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Fjord Trends #7: Design centrado na vida

As organizações estão trabalhando para definir novas formas de crescimento. As pessoas têm deixado de se definir apenas pelos itens que compram ou pelo trabalho que fazem. A questão é como isso acontece e como pode ser contemplado pelos negócios

Aaron Hurst
25 de junho de 2024
Fjord Trends #7: Design centrado na vida
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Como parte do mesmo cenário, as tendências revelam que o foco de desejo e viabilidade das pessoas vem passando do “eu” para o “nós”. 

À medida que isso se acelera, o design centrado no usuário parecerá cada vez mais egoísta e a ênfase do design voltado para o indivíduos mudará a favor do design voltado para a vida como um todo.

Até muito recentemente, a atratividade de um produto ou serviço residia nas vantagens que um usuário ou cliente podia obter para si. 

Cada vez mais, porém, o que importa são as vantagens obtidas pelo cliente e por sua causa coletiva dentro de um espectro político – seja viver de forma sustentável ou o lado que se escolhe apoiar num conflito comercial. 

A Beautycounter, empresa americana de cuidados com a pele e cosméticos, possui uma lista (The never list) de ingredientes tóxicos que ela promete nunca usar em seus produtos; é um exemplo claro de como atratividade está sendo redefinida – assim como o compromisso do City First Bank of DC de priorizar 80% de seus empréstimos para comunidades carentes.

A gigante francesa de alimentos Danone fundou a Danone Manifesto Ventures para formar parceria com uma comunidade de empreendedores disruptivos, focados em criar um futuro saudável e sustentável na área da alimentação. 

No que se refere à carne, antes as pessoas desfrutariam o luxo de um hambúrguer cuja carne foi curada por 28 dias e reconheceriam o tempo e o esforço necessários para oferecer um produto de tamanha qualidade. 

Hoje, o prazer de saborear um hambúrguer da Impossible Burger deriva de saber que estamos comendo algo que prejudica menos o planeta. 

Essa é uma redefinição de atratividade que se tornou possível por conta de uma nova matéria prima e de novas tecnologias de alimentos, mas também de um modelo de negócios ao estilo do Vale do Silício, que inclui financiamento de capital de risco, experimentação rápida, inovação e transparência com o mercado.

Um design que una os consumidores numa causa coletiva é outro exemplo de design focado na vida. 

A intersecção perfeita entre atratividade e viabilidade é um produto ou serviço sustentável e/ou atrativo que também faça sentido comercialmente. 

Foi o que conseguiu fazer a icônica marca Dr. Martens, que aumentou seu lucro em 70% quando introduziu no mercado uma linha de calçados veganos feitos de material sintético. 

A firma de arquitetura Snøhetta, por sua vez, desenvolveu o Powerhouse, um edifício supereficiente que gera energia solar tanto para uso próprio como para a comunidade em seu entorno.

O que vem a seguir?

As empresas lutam para acompanhar as rápidas mudanças nos valores dos clientes e, à medida que continuam evoluindo, a pressão para que respondam de maneira eficaz só aumenta. 

Aquelas que produzem bens físicos terão o desafio de mudar redes de fornecimento e processos de fabricação, muitas vezes complexos, a tempo de atender a demanda dos clientes por produtos e serviços que causem impacto positivo. 

Aquelas que trabalham na área digital deverão substituir seus modelos de negócios de engajamento constante e self-service por alternativas que restabeleçam as conexões interpessoais, a atenção e o tempo que as pessoas desejam.

Há uma oportunidade na união entre o redesign físico e digital. No Reino Unido, a cozinha do futuro da Ikea fez uma parceria com o sistema de inteligência artificial Winnow. 

Esse sistema automatiza a captura de resíduos de alimentos e fornece insights para ajudar as equipes de cozinha a reduzir o desperdício e aumentar a eficiência, economizando assim 50% dos alimentos que seriam desperdiçados.

“O design é uma ferramenta de conexão entre as pessoas, a economia e o meio ambiente. Da união desses elementos pode surgir uma compreensão e um respeito novos por novas ideias e produtos com mais integridade”, diz a dra. Carmen Hijosa, criadora do tecido sustentável Piñatex e CEO da empresa que o produz, Ananas Anam.

Durante anos, o design focou quase que exclusivamente os usuários, com frequência separando as pessoas dos ecossistemas. Mas, agora, os designers precisam começar a se dirigir às pessoas como parte de um ecossistema, e não como o centro de tudo.

Redefina atratividade e viabilidade no seu trabalho. Como sua oferta pode se tornar regenerativa, incluindo itens deletados que desaparecem de vista? Como você pode usar o design como ferramenta central para alinhar-se à mudança e criar um propósito de inovação?

Fale

Afirme que você considera que os ecossistemas político, social e ambiental têm o mesmo valor – atue para causar um efeito positivo em todas as áreas, em vez de só jogar palavras ao vento. Demonstre que um design focado na vida como um todo é o novo normal, não só um projeto.

Faça

Atualize seu conjunto de habilidades de design com pensamentos sistêmicos. Colabore com profissionais de outras áreas, como cientistas, tecnólogos e futuristas, e projete sistemas que incentivem as pessoas a reduzir o uso de recursos.

Aaron Hurst
Aaron Hurst é CEO e cofundador da Imperative e autor de *The Purpose Economy* (Elevate, 2014).

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