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Um modelo de negócio para lidar com crises

Combinar produtos que atendam às necessidades mais essenciais dos clientes com a intensidade de contatos sociais que eles requerem pode dar vantagem às empresas na instabilidade

Marcelo Caldeira Pedroso
29 de julho de 2024
Um modelo de negócio para lidar com crises
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“Em tempos de crise, tanto pessoas como organizações colocam ênfase no que é essencial, nas necessidades que precisam ser satisfeitas imediatamente. Essa ação natural remete a uma questão de sobrevivência, seja em face da preservação de recursos e reservas disponíveis no período difícil, seja para lidar com as incertezas futuras. As palavras do escritor chinês Lin Yutang refletem bem esse pensamento: “A sabedoria da vida consiste em eliminar o que não é essencial”. No entanto, uma vez que o essencial esteja contemplado, pessoas e organizações logo vão satisfazer outra necessidade potente: a dos contatos sociais que proporcionam bem-estar – mesmo que a crise não tenha acabado. Então, perguntamos: (1) os conceitos da essencialidade e dos contatos sociais são levados em conta na sua organização? (2) Você tem estratégias para combinar os dois de modo a ter mais êxito nas vendas e com o público interno? Neste artigo, o leitor é convidado a responder a tais questões e a agir a partir das respostas.

A essencialidade

O que é essencial? Identificamos facilmente o que não é. O consumo das atividades menos essenciais sempre é o primeiro a ser reduzido ou postergado durante crises. Exemplos óbvios incluem os setores de bens de consumo duráveis de alto valor, como o imobiliário, o automobilístico e o aeronáutico, e os serviços de hotelaria e turismo, que sofreram queda acentuada na demanda nos períodos mais críticos da Covid-19. (É claro que, além da não essencialidade, alguns desses setores também foram afetados pelas restrições de mobilidade decorrentes da pandemia.)Já o essencial, começando pelas pessoas, é o conjunto de atividades consideradas imprescindíveis para a sobrevivência delas. Para delimitar as atividades essenciais, peço a ajuda de Abraham Maslow e sua teoria da hierarquia das necessidades humanas, usualmente representada na forma de uma pirâmide. As necessidades básicas, como as fisiológicas e as de segurança, que aparecem na base da figura, correspondem às atividades essenciais. As necessidades psicológicas e/ou sociais da parte intermediária, e as de realização pessoal, no topo, não entram nessa classificação. (Cabe aqui ressaltar que, a despeito de críticas sobre o rigor científico da teoria apresentada por Maslow, ao menos uma extensiva pesquisa quantitativa apoiou sua teoria. Mais especificamente, essa pesquisa evidenciou que as pessoas tendem a atingir necessidades básicas e de segurança antes de outras necessidades.)

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Marcelo Caldeira Pedroso
É professor livre-docente da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

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