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Saúde mental 7 min de leitura

Você pode “só” cumprir a nova NR-1. Ou pode inovar. O que vai escolher?

Entre a burocracia e a oportunidade de transformação, é de se esperar que boa parte das empresas abrace a primeira, desperdiçando a segunda. Mas a atualização da regulamentação de segurança e saúde no trabalho abre as portas para a medicina de estilo de vida, que gera melhor custo-benefício para todos e, assim, maior valor

Fernanda Bornhausen
9 de março de 2025
Você pode “só” cumprir a nova NR-1. Ou pode inovar. O que vai escolher?
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Em maio de 2025, a nova norma regulamentadora número um entrará em vigor, atualizada a partir da NR-1 original de 1978 após os problemas de saúde mental que acometeram as empresas. Ela exige que as empresas realizem o levantamento de riscos psicossociais e implementem programas de saúde mental. Mas será que apenas cumprir essas normas é suficiente para termos equipes mais saudáveis e satisfeitas, com maior produtividade e menor absenteísmo? Ou será que, para isso, precisamos ir além da conformidade?

Com minha experiência cruzada do mundo da psicologia e do das corporações, digo que não apenas isso é insuficiente como desperdiçar essa oportunidade de inovar para efetivamente ter bons resultados de saúde mental é de se lamentar. O caminho inovador para transformar a saúde mental nas empresas, trazendo impacto duradouro e estratégico, já é conhecido: chama-se “medicina do estilo de vida”.

Riscos psicossociais e estratégia empresarial

Para começar nossa conversa, a nova NR-1 exige que as empresas mapeiem os riscos psicossociais dentro de seu ambiente de trabalho. Entre os principais fatores que podem comprometer a saúde mental dos colaboradores estão:

  • Assédio moral e sexual.
  • Sobrecarga de trabalho.
  • Falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  • Metas excessivas e inalcançáveis.
  • Jornadas de trabalho extensas.
  • Ausência de suporte da liderança.
  • Conflitos interpessoais.
  • Falta de autonomia no trabalho.

As duas perguntas que as empresas deveriam estar se fazendo neste exato momento são:

Os dados mapeados vão servir apenas para cumprir a norma e ficar na gaveta?

Ou podem ser usados de maneira estratégica de fato para inovar e criar ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e com maior eficiência de custo? (Respeitando a LGPD.)

O poder da medicina do estilo de vida

Muitos programas corporativos de saúde mental ainda focam apenas em remediar problemas, oferecendo terapias pontuais e suporte psicológico emergencial. Mas, para transformar verdadeiramente a saúde mental no ambiente de trabalho, é preciso agir na raiz do problema.

A medicina do estilo de vida, baseada em 20 anos de evidências científicas, traz um modelo preventivo fundamentado em seis pilares essenciais:

  • Nutrição saudável.
  • Sono de qualidade.
  • Exercícios físicos.
  • Gerenciamento do estresse.
  • Conexões sociais.
  • Controle de substâncias tóxicas que impactam diretamente a saúde mental.

Estudos mostram que empresas que implementam programas de qualidade de vida e bem-estar contemplando os pilares da medicina do estilo de vida colhem retornos expressivos, como por exemplo o estudo “ROI do Bem-Estar 2024” da Wellhub : 

– 91% das empresas relataram economia nos custos de saúde devido a programas de bem-estar.
– 95% das empresas que mensuram o retorno sobre o investimento (ROI) de seus programas obtêm um retorno positivo.
– 99% dos líderes de recursos humanos (RH) afirmam que programas de bem-estar aumentam a produtividade.

As empresas que apenas cumprirem as novas exigências a NR-1 fazem o básico. Mas estou convencida de que as que enxergarem o potencial da medicina do estilo de vida lideram a transformação.

IA e inovação na gestão dos riscos psicossociais

A inteligência artificial (IA) pode transformar os dados anonimizados dos levantamentos de riscos psicossociais em insights valiosos, ajudando empresas a criar estratégias personalizadas para a saúde mental e prevenção, tratamento e reversão de doenças crônicas não transmissíveis dos colaboradores.

Como destacado por Gustavo Meirelles em sua coluna na MIT Sloan Review Brasil sobre efetividade de custo e viabilidade financeira das soluções de inteligência artificial na saúde, a IA desempenha um papel crucial na gestão da saúde, permitindo:

  • Análise de grandes volumes de dados para identificação de padrões e riscos.
  • Personalização de estratégias de prevenção e intervenção para saúde mental e física.
  • Redução de custos e aumento da eficiência operacional, através de monitoramento preditivo e preventivo.

Um exemplo prático citado no artigo foi o da NeuralMed, startup brasileira de IA que utilizou processamento de linguagem natural (NLP) para avaliar uma grande base de dados de saúde. Como resultado, foram identificados mais de 3 mil pacientes crônicos elegíveis para medicina preventiva, gerando uma economia anual de R$ 10 milhões para uma operadora de saúde.

A mesma lógica pode ser aplicada ao levantamento de riscos psicossociais exigido pela NR-1. IA pode mapear padrões de estresse, sobrecarga e burnout, e também das doenças crônicas não transmissíveis, permitindo que empresas atuem de forma proativa, em vez de apenas reagir a crises.

Transformar dados em decisões estratégicas é o diferencial das empresas que lideram a inovação. Imagine o impacto da IA aplicada na gestão de saúde mental corporativa…

Como as empresas devem se preparar?

Líderes e gestores que querem impacto real precisam mudar a mentalidade e adotar uma estratégia ativa de inovação.

Aqui estão os primeiros passos para transformar a saúde mental corporativa:

  1. Integrar a medicina do estilo de vida aos programas de bem-estar e saúde do trabalho.
  2. Capacitar líderes para atuarem como agentes ativos na promoção da saúde mental.
  3. Medir os impactos e ROI do bem-estar: produtividade, absenteísmo, custos de saúde e retenção de talentos.
  4. Comunicar os benefícios das iniciativas de bem-estar para aumentar o engajamento.
  5. Usar estratégia de dados e IA para analisar os riscos psicossociais e criar soluções personalizadas.
  6. Empresas que enxergam a saúde mental como um pilar estratégico sairão na frente.

A questão antiga talvez fosse:

– As empresas devem agir?

A questão atual é:

– Quem está pronto para liderar essa transformação?

Indo além da obrigação

O levantamento de riscos psicossociais da NR-1 pode ser apenas mais um documento obrigatório ou um marco para inovação real na gestão de pessoas.

O caminho está claro: cumprir a norma por obrigação ou transformar a saúde mental em vantagem competitiva e transformar a vida dos seus colaboradores?

A medicina do estilo de vida e a inteligência artificial já estão moldando o futuro. Sua empresa vai apenas acompanhar as demais ou vai liderar o setor?

Fernanda Bornhausen
Fernanda Bornhausen é empresária, psicóloga especialista em neurociências do comportamento e certificada internacionalmente em medicina do estilo de vida pelo IBLM. Cofundadora da Clear Inovação e do SEDO Farmácia da Mente, é conselheira da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia e membro do conselho editorial da MIT Sloan Review Brasil.

1 comentário

  • multiplusengenhariasantos disse:

    Trabalho numa empresa , que tem apenas 5 funcionários,os encarregados e proprietário são muito bons aos colaboradores, sempre procurando ajudar
    Só que eu fico sempre notando, as reclamações dos colaboradores sempre uma só, custo de vida,o que ganham mal dá para sua alimentação,a esposa briga com ele, crianças pedem brinquedos e não há como comprar,acumula dividas, sendo que no outro dia não consegue produzir,esposa liga que acabou o gás etc.., tem colega que trabalha na empresa e a noite,para complementar o salário e acaba não aguentando os 02 empregos,no outro dia está exausto.
    Como a empresa irá interferir nessa situação se o culpado são os preços altos, alimentação, energia, gás, aluguel e salário etc…,se o problema psicossocial dos meus colegas são esses fatores.
    Será que essa NR 1 , não teria que inverter ao estado e INSS
    O que a empresa terá que fazer,ao indentificar esses
    fatores psicossociais no ambiente de trabalho
    Ela irá assumir esses riscos, que podem ser causado pelo estado?
    Se a empresa contratar um psicólogo e esse profissional notar problema ,písicossociais ,e dizer que não está apto, para se admitido o que acontecerá com esse profissional?
    A empresa será obrigada a contratar ?
    Ou contratar somente PJ
    Aguardando uma resposta a esses questionamentos
    Gratidão!

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