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Tendências na área de mídia e conteúdo para 2030

Hoje temos acesso a inúmeras informações e diversas formas de entretenimento, mas há 20 anos atrás, essa não era a nossa realidade. A evolução tecnológica e midiática acontece constantemente e impõe importantes desafios daqui pra frente

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

15 de Março

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Artigo Tendências na área de mídia e conteúdo para 2030

Este artigo é um resumo de um estudo escrito em coautoria com a Eliane El Badouy, da Inova, sobre as tendências na área de mídia e conteúdo. No mundo instantâneo e altamente conectado de hoje, temos acesso a uma enorme quantidade de informações e inúmeras possibilidades de entretenimento ao nosso alcance.

Porém, historicamente, nem sempre foi assim. Aliás, de acordo com um levantamento feito por Jeff Desjardins, para o site Visual Capitalist, nem precisamos ir tão longe. Se viajarmos no tempo, até 2002, apenas 20 anos atrás, é possível notar que a grande maioria das pessoas ainda esperava pelo jornal diário ou pelo noticiário da noite para ajudar a preencher o vazio de informações.

Na verdade, durante a maior parte de 2002, o Google ficou atrás do Yahoo! e MSN. Enquanto isso, as primeiras encarnações de mídia social (MySpace, Friendster etc.) estavam apenas começando a ficar online, e todo o Facebook, YouTube, Twitter e iPhone ainda não existiam.

A evolução da mídia considera, além da tecnologia, a dimensão histórica da comunicação de informações, conhecimentos, diferentes formas de entretenimento e valores para um público bastante amplo e diverso. As inúmeras abordagens da sua evolução compartilham um interesse em entender o impacto que tais estruturas tiveram nas sociedades ao redor do mundo, as formas particulares que elas assumiram e a dinâmica da mudança histórica. Cada uma dessas áreas é objeto de um corpo significativo de trabalho teórico e empírico, com muitas interseções e sobreposições, tomando exemplos dos vários meios de comunicação, seus contextos e desenvolvimento ao longo do tempo, bem como de perspectivas futuras.

Cada era cultural é marcada por mudanças tecnológicas e de zeitgeist. A indústria da mídia e de conteúdo sempre se baseou em conceitos – propriedade intelectual, impacto cultural, talento – que, quando combinados e executados adequadamente, criam produtos altamente valorizados pelos mais diversos públicos e, consequentemente, atraem anunciantes. Entretanto a entrada da tecnologia nesta equação trouxe, além de grandes desafios, uma possibilidade ainda maior de agregação de valor nas entregas feitas.

A mídia cumpre vários papéis básicos em nossa sociedade fornecendo informação e educação. A informação pode vir de várias formas, e às vezes pode ser difícil separá-la do entretenimento. Diferentes fontes disponibilizam como notícias histórias de todo o mundo, permitindo que qualquer pessoa, de qualquer parte do globo com conexão à internet tenha acesso às vozes e conteúdos de locais que estão a milhares de quilômetros de distância independentemente do idioma em que seja produzido.

Um papel óbvio da mídia é o entretenimento que pode atuar como um trampolim para nossa imaginação, uma fonte de fantasia e uma saída para o escapismo. Ao nos trazer histórias de todos os tipos, a mídia tem o poder de nos afastar de nós mesmos.

Outro aspecto útil da mídia é sua capacidade de atuar como um fórum público para a discussão de questões importantes. A internet é um meio fundamentalmente democrático que permite a todos a capacidade de expressar suas opiniões por meio de, por exemplo, mídias sociais ou podcasts, além de poder ser usada para monitorar governos, empresas e outras instituições.

Mudanças econômicas e comportamentais estão acelerando a transformação em todo o ecossistema dessa indústria e, à medida em que vai se tornando mais complexo e interconectado, torna-se mais desafiador mostrar como atribuir valor na era pós-digital e para quem traz resultados.

Em uma tentativa de simplificar a complexa teia de relacionamentos na mídia para esta década, apresento ao longo desse documento os principais papéis e dinâmicas envolvidos na criação, distribuição e monetização de conteúdo, usando essa estrutura para examinar tendências, oportunidades e riscos relativos para cada parte desse ecossistema.

Entretanto, antes de trazer as tendências que impactarão as mídias, profissionais de mídia, os conteúdos, consumidores e anunciantes, acredito ser importante contextualizar como chegamos até aqui e o que isso significa para esta década.

Principais tendências:

1. Vídeo

Seja na televisão, nas plataformas de streaming, nas redes sociais ou no cinema, o formato de vídeo continuará a ser extremamente importante para as estratégias de comunicação das marcas.

2. Novas ferramentas de busca

Desde que surgiu, em 1998, nenhum concorrente foi capaz de ameaçar o domínio do Google no mercado de buscas na internet. Mas, agora, o jogo mudou. E o desafiante não é nada ortodoxo. A grande ameaça ao Google são as redes sociais. Duas, em especial: TikTok e Instagram. Essas duas redes são responsáveis pela queda no volume de buscas no Google em alguns temas.

3. Fim dos cookies

A realidade do marketing digital sem os cookies de terceiros vai demorar um pouco mais para chegar. Inicialmente previsto para 2022 e depois adiado para 2023, o fim do suporte aos cookies de terceiros pelo Google ficará só para 2024. O Safari, da Apple, e outros navegadores já eliminaram os cookies de terceiros em nome da privacidade.

4. Mídia sintética

A mídia sintética consiste em conteúdo digital gerado por algoritmos, incluindo áudio, vídeo, deepfakes, personagens e ambientes virtuais e muito mais. A tecnologia se tornará um aspecto integral das futuras experiências de XR (extended reality ou realidade estendida) em ambientes como metaverso.

5. Ambientes digitais tipo metaverso

Temos e estamos vivendo uma conjunção de fatores que nos conduzem a ambientes normalmente chamados de metaverso. As mídias sociais foram o nosso aquecimento, nosso treinamento para esse momento, porque esse é o lugar onde todos querem se mostrar mais bonitos, mais ricos, mais felizes, independente da realidade que estejamos vivendo no nosso dia a dia.

No plano físico: be all you can be (seja tudo o que você pode ser, na tradução). No digital: be all you want to be (seja tudo o que você quer ser, na tradução).

6. Realidade aumentada (RA) x realidade virtual (RV)

Embora ambos possam ser experimentados por meio de óculos inteligentes ou monitores montados na cabeça, a realidade aumentada (AR, na sigla em inglês) e a realidade virtual (VR, na sigla em inglês) são fundamentalmente diferentes e devem ser tratadas como tal. A RA faz alterações ou adições digitais ao seu ambiente existente, mas geralmente você permanece orientado ao seu ambiente físico. Enquanto, a VR mergulha você totalmente no ambiente virtual.

7. Realidade mista (RM) X realidade estendida (XR)

A realidade mista (MR, na sigla em inglês) ancora elementos virtuais a elementos físicos correspondentes em seu ambiente - você ainda pode interagir fisicamente com objetos e superfícies, mas a sua aparência e a reatividade podem ser virtualmente alteradas ou aumentadas. As experiências de MR não ocorrem totalmente no mundo físico nem no virtual, mas em um híbrido dos dois. Realidade estendida (XR, na sigla em inglês) é mais um termo guarda-chuva que abrange o continuum realidade-virtualidade, incluindo AR, MR e VR. XR se sobrepõe com várias definições do metaverso.

8. Vídeo volumétrico

Uma tecnologia fundamental para desenvolver experiências em ambientes como metaverso que emulam espaços reais, o vídeo volumétrico é a captura de um espaço, figura ou evento em 3D. O vídeo resultante pode ser visualizado em uma tela ou dispositivo XR.

9. Áudio espacial

Assim como o vídeo volumétrico dá perspectiva e profundidade ao conteúdo visual, o áudio espacial é transmitido de tal forma que o ouvinte interpreta os sons como ocupando vários espaços em seu ambiente.

10. Spatial displays

Os spatial displays oferecem a magia da realidade virtual sem precisar usar uma tela montada na cabeça. Em vez disso, uma tela plana projeta objetos no que parece ser um diorama tridimensional hiper-realista.

11. Hologramas

Hologramas são gravações de campo de luz que, quando reproduzidas, podem aparecer como visuais tridimensionais estáticos ou dinâmicos. O termo também é geralmente aplicado a qualquer imagem renderizada para aparecer em 3D. A reprodução digital precisa de rostos, corpos e outras estruturas complexas em forma 3D. A dinâmica é fundamental para a evolução de AR e VR no metaverso. Hologramas, combinados de várias formas com tecnologia deepfake e mídia sintética, podem em breve habitar nossos ambientes cotidianos.

12. Mídia de dados

Estima-se que até 2025, o mundo verá um aumento de 1.600% na quantidade de dados capturados, criados e replicados globalmente.

  • A má notícia: a maré de informações está crescendo mais rápido do que nossa capacidade de a aproveitar.
  • A boa notícia: esse universo crescente de dados promete mais insights, se utilizado adequadamente.

Felizmente, a narrativa de dados é um campo emergente que prospera com a abundância de informações.

Todas essas tendências nos apontam para uma série de possibilidades que requerem não apenas diferentes tipos de pensamentos e olhares para esse conjunto totalmente inusitado de ferramentas de mídia e conteúdo, mas também nos impõem importantes desafios que continuarão a nos provocar como profissionais:

  • Como manter a atenção sustentada do consumidor?
  • Como não perder de vista o retorno financeiro das ações feitas, empolgados pela tecnologia?
  • Como manter os relacionamentos mais humanos com nossos clientes?
  • Como manter a ética e não nos desviar do propósito da marca?

Bom, talvez isso seja material para um outro artigo.

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Colunista

Colunista Luís Rasquilha

Luís Rasquilha

CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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