Reestruturação de supply chain, virtualidades reais e atenção à ciência estão entre as transformações obrigatórias para empresas que desejam estar preparadas para o futuro
Muita coisa mudou no último ano. O surgimento do novo coronavírus impulsionou avanços científicos. Cadeias de suprimento foram reestruturadas, as relações de trabalho mudaram e a integração com o mundo virtual ganhou força. Aprendida a lição, as empresas não querem mais depender de outro fenômeno global para inovar. Elas estão mais interessadas em antecipar o futuro.
De acordo com o estudo Business Futures 2021: Sinais de Mudança, realizado pela consultoria Accenture, existem alguns sinais que, captados pelos tomadores de decisão numa empresa, podem determinar a diferença entre prosperar e lutar pela sobrevivência. O estudo – desenvolvido a partir de modelagem econômica e ciência de dados, bem como uma pesquisa global com 2.650 executivos C-level – compromete-se a guiar lideranças de todo o mundo a enxergar e aproveitar melhor o futuro.
No primeiro texto desta série, que você pode relembrar aqui, apresentamos três dos seis sinais de mudança para o sucesso das organizações: “aprender com o futuro”, “migrar para as pontas” e “propósito sustentável”. Nesta segunda matéria, trazemos os outros três sinais fundamentais para empresas future-ready bem-sucedidas.
Para atender às necessidades crescentes dos clientes por um atendimento mais eficiente, as empresas estão reestruturando suas cadeias de suprimentos. Isso envolve a criação de redes descentralizadas que usam a produção sob demanda.
O levantamento da Accenture identificou três passos para ajudar as empresas a expandir os limites físicos de seus processos de abastecimento: 1) Redefinir o propósito da infraestrutura física. 2) Repensar as redes de suprimentos. 3) Redesenhar produtos e serviços.
“Antigamente, o supply chain era quase exclusividade do back office. Com o tempo, as organizações foram obrigadas a elevar a qualidade da experiência do consumidor. O próximo passo é aprimorar a acuracidade, além de garantir a sustentabilidade da logística. Tudo isso começa a ficar relevante”, comenta Rodolfo Eschenbach, líder de Strategy & Consulting na Accenture para a América Latina.
Ao passo que os ambientes virtuais aprimoram nossos mundos físicos e redefinem nosso senso de lugar, organizações inovadoras criam novas maneiras de trabalho, consumo e socialização – olha o metaverso aí.
Hoje, 47% dos consumidores estão dispostos a pagar um adicional por um produto que poderiam personalizar por meio do uso de tecnologias imersivas. O estudo também demonstra que 88% dos entrevistados estão investindo em tecnologias que permitam a criação de ambientes virtuais.
Conforme Eschenbach, a atenção das empresas precisa estar voltada para o cumprimento da promessa feita ao cliente. “Essa fusão de tecnologia e experiência transformou o comportamento do consumidor. Mas é importante que o produto entregue algo compatível com o que é mostrado no momento inicial”, explica.
À medida que a ruptura científica permite a criação de produtos e serviços melhores, mais baratos e sustentáveis, as empresas líderes se tornarão empresas científicas – e aplicarão a ciência para enfrentar os desafios fundamentais do mundo.
Ainda que estejam em perfeito estado de funcionamento, o líder de strategy & consulting na Accenture lembra que muitos produtos estão perdendo a utilidade de maneira antecipada. Dessa forma, a capacidade de inovar rapidamente se enquadra como uma qualidade fundamental das organizações do futuro. “Ter ideias não basta. É preciso garantir que elas entrem rapidamente no mercado”, afirma Rodolfo Eschenbach.
De acordo com o levantamento da Accenture, o potencial de crescimento econômico adicional por meio da aceleração em P&D poderia chegar a US$ 276 bilhões em menos de uma década. Além disso, 85% dos entrevistados pelo estudo concordaram que o aumento da capacidade científica é fundamental para a competitividade futura das organizações.
Na análise de Rodolfo Eschenbach, esses três sinais de mudança estão amadurecendo rapidamente no Brasil. Isso porque a persistência da pandemia aumentou a necessidade de interação virtual e experiência à distância. “Todas essas questões levantadas pelo estudo têm a ver com a velocidade das mudanças. Esses pontos, certamente, foram acelerados nos últimos 15 ou 20 meses”, afirma.
Essa confusão entre o mundo físico e virtual torna a rotina das pessoas e empresas mais conectadas. Por isso, o investimento em realidade virtual e aumentada é uma tendência para aprimorar a experiência do cliente, segundo o executivo.
Eschenbach também acredita que a aceitação crescente das empresas para se digitalizar deve atingir um novo estágio nas próximas décadas. A combinação de tecnologias de computação e ciências naturais, quando trabalhada de maneira ecossistêmica, promete gerar uma abordagem inovadora para a criação de produtos e serviços.
Questionado sobre o momento pós-pandemia, o executivo defende a reimaginação do papel de infraestruturas físicas. Para tanto, indica a remodelagem completa das redes de suprimentos. Isso significa testar e escalar abordagens com o objetivo de separar o abastecimento da infraestrutura terrestre, além de aproximar a produção do ponto de demanda. “Essa transformação está começando a fazer parte dos processos das empresas. Os CEOs passaram a entender que essa postura também influencia na diferenciação que podem ter no mercado”, conclui Rodolfo Eschenbach.
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