-stack é crucial na garantia de segurança, agilidade, escalabilidade e satisfação do cliente
Muito se falou até agora sobre o abalo da pandemia na economia brasileira. O número de empresas fechadas em 2021, por exemplo, foi de 1.410.870 – aumento de 34,6% quando comparado ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Economia. De acordo com o último estudo Sobrevivência das Empresas, realizado pelo Sebrae, 41% das organizações com até cinco anos de existência – e que fecharam as portas – atribuem o fracasso aos efeitos da pandemia.
As firmas que sobreviveram e até mesmo prosperaram em tão crítico cenário demonstraram alto nível de resiliência organizacional. Elas exibiram destreza nos negócios, sobretudo ao lançar mão de soluções de observabilidade.
O conceito surgiu a partir do boom do comércio eletrônico. O modelo está presente em 70% dos pequenos negócios pesquisados pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no início de 2021, seja pelo site próprio ou por marketplaces. A adesão foi tamanha que, conforme indicam dados da Neotrust, no ano passado, o e-commerce brasileiro atingiu recorde de faturamento: R$ 161 bilhões. O montante é 27% superior ao faturado em 2020.
A questão é que esse processo de digitalização envolve a migração de servidores para nuvens públicas e privadas, justamente para agregar agilidade e escala. O movimento, no entanto, pode revelar fragilidades. É nesse cenário, em busca de uma performance bem estruturada, amigável e segura, que os negócios precisam dispor da observabilidade full-stack. Ou seja, fazer a coleta e análise de dados para entender por inteiro o estado de uma aplicação. A observabilidade full-stack oferece uma macrovisão de aspectos técnicos e executivos. Assim, é possível prevenir falhas, vazamentos e fraudes em sistemas, além de agir rapidamente diante de ameaças, já que o fator permite rastrear e eliminar problemas.
Outro resultado positivo é o aperfeiçoamento da capacidade de adaptação e entrega de valor em qualquer circunstância e a todo o tempo, bem como o monitoramento do comportamento dos usuários. Tudo isso é mais do que bem-vindo em um contexto em que 53% dos brasileiros mudam de marca após um atendimento ruim, como verificou um relatório feito pela Hibou em 2021. Hoje, ganha quem entrega a melhor experiência – por meio de uma navegação rápida, por exemplo. “Sem uma boa experiência, a empresa perde clientes e apresenta queda de conversão”, pontuou João Fabio de Valentin, head da AppDynamics na América Latina, empresa do grupo Cisco, durante o fórum ao vivo “Resiliência em ambientes digitais”, promovido pela MIT Sloan Review Brasil em coprodução com a Yssy & CO., no dia 14 de junho.
A maioria dos C-levels brasileiros reconhece as vantagens do user experience. Foi o que indicou a mais recente edição da pesquisa Jornada da Observabilidade, feita pela AppDynamics. Enquanto no mundo 37% das organizações consideram o tema nas estratégias em execução para os próximos 18 meses, no Brasil o dado é de 52%. “As empresas perceberam que ser proativo e evitar problemas que impactam o usuário final e o market share evita a perda de dinheiro”, explicou Alex Camargo, superintendente de cloud & digital application da Yssy & Co.
Muito mais do que um meio de garantir uma experiência positiva ao consumidor, a observabilidade full-stack é essencial na prevenção e rápida reação a riscos cibernéticos. Aliás, esta deve ser uma das cinco principais preocupações das empresas, como recomenda um estudo da Deloitte feito em 2019 em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) – junto aos riscos estratégicos, operacionais, financeiros e regulatórios.
Em 2021, os prejuízos causados por ataques cibernéticos em todo o mundo chegaram a US$ 6 trilhões, segundo a consultoria alemã Roland Berger. O Brasil é o quarto principal alvo dos criminosos virtuais, sofrendo mais de 20% dos 41 bilhões dos hackeamentos na América Latina, segundo o Cyber Tech Report, divulgado pela Cisco em 2021.
Se a intenção é prevenir riscos, a observabilidade deve ser considerada desde a concepção dos projetos das aplicações. “Nossa sugestão é começar pelas aplicações que têm maior impacto no negócio, monitorando a experiência do cliente, entendendo em quais camadas pode ter gargalos e atuando nelas”, indica Valentin, da AppDynamics.
A Yssy & Co inclui essa perspectiva em um framework baseado em uma Pirâmide de Maslow. “A base inclui a observabilidade na esteira de desenvolvimento, que é seguida pela instrumentação, métricas que fazem sentido analisar, adoção de onboarding (para a empresa entender o valor da visibilidade), tendo na ponta a experiência dos clientes”, segundo Camargo.
O ideal é que a característica esteja presente de modo full-stack. Isso significa que o monitoramento se dá em tempo real e sobre todas as camadas de desempenho: business, user experience, aplicação, infraestrutura, network e segurança. Assim, a ferramenta oferece uma visibilidade detalhada por meio de telemetria de alta precisão (métricas, eventos, logs e rastreamentos). Isso ajuda executivos de negócio e equipes de TI a falarem a mesma linguagem. E, assim, tomarem melhores decisões.”