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EVOLUÇÃO EMPRESARIAL 10 min de leitura

Competição em rede: por que o próximo peixe grande será um ecossistema?

A dinâmica do mercado mudou: o diferencial, agora, é a capacidade de criar, integrar e fortalecer redes de valor

Daniel Martin Ely
18 de março de 2025
Competição em rede: por que o próximo peixe grande será um ecossistema?
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Estamos entrando em uma nova era empresarial, em que um novo peixe grande emerge, validando o que Ram Charan e Geri Willigan afirmam em Repensando a Vantagem Competitiva: “A concorrência não é mais entre empresas individuais, mas entre ecossistemas”.

Ela se dá, assim, não apenas pela força individual, mas pela sincronia de um ecossistema bem-estruturado. Ele é formado por uma rede conectada de empresas menores, médias e grandes, que, juntas, criam um organismo mais poderoso, flexível e adaptável do que qualquer empresa isolada

Essa nova dinâmica redefine o que significa ser dominante no mercado. Como destacam os mesmos autores, “o diferencial entre as gigantes digitais é que seus ecossistemas não são simplesmente lineares – ou seja, alinhados ao supply chain de uma empresa –, eles são exponenciais e multidimensionais. Esses novos ecossistemas de nova geração abrangem uma vasta gama de parceiros em múltiplos setores”.

Esse conceito reforça que os ecossistemas modernos vão muito além da antiga visão de “cadeia de suprimentos” e se tornam redes dinâmicas de colaboração e inovação.

Quatro momentos da evolução empresarial

A jornada do mercado corporativo pode ser dividida em quatro grandes momentos de evolução.

  1. A era das gigantes – Empresas tradicionais e de grande porte dominaram os mercados por meio de escala, infraestrutura e monopólios regionais. A competição era baseada em quem tinha mais recursos e poder de distribuição.
  2. A ascensão das startups – O avanço da tecnologia e a digitalização trouxeram empresas ágeis e inovadoras, capazes de desafiar gigantes com novos modelos de negócios e abordagens disruptivas.
  3. A reação dos incumbentes – As grandes empresas perceberam a necessidade de transformação e começaram a adotar metodologias ágeis, conectar-se a startups, realizar aquisições estratégicas e criar seus próprios hubs de inovação. 
  4. O novo peixe grande – O cenário atual exige um novo tipo de liderança empresarial: aquele que não se define apenas pelo tamanho, mas pela capacidade de orquestrar uma rede de alianças e parcerias. Startups, gigantes tradicionais, incumbentes, ecossistemas de inovação e empresas de diferentes portes agora precisam operar juntos para formar uma estrutura sincronizada e poderosa para criar valor para o cliente

A nova vantagem competitiva: o ecossistema

No Brasil, essa lógica é uma grande oportunidade para pequenas e médias empresas, que representam a maior parte do mercado. Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), mais de 99% dos CNPJs ativos no país pertencem a micro e pequenas empresas, com mais de 15,7 milhões de microempreendedores individuais (MEIs).

Ao se aliarem a ecossistemas empresariais e tecnológicos, essas empresas podem ampliar seu mercado de atuação, aumentar a capacidade de inovação e se manter competitivas, mesmo com recursos mais limitados.

No passado, a vantagem competitiva estava na empresa; hoje, ela está no ecossistema. Uma empresa não compete isoladamente – seu ecossistema é quem realmente entra no jogo. O verdadeiro diferencial estratégico está na capacidade de criar, integrar e fortalecer redes de valor.

Esse conceito foi explorado por James F. Moore no artigo Predadores e Presas: A Nova Dinâmica da Concorrência, em que ele afirma que as empresas não competem mais como entidades isoladas, mas sim como parte de ecossistemas interconectados. Essa visão reforça a tese de que organizações que não se adaptam a esse modelo correm um alto risco de extinção.

A nova silhueta do peixe grande na era digital

A imagem que ilustra este artigo é representativa dessa nova dinâmica: o peixe grande agora é formado por uma rede de peixes de diferentes tamanhos – menores, médios ou maiores – nadando juntos de maneira sincronizada.

Se sua preocupação é ser superado por um concorrente digital, pense novamente. Como dizem Ram Charan e Geri Willigan, “as empresas que não constroem ecossistemas digitais correm o risco de serem deixadas para trás, independentemente de quão fortes sejam hoje”. O maior risco não é apenas a empresa rival, mas sim o ecossistema que ela constrói. A nova silhueta do peixe grande não é definida por uma única organização, mas pelo conjunto de conexões e parcerias que ampliam seu alcance e impacto. 

Na era digital, a vantagem competitiva pertence a quem constrói ecossistemas que alavancam a tecnologia em benefício do consumidor e criam novas vias de receita. Empresas que entendem essa dinâmica não apenas se protegem contra disrupções, mas também moldam o futuro do mercado.

A transformação digital e a globalização deram origem a um novo modelo de força competitiva. Agora, ao invés de uma única empresa tentando se tornar gigantesca, vemos redes de negócios interconectados trabalhando juntas para criar impacto e escala. Conheça alguns exemplos práticos.

  • Ecossistemas tecnológicos: empresas como a Amazon e a Apple constroem vastas redes de fornecedores, desenvolvedores, parceiros e distribuidores que funcionam como um organismo vivo, gerando eficiência e inovação constante. A inteligência artificial (IA) está presente em cada etapa desse ecossistema, desde a personalização do atendimento ao cliente até a otimização da cadeia de fornecimento. Um exemplo claro é a Amazon Web Services (AWS), que usa IA para prever demandas, gerenciar servidores e otimizar custos de empresas que fazem parte de seu ecossistema digital.
  • Startups e corporações colaborando: em vez de concorrer diretamente, grandes empresas estão aprendendo a trabalhar com startups. Bancos tradicionais, por exemplo, se integram a fintechs para oferecer soluções mais ágeis aos clientes. Um exemplo é a parceria entre o Itaú e a startup Olivia, que utiliza IA para ajudar clientes a gerenciar melhor suas finanças, prevendo padrões de consumo e oferecendo insights personalizados. Essa colaboração permitiu ao banco oferecer serviços inovadores sem perder a velocidade e a eficiência das fintechs.
  • Alianças estratégicas: redes de empresas se formam para desafiar grandes monopólios. No setor de mobilidade, montadoras, startups de tecnologia e serviços de transporte estão se unindo para competir de forma mais eficaz. A parceria entre a General Motors e a Cruise, uma startup focada em veículos autônomos, exemplifica essa tendência. A IA é a peça central dessa colaboração, permitindo que os veículos aprendam com milhões de quilômetros percorridos virtualmente antes mesmo de rodar nas ruas. Essa sinergia acelera o desenvolvimento de soluções de mobilidade sustentável e acessível.

A vantagem do novo peixe grande

O novo peixe grande não precisa ser uma única entidade gigante e burocrática. Ele é ágil como uma startup, inovador como uma startup e, ao mesmo tempo, poderoso como uma corporação consolidada.

Algumas de suas principais vantagens incluem:

  • resiliência aumentada: uma empresa isolada pode falhar, mas um ecossistema bem-estruturado consegue se adaptar e sobreviver a crises;
  • agilidade e adaptabilidade: esses ecossistemas conseguem lidar com diferentes cenários competitivos e novas tecnologias de forma muito mais rápida e eficaz, pois um parceiro se apoia nas competências do outro. Em vez de uma única empresa precisar desenvolver tudo sozinha, os membros do ecossistema compartilham conhecimentos e recursos, tornando-se coletivamente mais fortes; 
  • da escassez à abundância: enquanto empresas isoladas operam sob a lógica da escassez – limitadas por seus próprios recursos –, os ecossistemas funcionam sob a lógica da abundância. Ao se conectar a diferentes players, uma empresa pode acessar novas tecnologias, mercados e expertise sem precisar construir tudo do zero; 
  • inovação contínua: a diversidade dentro da rede gera um fluxo constante de ideias e experimentações;
  • escalabilidade sustentável: em vez de crescer absorvendo tudo ao redor, a nova estratégia é conectar, integrar e sincronizar.

Construindo um novo peixe grande

Para liderar nesta nova era, é essencial mudar o mindset empresarial. Afinal, “a verdadeira vantagem competitiva está na capacidade de construir redes dinâmicas que entregam valor continuamente”, ressaltam Ram Charan e Geri Willigan. 

Algumas estratégias para construir ou se integrar a um novo peixe grande incluem:

  1. fomentar parcerias estratégicas: trabalhar com empresas complementares para fortalecer sua cadeia de valor;
  2. investir em plataformas e ecossistemas: criar ou se integrar a sistemas que permitam conexões rápidas e escaláveis;
  3. valorizar a agilidade e a inovação: estar sempre aberto a novas soluções, sem se prender a modelos tradicionais;
  4. sincronizar cultura e propósito: o sucesso dessas redes depende da capacidade de seus participantes de compartilhar valores e objetivos comuns.

O mundo dos negócios mudou. O peixe grande não precisa mais engolir o pequeno. Agora, ele pode ser formado por inúmeros peixes menores, médios e grandes, nadando juntos de forma sincronizada, formando uma nova silhueta competitiva e poderosa. O futuro pertencerá não aos gigantes solitários, mas às redes inteligentes que sabem se conectar, colaborar e evoluir.

A pergunta que fica é: você está construindo seu ecossistema ou ainda tentando ser o peixe grande sozinho?

Daniel Martin Ely
Daniel Martin Ely é vice-presidente executivo da Randoncorp, COO da Rands, conselheiro do CNEX (Centro de Excelência Humana e Organizacional) e do Instituto Hélice de Inovação e presidente do conselho do Instituto UniTEA do Autismo. Mestre em estratégias organizacionais e especialista no desenvolvimento de lideranças, é também autor da obra O Líder em Transformação (2024).

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