Ouvir, compreender e agir na melhoria de vida dos colaboradores, em suas realidades particulares, traz impactos positivos na gestão de pessoas e na produtividade, sendo um exercício contínuo de aprendizado e ensino
A pandemia mostrou que as empresas que tiveram maior sobrevivência ou que conseguiram se destacar foram aquelas que estavam mais aptas e prontas para aprender e ensinar. Ao longo das décadas, empresas, assim como escolas tradicionais, aprenderam que as lideranças não são as únicas detentoras do conhecimento dentro do espaço corporativo. Em momentos de reinvenção, essa linha é essencial para entender o comportamento atual e os próximos passos de qualquer decisão. Em resumo, aprender e ensinar se tornaram emergências econômicas dentro de qualquer organização.
As novas formatações institucionais, que todas as empresas passaram a adotar durante a pandemia, trouxeram grandes incógnitas para líderes e chefes de organizações, seja para o início da transformação digital ou para realocar e gerenciar equipes remotamente.
No processo de transição do presencial para o home office, muitas pessoas passaram a executar outras funções, sejam domésticas ou institucionais de rotina. Somado com todas as rotinas dentro de cada lar, imagine um funcionário que, além da estrutura física, contava como suporte uma série de estagiários, analistas e assistentes, e que com o trabalho remoto esses recursos humanos não estão mais disponíveis.
Como sua organização se prepara para isso? Como sua empresa se comporta em meio às dificuldades de seus funcionários em se adaptar? E como lidar com a disponibilidade do funcionário?
No FA.VELA, por exemplo, negócio em que sou cofundador e que atuo atualmente como diretor de novos negócios e parcerias, tivemos uma experiência positiva e rica de aprendizados e ensinamentos internos. A maioria das pessoas que integra a equipe da organização reside em vilas, favelas e territórios periféricos de Belo Horizonte e região metropolitana, e assim como os nossos públicos atendidos, nem sempre contamos com acesso à internet estável e de qualidade.
Os núcleos familiares são maiores, pois muitos moram em casas compartilhadas com parentes, avós ou têm filhos pequenos ou que estão com aulas suspensas. Diante dessa realidade, há desafios para concentração nas atividades e acesso a espaço dedicado, com toda a infraestrutura adequada para o trabalho remoto.
A pandemia e o isolamento social aceleraram várias mudanças, e colocou outras em curso nas dimensões dos negócios, principalmente sobre as maneiras de inovar e no gerenciamento de pessoas. A pandemia ainda alterou a forma como entendemos os desafios, bem como as respostas que criamos para eles. Esses fluxos, acredito, estão relacionados ao processo de inovação nas empresas. No entanto, como ensinar? E como aprender com os estímulos produzidos?
Como organização, tentamos assegurar o acesso pelo menos ao computador portátil, como equipamento essencial para trabalho remoto e uma ajuda de custo para as despesas de conectividade. Além disso, estimulamos a capacitação contínua para uso de ferramentas e sistemas digitais e flexibilizamos a carga horária de trabalho para ajustar às realidades de cada núcleo familiar.
Como gestor e diretor de uma organização é fundamental melhorar o entendimento das mudanças ocorridas nos últimos dois anos e encontrar a linguagem que facilite o entendimento com nossos funcionários, já que também vivemos este mesmo período de instabilidade.
Esses desafios ajudam a impulsionar nossos colaboradores à reflexão sobre seu conhecimento e aprendizagem funcional em gestão, fazendo com que eles percebam as atitudes que influenciam no resultado da empresa e de toda a equipe de trabalho.
Neste sentido, mostramos por meio de ações a construção de um ambiente capaz de oferecer condições facilitadoras de aprendizagem e valorização da experiência, além de promover com os funcionários um processo de escuta ativa e resiliente.
Ao vivenciar problemas e resolvê-los com seus recursos aprendidos, o colaborador internaliza esse aprendizado de forma duradoura. No mais, ele estabelece uma relação sinérgica entre a organização e os funcionários.
A cultura organizacional voltada para o aprendizado e crescimento gera um sentimento de pertencimento para as pessoas, gerando um fluxo contínuo de melhoramento dos processos internos. Essas adequações dos processos internos, consequentemente, elevam a proatividade, a performance e a produtividade, qualificando os produtos e serviços da organização.
E aí, a sua organização é capaz de gerar situações de aprendizado? E você, consegue extrair ensinamentos desses processos?
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