Ao relembrar as histórias da Levi Strauss e outras empresas, fazemos um convite: reflita sobre quais são as oportunidades do seu mercado de atuação que ninguém ainda aproveitou
A metade do século 19 foi marcada por um movimento que transformaria, tanto a economia, quanto a sociedade norte-americana. Em janeiro de 1848, teve início a “Corrida do Ouro”, na Califórnia, após a descoberta do metal nobre por James W. Marshall. Rapidamente a notícia se espalhou, levando cerca de 300 mil pessoas para a região, americanos e estrangeiros, revigorando a economia e aumentando substancialmente a população, o que concedeu à Califórnia a condição de Estado.
A marcha para o oeste foi um dos mais famosos deslocamentos em busca de riquezas e permitiu o estímulo do comércio e a indústria da região, que cresceram rapidamente diante das demandas dos recém-chegados. Ao analisar os resultados das atividades comerciais desempenhadas na época, se considerarmos quem foi em busca de ouro e aqueles que aproveitaram a oportunidade para e vender aos aventureiros produtos e serviços, como a construção de pequenos hotéis, restaurantes, bares ou instrumentos para mineração, os integrantes do segundo grupo tiveram um retorno sobre o investimento médio maior do que os que estavam no primeiro. É ainda mais interessante encontrar casos de sucesso como o de Levi Strauss, um homem de negócios germano-americano que fundou a primeira empresa a fabricar jeans azul.
Junto com Jacob Davis, Levi Strauss patenteou, em 1873, a calça jeans mais famosa do mundo. Ela surgiu como roupa de trabalho dos mineradores do oeste norte-americano. Provavelmente em meio à busca do ouro, Levi e Jacob não imaginaram o impacto que sua peça teria no cotidiano das pessoas durante tantos séculos, sendo depois símbolo de rebeldia, liberdade de expressão e originalidade. Eles estavam apenas encontrando seu espaço diante de uma oportunidade latente na época.
Um exemplo contemporâneo, da primeira leva do mundo digital, é a Oracle. Fundada em 1977 por Larry Ellison, Bob Miner, Ed Oates, a Oracle Corporation é uma empresa multinacional americana de tecnologia de computadores, que vende softwares e tecnologias de banco de dados, sistemas de engenharia de nuvem e produtos de software corporativo. Atuante em mais de 145 países, a empresa tem como objetivo acelerar as inovações dos negócios através de produtos com funcionalidade integrada e adaptativa, personalizados às necessidades de cada cliente. Embora a Oracle seja um banco de dados que não é uma tecnologia que busca uma oferta com um fim em si, ela se trata de um meio que permite que as empresas contratantes, a partir de seus sistemas, consigam o que querem.
Outra corporação que segue a mesma linha mercadológica é a AWS. A Amazon Web Services é uma subsidiária da Amazon que fornece plataformas de computação em nuvem sob demanda para indivíduos, empresas e governos. Já em 2017, a AWS possuía vasta variedade de serviços, como armazenamento, rede, banco de dados, análise, serviços de aplicativos, implantação, gerenciamento, dispositivos móveis, ferramentas de desenvolvedor e ferramentas para a internet das coisas. Mesmo com boa parte desses serviços não sendo oferecidos ao usuário final, a empresa oferta funcionalidades para desenvolvedores usarem em suas aplicações. Ou seja, o que a empresa liderada por Jeff Bezos faz é vender uma estrutura para quem deseja montar um site e quer lucrar com isso.
Na fase atual das ofertas e empresas de tecnologia, empresas como a Hootsuite, plataforma de gerenciamento de mídia social, criada por Ryan Holmes em 2008, são exemplos do mesmo caminho – vender algo, uma solução, uma ferramenta para quem quer ganhar dinheiro. Neste caso, as redes sociais. Com mais de 16 milhões de usuários distribuídos pelo mundo, a interface do sistema assume a forma de um painel e suporta integrações das principais redes sociais, permitindo o gerenciamento de várias contas, em um único lugar.
Seja na febre do ouro ou na era digital, o que todos esses exemplos mostram que uma nova corrida, um novo mercado se formando, traz oportunidades para quem vende “pás e calças jeans” para aquele que estão atrás do “ouro” do momento. E aqui fica o convite para você, leitor, refletir sobre quais são as “pás e calças jeans” do seu mercado de atuação. Certamente, haverá espaço para elas. Crédito da imagem: Shutterstock