Possivelmente a dos EUA. Sociedades coletivistas se destacam na produção, enquanto as individualistas são mais inovadoras
A rápida recuperação da China da pandemia de covid-19 alimenta o debate sobre se o país vai substituir os Estados Unidos como superpotência econômica mundial. Como em vários momentos na História, notadamente o avanço do Império Germânico sobre a Grã-Bretanha nos 1800, a rivalidade sino-americana surge num contexto de rápida globalização e progresso tecnológico, e de autocracia crescente se coloca contra uma democracia estabelecida – a China é uma autocracia, economia liderada pelo Estado com práticas de mercado. No entanto, os argumentos de que as políticas econômicas estatais da China são superiores ao capitalismo liberal dos Estados Unidos, ou vice-versa, tendem a ignorar os traços culturais e psicológicos distintos dessas duas sociedades.
Só recentemente os estudiosos começaram a prestar atenção à relação entre economia e individualismo/coletivismo. Em seu livro The WEIRDest People in the World, Joseph Henrich, professor de Harvard, observa que os ocidentais migraram do coletivismo para o individualismo a partir da Idade Média. As políticas da Igreja Católica Apostólica Romana, que dissolveu as instituições de parentesco e foi tornando os europeus cada vez mais livres, tanto em relação a suas famílias como por preferirem residências separadas. Libertas das obrigações, as pessoas podiam escolher seus amigos, cônjuges e parceiros de negócios. Isso permitiu o surgimento de associações, guildas, universidades e conselhos populares, que expandiram as redes sociais e, gerando o chamado “comportamento prosocial”, atuaram como cérebros coletivos.