No mês das mulheres, convidamos quatro líderes de negócios e tecnologia do sexo feminino para que possam inspirar mais mulheres nesta trilha – este artigo, de Paula Lunardelli, fundadora de uma construtech, inaugura a série
Estamos em uma data muito importante para o Brasil e para o mundo, que é o Dia Internacional da Mulher. Neste dia, assim como em todos os outros, eu penso no quanto somos, sim, iguais aos homens, com as mesmas competências, e como devemos sempre nos posicionar desta forma diante das situações. A discriminação de gêneros existe e dados obtidos pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) mostram isso, além de que fica evidente quando visitamos praticamente qualquer empresa de tecnologia.
No setor, tido como de predominância masculina, podemos perceber a disparidade de gênero nas contratações para vagas de emprego em atividades de desenvolvimento de softwares. Mas, como eu sempre prefiro enxergar, a previsão é positiva: nos últimos cinco anos, a participação feminina cresceu 60% (de 27,9 mil em 2014 para 44,5 mil em 2019).
No meu caso, que sou engenheira civil de formação, tenho experiência em dois setores considerados como tradicionalmente masculinos, construção civil e a tecnologia, além da liderança e empreendedorismo, características majoritariamente ligadas a homens no imaginário social. Eu sempre me posicionei como igual em qualquer tipo de situação, então não passei por situações de preconceito ou repreensão por ser mulher nestes ambientes, mas as histórias de colegas mostram que isso ainda acontece muito, por mais que a gente se imponha.
O contato com a tecnologia
Eu trabalhei por muitos anos em empresas tradicionais da parte de construção civil, cuidando da gestão de obras, que é a minha especialização na área. No entanto, a vontade de transformar sempre foi a minha principal motivação, pois estando envolvida e vendo o dia a dia, nunca me conformei com a falta de evolução e digitalização do setor. Motivados por transformar a construção civil através da inovação, eu e meus sócios abrimos, em 2017, a startup Prevision, em que desenvolvemos soluções tecnológicas para planejamento e gestão de obras, com uma metodologia que possibilita entendimento simples, visual e claro sobre a obra e a criação de cenários, proporcionando uma melhor tomada de decisão.
A Prevision possui uma base de clientes construtoras responsáveis pelos maiores edifícios do Brasil, além de estarem presentes em mais de 180 obras em 12 estados da federação. Para nós, é uma satisfação fazer parte desse movimento de transformação! Eu vejo a tecnologia como uma oportunidade de levar eficiência em massa às empresas sem limitação de territórios e sem barreira alguma. Empreender é errar querendo acertar todos os dias e ainda tenho muito o que aprender e me fortalecer, mas apesar de todos os desafios que o empreendedorismo traz, eu tenho muito orgulho da minha trajetória e de tudo o que já construímos, valeu a pena cada dia e super recomendo que, se você tem esse sonho, vá atrás e lute com todas as suas forças. É recompensador.
Além dessa parte da minha vida, em que exerço um cargo de alta liderança com atribuições diárias relacionadas a pessoas e processos, hoje eu sou diretora da Vertical Construtech da Acate, grupo de empresas de tecnologia voltadas para a área da construção civil. Nesse grupo, nós reunimos representantes de mais de 20 empresas e promovemos debates buscando entender e debater sobre como podemos inovar e levar cada vez mais benefícios ao setor. Um dos focos da diretoria é conectar a força da tecnologia de Santa Catarina com os grandes mercados de construção, somando, por exemplo, às empresas referência de São Paulo. A Vertical Construtech visa fortalecer as empresas de base tecnológica que atendem o setor da construção, reunindo pessoas com vasta experiência e agregando cada vez mais inovação para a construção civil no estado e no país. Liderar esse grupo é uma honra para mim, aprendo muito todos os dias e as trocas de experiências me ajudam a crescer em todos os aspectos da minha vida.
Eu me sinto muito bem hoje sabendo que sirvo de inspiração para outras mulheres que me conhecem e têm contato com a minha trajetória. Ainda são poucas as mulheres em posições parecidas com a minha para a realização de trocas, mas as encontro cada vez mais, e acredito que isso só tende a aumentar. Sempre me posicionei como igual em todos os tipos de situações profissionais, e acho que essa é uma dica importante para contribuir no aumento da sensação de segurança das mulheres no ambiente de trabalho.”