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”Horizonte Inovação & Ciência”: o perfil da inovação de base científica no Brasil

Novo estudo ajuda gestores a enxergar a mudança em curso na academia, rumo à colaboração com empresas para inovar com ciência

Sagres Brasil
29 de julho de 2024
”Horizonte Inovação & Ciência”: o perfil da inovação de base científica no Brasil
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A cultura acadêmica tem mudado consistentemente. Os estereótipos dos cientistas ou das universidades que permanecem dentro dos seus muros, sem o objetivo de alcançar a sociedade ou mesmo com aversão ao setor produtivo, não se apresentaram neste estudo.

A Emerge, organização que faz a mediação entre a academia e o mercado, ouviu 693 cientistas de todo o Brasil para entender seu perfil atual. O primeiro sinal de mudança é que 53% praticaram alguma das formas observadas de inovação na academia. Foram avaliados quatro dos principais mecanismos para a ciência estabelecer relacionamento e criar pontes com o mercado: fundação de spin-offs (startups), execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), licenciamento de tecnologias para terceiros, e prestação de serviços técnicos.

Apesar de P&D e serviços serem os mecanismos predominantes, há um crescimento considerável do número de abertura de empresas pelos cientistas, tendo em vista que 64% fundaram suas próprias companhias entre 2016 e 2020.

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Outro importante destaque dos resultados são os setores aos quais as inovações foram direcionadas. Observa-se que há predominância em todos os mecanismos de setores em que o Brasil possui forte indústria e mercado (ex.: alimentos, energia, agricultura) ou setores transversais (ex.: química, saúde, serviços de software e TI). Também é relevante observar que as tendências tecnológicas mais trabalhadas pelos cientistas são transversais aos setores apontados, bem como estão na vanguarda do foco global de desenvolvimento de inovações.

Segundo o estudo, as maiores dificuldades para os cientistas inovarem consistem em dificuldade de acesso a capital público e privado, bem como a burocracia das universidades ou agências reguladoras. Os maiores motivadores variam de acordo com o perfil do cientistas e o mecanismo utilizado, mas impactar a sociedade com sua ciência, inspirar e formar novos cientistas inovadores são fatores comum a todos que inovam.

O relatório “Horizonte Inovação & Ciência” explora também as principais formas como a indústria se relaciona com as empresas nascidas a partir do conhecimento da universidade. A indústria como cliente (47%) é a principal forma de relacionamento, embora um percentual muito próximo (44%) estabelece parcerias para codesenvolvimento. Doze por cento possuem as indústrias como investidoras e isso demonstra um amplo espaço para o crescimento do corporate venture capital, tendo em vista que este é um mecanismo relevante para desenvolver inovações disruptivas.

Importante: apenas 1,5% não tem a intenção de se relacionar com as indústrias, um número muito pouco relevante. Isso comprova a abertura da academia para grandes empresas – e a consequente oportunidade embutido aí. Vale acrescentar que 17% não tiveram sucesso (ainda) em celebrar algum tipo de parceria – mas eles tentaram.

O estudo traz várias curiosidades, como o fato de que as universidades federais da Paraíba e de Campina Grande são as maiores depositantes residentes de patentes de invenção no Brasil (seguidas por Unesp, UFMG, Petrobras e Unicamp). Aprofunda as temáticas, trazendo dados, cases, entrevistas e insights. Aborda as dez empresas que se tornaram referências em inovar com base em ciência no Brasil, entre as quais Braskem, BRF, Eurofarma e a dupla dos cosméticos, Natura e Grupo Boticário. Revela o perfil dos cientistas inovadores e, por fim, relaciona alguns dos mais inspiradores entre eles.

Confira a íntegra do relatório aqui (é necessário registro para baixar o estudo).”

Sagres Brasil
“Sagres Brasil” é o pseudônimo coletivo adotado por Guilherme Ary Plonski, Daniel Pimentel, Lucas Delgado e Guilherme Rosso. Plonski é coordenador científico do Núcleo de Política e Gestão Tecnológica e diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Pimentel e Delgado trabalham na Emerge Brasil, organização focada em integrar inovações de base científica e mercado. Rosso é responsável pelo Escritório de Inovação do Complexo Pequeno Príncipe, que abrange hospital, faculdades e instituto de pesquisa em Curitiba. Sagres é uma homenagem ao inovador projeto acadêmico português que, ao estender a fronteira do conhecimento da época, criou o movimento de navegação internacional de Portugal, um marco mundial do empreendedorismo inovador.

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