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Aprendendo a liderar numa empresa tecnológica

Os profissionais, e as mulheres especialmente, podem se desenvolver como líderes começando pela transição de uma área onde os processos são bem estabelecidos para uma em que se lide diariamente com inovação, sugere Mônica Dalosto

Mônica Dalosto
11 de julho de 2024
Aprendendo a liderar numa empresa tecnológica
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A liderança é algo que se constrói com o tempo e, mais do que tudo, com autoconfiança. Nem todos nascemos com a capacidade de compreendermos nossos potenciais ou nos percebemos aptos a coordenar times. Liderar num contexto de tecnologia, algo que vai ser cada vez mais exigido neste mundo durante e pós-pandemia, faz com que esse desafio se torne ainda maior. Afinal, é uma área que demanda a eterna busca por melhorias a cada momento, onde as novidades chegam a cada minuto. Essa mudança constante exige dos cargos de liderança habilidades primordiais: destreza (conhecimento), determinação e sensibilidade para observar e fortalecer o melhor de cada figura em suas equipes.

Sou formada em administração de empresas, com experiência na área financeira e hoje sou chief risk officer e uma das sócias do Asaas, uma das startups mais inovadoras da América Latina. Meu aprendizado até a liderança começou há seis anos quando mudei de uma área onde os processos são bem estabelecidos para outra em que lidava diariamente com inovação. Posso dizer que esse desafio me despertou a autoconfiança para ser firme nas minhas decisões, para perceber meus potenciais em criar algo completamente novo, e é algo impacta até hoje no desenvolvimento do meu time.

Sim, o setor de tecnologia é formado por homens. Isso é inquestionável. Então, como mulheres podem assumir mais posições de liderança nele? Primeiro, preciso dizer que nunca senti que minhas ideias eram barradas ou diminuídas pelo fato de eu ser mulher. O real desafio foi fazer crescer em mim mesma a capacidade de acreditar na qualidade do meu trabalho. Havia poucas mulheres ao meu redor — e em outras empresas — para me espelhar, e isso dificulta essa crença. Além de disso, como já disse, eu  precisava aprender muito, já que vinha de outra área.

Essa diferenças (do menor número de mulheres, da necessidade de adquirir conhecimentos novos) me fizeram estudar, buscar conhecer melhor área e a perceber meus potenciais. Minha carreira na tecnologia começou em Joinville (SC), na Informant, uma empresa especializada no desenvolvimento de softwares. Lá dentro, meu papel era trabalhar no setor financeiro. Apesar de atuar na área onde já estava acostumada e que condizia com a minha formação, entretanto, o fato de estar em uma empresa de tecnologia mudou a minha visão a respeito do mercado e me obrigou a pensar fora da caixa, a enfrentar desafios que antes não imaginava ter que superar.

Minha perspectiva sobre mercado de trabalho se ampliou naquele ambiente, mesmo sendo uma das poucas mulheres a fazer parte da equipe. Foi ali que comecei a desenvolver a autoconfiança necessária para que eu não tivesse medo de aproveitar uma grande oportunidade de crescer. Foi assim que aceitei o convite para participar de um projeto desafiador, uma ideia de colegas que trabalhavam comigo na Informant. Esse novo negócio era o Asaas.

 A fintech nasceu em 2013, uma época em que as startups voltadas a finanças começavam a surgir no Brasil. Começamos na tentativa e erro, sempre de olho em atender as demandas dos nosso público-alvo: empreendedores. Até chegar onde estamos, atendendo cerca de 27 mil clientes pelo Brasil, o negócio pivotou algumas vezes, mudamos nosso produto para uma conta digital, desenvolvemos novas funcionalidades, e essa experiência fez toda a diferença. Lá, também comecei na minha área tradicional de atuação, o financeiro, mas o crescimento e o caráter visionário que marcam a trajetória do Asaas me fizeram migrar. Somado a isso, contei com o respeito dos outros sócios que enxergaram minhas competências, e viram nos resultados o potencial para ajudar a criar um novo setor na startup do zero.

Contei com o envolvimento do demais times para implementar algo quase inédito para a época: uma área com práticas para prevenção de riscos. Naquele tempo, poucas empresas no mundo tinham um setor voltado especificamente à prevenção de fraudes, mas, como uma empresa financeira, entendemos que era essencial e um diferencial para o negócio. Comecei esse setor observando algumas práticas de outras empresas e implementando aos poucos no Asaas. Também criamos novas práticas que hoje servem de exemplo em segurança.

De um setor de uma mulher só, hoje coordeno 13 pessoas. Ainda assim, por trabalhar em um startup, sempre sou desafiada a pensar além. Não paro nunca de buscar novos conhecimentos para melhorar.

Para as mulheres que querem assumir a liderança, aconselho a acreditar em si mesmas, por mais difícil que pareça. Não deixem de estudar e busquem outros modelos de mulheres para se espelhar. Hoje, felizmente, temos cases de grandes empresas comandadas por mulheres e isso é uma grande felicidade.

Para todos os líderes, deixo a dica de terem a sensibilidade de identificar os pontos fortes de cada pessoa da equipe e tirar o melhor delas para que se desenvolvam. Você certamente estará motivando alguém a ter autoconfiança para inovar.”

Mônica Dalosto
Mônica Dalosto é sócia e chief risk officer do Asaas Gestão Financeira, startup sediada em Joinville (SC).

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