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Como vemos o futuro do trabalho?

Lee Ullmann
29 de julho de 2024
Como vemos o futuro do trabalho?
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Como vemos o futuro do trabalho? Como as tecnologias emergentes, tais como a Inteligência artificial (AI) e a automação, estão criando oportunidades para novos tipos de empregos e demanda por novos tipos de habilidades? Em que os líderes da indústria devem investir para fomentar a competitividade, aumentar a produtividade e criar um local de trabalho mais inclusivo? E o que pode fazer o poder público para garantir que a nova geração de trabalhadores tenha a educação e qualificação que necessita para ter sucesso?

Essas são questões prioritárias para a nossa economia global, e muito urgentes, aqui no Brasil. Após uma severa crise econômica e recessão, a economia mais industrializada da América Latina está enfrentando uma recuperação inconstante e lenta. Mais de 10% da força de trabalho do país está desempregada, e um quarto da população desempregada está na faixa etária de 18 a 24 anos. Enquanto isso, cerca de 13 milhões de brasileiros estão trabalhando menos do que poderiam ou gostariam.

Lidar com esses desafios e criar soluções demandam novas formas de pensar e inovar em conjunto. Com esse objetivo, o MIT criou uma força-tarefa em todo o instituto para estudar a evolução dos empregos em uma era de avanços tecnológicos. O objetivo desse grupo, que envolve diversos projetos de pesquisa interdisciplinares, é ajudar a guiar o desenvolvimento e implementação de políticas para oferecer oportunidades abrangentes e prosperidade para a sociedade como um todo.

Recentemente, o MIT também iniciou uma parceria com o PageGroup, uma empresa líder mundial em serviços de recrutamento, para sediar uma conferência focada no Futuro do Trabalho no Brasil em São Paulo. O evento traz docentes do MIT e MIT-Sloan, executivos, oficiais do governo, acadêmicos e pesquisadores para discutir uma série de questões pertinentes às mudanças da economia e força de trabalho no Brasil. Ao combinar pessoas com diferentes perspectivas e áreas de atuação, esperamos iniciar um diálogo sobre como as novas tecnologias digitais estão moldando os locais de trabalho brasileiros de amanhã – e como podemos caminhar em direção a um futuro mais lucrativo para todos. 

É evidente que essa força-tarefa e a conferência não são uma panaceia para todos os problemas do país. Não podemos esperar superar todos os desafios do Brasil em apenas um dia. A economia brasileira é vasta, e os problemas enfrentados têm raízes profundas. Apaziguar o clima de incerteza e ansiedade na economia local é uma tarefa dantesca.

Mantermo-nos complacentes, porém, não é a resposta. Na alvorada da Era Digital, o sucesso da economia brasileira – e de toda a economia global – requer que reconheçamos e antecipemos o papel que o trabalho humano desempenhará em um futuro em que as máquinas realizarão muitas de nossas tarefas cognitivas e físicas. Devemos aproveitar a oportunidade de moldar o futuro – e fazer dele o melhor possível. 

Sobre o evento

Nossa seleção de palestrantes é admirável. Melissa Nobles, Reitora Kenan Sahin da Escola de Humanas, Artes e Ciências Sociais e Professora de Ciência Política no MIT, debaterá o futuro do trabalho no contexto da Educação, Ética e Inteligência Artificial. Gustavo Pierini, ex-aluno do MIT, abordará a história do mercado de trabalho.

Jason Jackson, Professor Assistente de Política Econômica e Planejamento Urbano no MIT, explorará como o Uber e outras plataformas digitais estão mudando os mercados com tarefas sob demanda e o transporte urbano. A narrativa dominante sobre o Uber e serviços similares sugere que corporações internacionais, detentoras de sofisticados algoritmos de machine learning e big data, redefinirão o transporte urbano radicalmente em sua própria imagem. Mas a análise de Jackson coloca essa ideia em cheque ao mostrar que os efeitos da “uberização” variam muito de acordo com o contexto social, político e econômico. 

A conferência também terá um momento dedicado a explorar os resultados de uma pesquisa de cinco anos intitulada Inovação no Brasil: Progredindo com o Desenvolvimento no Século 21. A partir do começo dos anos 2000, o governo brasileiro definiu várias políticas e programas para estimular a inovação. Eles ampliaram o investimento em ciência e tecnologia, encorajaram colaborações mais significativas entre indústrias e universidades, e promoveram a criação de novas instituições cujos objetivos principais eram facilitar a produção de pesquisas privadas e investimentos em desenvolvimento. Apesar de terem tido progresso significativo, o país continuou a enfrentar muitos desafios, incluindo taxação excessiva e carência de uma força de trabalho qualificada. Em sua apresentação, Ezequiel Zylberberg, Pesquisador Associado no Centro de Desempenho Industrial do MIT e um dos principais investigadores neste projeto, defende um plano direto e com foco no futuro para explorar as oportunidades emergentes de desenvolvimento para o Brasil. 

Gary Gensler, professor da Prática de Economia Global e Gestão no MIT-Sloan, falará sobre a Inteligência Artificial e o futuro do trabalho em relação às Fintechs. Roberto Rigobon, Professor de Gestão na Society of Sloan Fellows e professor de Economia Aplicada no MIT Sloan, debaterá as dificuldades em calcular o valor que novas tecnologias digitais contribuem no bem-estar econômico. Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central e ex-aluno do MIT, encerrará o evento. 

Esperamos que esse evento estimule novas discussões e aprofunde o relacionamento do MIT com o Brasil. Juntos, podemos ajudar a moldar e criar um futuro em que humanos prosperam e complementam as tecnologias emergentes em um mundo melhor e mais próspero.

A conferência Futuro do Trabalho no Brasil acontecerá em 29 de agosto, em São Paulo. Para se inscrever, clique aqui.”

Lee Ullmann
Diretor sênior no escritório do MIT Sloan da América Latina (MSLAO) em Santiago (Chile)

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