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Por que as empresas brasileiras precisam abraçar a agilidade?

Com a adoção da filosofia ágil, as organizações se tornam mais eficientes e produtivas e os resultados crescem de maneira exponencial. Mas, para isso, é preciso aceitar as mudanças

Clovis Hitos Gonçalves
12 de julho de 2024
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Os últimos anos mostraram que a maioria das grandes empresas no Brasil já tem uma filosofia ágil em seus processos. Se não tivessem, dificilmente teriam conseguido se adaptar às mudanças exigidas durante o auge da pandemia da covid-19. Somente companhias resilientes e com alta capacidade de resposta a mudanças reduziram danos ou, em última instância, sobreviveram.

Um recente estudo publicado pela NTT DATA com 388 organizações de sete países da América Latina, entre eles o Brasil, mostrou a maturidade na adoção da agilidade. Metade das empresas entrevistadas adota a filosofia entre três e cinco anos e 20%, há pelo menos seis anos. Além disso, 72% montaram escritórios de transformação – e 34% possuem mais da metade de suas equipes trabalhando com essa metodologia.

São números que indicam um grau razoável de adoção da filosofia ágil na região. Somente 33% das empresas da América Latina estão implantando agilidade há menos de dois anos. E a agilidade aparece cada vez mais em áreas fora dos domínios de tecnologia, como RH e marketing.

Podemos ir além e contextualizar o grau de maturidade das empresas posicionando-as em uma das quatro ondas de evolução da agilidade.

1ª onda: agilidade nas equipes

A primeira onda teve início há pouco mais de 10 anos. É a que chamamos de agilidade nas equipes, quando as empresas formam equipes ágeis de desenvolvimento. Foi a experimentação e popularização dos principais frameworks de agilidade como o Scrum e o Kanban.

2ª onda: agilidade em escala

A onda seguinte, iniciada em meados de 2015, foi sobre agilidade em escala, ou seja, o agrupamento de equipes ágeis em estruturas complexas em torno da construção de produtos digitais. Nessa onda, a agilidade passa a ser um padrão na construção de produtos digitais e se concentra basicamente na área de tecnologia.

3ª onda: agilidade para os negócios

A terceira onda é a que leva a agilidade para os negócios. Agilidade se torna parte do dia a dia da organização, desde a forma como a organização se estrutura em torno do valor, até em como a empresa se adapta às mudanças de mercado. Todas as camadas da organização adotam a mentalidade ágil para concepção e entrega do valor de negócio. É também o momento da experimentação e adoção de agilidade em áreas fora da área de tecnologia.

4ª onda: agilidade no desenvolvimento de competências da organização

A quarta onda é quando as empresas se tornam o que podemos chamar de organizações adaptativas, ou seja, a agilidade é a chave para desenvolver as competências da organização, e onde se torna altamente adaptável e busca a antifragilidade.

Nossa experiência mostra que, na média, as empresas no Brasil estão na transição entre a segunda e a terceira onda. Uma análise setorial mostra mais variação. Companhias de setores mais tradicionais e com décadas de existência estão nos estágios iniciais. Já as startups e as grandes empresas fundadas na última década, que nasceram digitais, estão no quarto estágio.

Podemos dividir os desafios das grandes organizações em dois: tecnológicos e culturais.

O primeiro pode ser resolvido com a adoção de tecnologias digitais modernas, como cloud, e a troca dos sistemas legados e processos antigos, o que demanda alto investimento e esforço sem impactar e prejudicar as operações existentes. Já o segundo depende da mudança de mentalidade das pessoas – algo que pode ser mais complexo do que a adoção de novas tecnologias.

O estudo da NTT DATA mostrou que 72% das organizações entrevistadas apontaram a cultura organizacional como o maior obstáculo para a transformação ágil. Há uma dificuldade de os profissionais aceitarem a mudança e se adaptarem aos novos frameworks.

Parte dessas mudanças depende de a liderança abraçar a filosofia ágil. Quase 70% dos executivos e especialistas entrevistados disseram que convencer os líderes das equipes a adotar agilidade é um dos principais obstáculos a serem enfrentados.

O problema é conhecido: a resistência às mudanças. A agilidade exige profissionais que se sintam confortáveis em sair da zona de conforto e aprendam a trabalhar de uma outra forma. Nem todos estão dispostos a isso. Não por acaso, “resistência à mudança” foi um desafio apontado por 61% dos entrevistados.

Encarar esse desafio vale a pena. A agilidade traz diversos resultados. Cerca de 60% dos entrevistados afirmaram que a implantação da agilidade aumentou a entrega de produtos e serviços, 56% viram ganhos de produtividade e 56%, maior capacidade para lidar com a mudança de prioridades.

À medida que as empresas abraçarem mais e mais a agilidade, veremos esses resultados crescerem de forma exponencial. Bom para as empresas e bom para o Brasil, que terá organizações mais eficientes e produtivas.”

Clovis Hitos Gonçalves
Clovis Hitos Gonçalves é head de agilidade da NTT DATA Brasil.

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