Historicamente, a definição de liderança forte em crises é a que corta custos rapidamente, demitindo pessoas. É hora de rever esse conceito
A segunda e a terceira ondas da Covid-19 estão dando continuidade a um movimento que prevíamos limitar-se à primeira. Muitas organizações – incluindo algumas das principais marcas globais – continuam a demitir um número grande de pessoas. O corte de cabeças nas guilhotinas organizacionais é frequente em tempos de crise – especialmente em empresas de grande porte. Isso acontece, como sabemos, para os executivos darem satisfação de que estão tomando atitudes rápidas e com determinação. Mas esse tipo de “liderança forte” não é forte de fato – trata-se de selecionar nomes numa planilha e anunciar demissões por meio de um e-mail ou de uma chamada do Zoom. Liderança forte é o oposto disso – é evitar demissões.Você pode estar pensando que o conselho de evitar demissões é algo da boca para fora, que a gente fala para os outros fazerem. Ou que é discurso de europeu, que não se aplica a mercados emergentes. Porém, para os dois argumentos, a realidade mostra o oposto disso.
Posso começar falando, por exemplo, da minha empresa, a Viisi, uma consultoria especializada em hipotecas sediada em Amsterdã, Holanda. Na Viisi, a primeira quarentena nos pegou de surpresa – ficamos com medo da recessão, e esse medo persiste. Porém, estávamos preparados para essa queda, após um período contínuo de crescimento; isso quer dizer que já tínhamos uma estratégia para enfrentamento de crise que colocava as pessoas em primeiro lugar – porque, para nós, o difícil é escolher as cabeças a cortar na planilha. Então, quando o coronavírus chegou, nós só seguimos o plano de crise. Foi útil para nós, gestores, que ficamos sentados planejando o fluxo de caixa, e foi útil para os funcionários que temem ser demitidos, porque os ajudou a pensar em possíveis soluções em vez de ficarem “paralisados” como uma presa diante do predador. Acabamos crescendo durante a pandemia.