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Conhece os três Cs do bom líder? Coragem, consciência e coerência

A liderança sistêmica tem papel central para causar impacto positivo e ser um poder transformador nos negócios. Conheça suas principais características | por Rodrigo Ferreira

Líderes do Futuro
19 de julho de 2024
Conhece os três Cs do bom líder? Coragem, consciência e coerência
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No Grupo Gaia, tive a oportunidade de participar de uma operação no mercado de capitais que exigiu coragem e perseverança. Realizamos a emissão de um CRA (certificado de recebíveis do agronegócio) para sete cooperativas de assentados da reforma agrária.

Foi um feito histórico. Mas, apesar do impacto positivo, recebemos diversas críticas. Em especial, do mercado financeiro, que desconhece a verdadeira atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A ignorância do mercado em geral em relação ao MST faz com que o movimento seja alvo de muito preconceito. O que, por sua vez, o impede de conseguir mais financiamento.

No Grupo Gaia, porém, agimos com coragem, entendemos a atuação do MST e, mesmo o mercado em peso massacrando a operação, seguimos em frente. Concluímos a captação de R$ 17,5 milhões, com mais de 1,5 mil investidores.

Não foi fácil, sofremos boicotes, fomos criticados, mas perseveramos. Hoje essa captação mostra que é possível gerar lucro e causar impacto positivo no mundo.

Conheço, na pele, esses tipos de impacto. Faço parte do Brasil real. Nascido e criado na periferia, não conheci meu pai e minha mãe sustentou a casa trabalhando como doméstica.

Sou fruto de projetos sociais e uma prova viva de que a educação transforma. Diversas iniciativas de impacto me alcançaram e foram fundamentais para chegar aonde cheguei.

Consigo ter tempo livre de qualidade para ler, tirar fotos, recitar poemas no Instagram e escutar música. Meu cantor favorito é Milton Nascimento, e a canção “Tudo o que você podia ser”, do clássico Clube da Esquina (1972), foi inspiração para este texto.

Leia também: Quem são os líderes do futuro?

Impacto positivo

O mundo enfrenta uma série de desafios, como mudanças climáticas, desigualdade e pobreza. As empresas têm um papel importante a desempenhar na solução desses desafios, mas é preciso parar de fazer compromissos vazios e agir para mudar essa realidade assustadora:

  • 2023 foi o ano mais quente registrado na história registrada. 2024 pode ser ainda pior, segundo a ONU.
  • De acordo com um estudo divulgado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), precisaremos de mais 167 anos para alcançar a igualdade racial no mercado de trabalho brasileiro.
  • O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Por aqui, os mais pobres podem levar até nove gerações para alcançar a renda média.

Diante de tantas notícias desanimadoras, é fácil renunciar aos sonhos e desistir de lutar por um futuro melhor.

É preciso ter esperança, aquela esperança ensinada por Paulo Freire: a esperança do verbo esperançar.

Não é simplesmente esperar por dias melhores, pensando que algo bom vai cair do céu e tudo vai mudar. É a esperança de se levantar, ir atrás, construir, não desistir, de nos unirmos e mudar a realidade.

É um processo de transformação. E aqui é fundamental o papel da liderança como agente de mudança. Não existe mais espaço para fazermos negócios de forma tradicional, em que as empresas olham apenas para o próprio ganho.

É preciso pensar e agir de forma sistêmica. Levar o conceito de impacto para o centro do pensamento, como diz o investidor e filantropo Ronald Cohen.

Uma coisa é certa: não iremos mudar o mundo se continuarmos com um modelo de negócio antigo, que não funciona. Não dá mais.

Veja também: videocast “O desafio e a oportunidade do século têm nome e sobrenome: Young Leaders, com Augusto Jr. e Marcela Toguti” (lembre-se de fazer seu login ou cadastro gratuito no portal)]

Liderança sistêmica

O arquétipo “Liderando Inovações Conscientes”, do Instituto Anga e da MIT Sloan Management Review, traça o perfil da liderança sistêmica. Destaco a seguir algumas habilidades essenciais:

1 – Coerência e consciência do propósito

Empresas são formadas por pessoas e cabe a nós, líderes, a responsabilidade de impulsionar a mudança. Devemos manter discurso e ações alinhados e sermos exemplo da mudança que gostaríamos de ver no mundo. O Grupo Gaia, que atua com investimentos de impacto socioambiental, recentemente fez uma mudança radical na forma de fazer negócios: vendeu sua empresa que realizava operações tradicionais e, num movimento liderado pelo CEO, João Paulo Pacífico, doou todos os recursos da venda para serem investidos em impacto socioambiental.

Conheça também o framework: Repensando a avaliação das empresas quanto ao impacto social e ambiental

2 – Coragem e perseverança

No primeiro verso da canção de Milton, ele diz o seguinte: “Com sol e chuva você sonhava Que ia ser melhor depois Você queria ser o grande herói das estradas…”

No meu entendimento, a canção faz uma advertência a alguém que sonhava em ter uma atuação relevante, com um futuro melhor, mas deixou o medo dominar e não agiu em prol daquilo que acreditava.

Em um mundo em constante mudança, a liderança consciente e comprometida é a chave para desencadear transformações significativas. Mas esse movimento só é possível se entendermos que o impacto sistêmico não acontece da noite para o dia. É preciso perseverar e agir no agora com coragem.

Acredito que nossa experiência com o MST se encaixe aqui. Persistimos, apesar das críticas do mercado financeiro, e prosperamos.

O poder transformador dos negócios pode ser usado para gerar um impacto positivo no mundo. Para isso, é preciso que as empresas assumam um papel de liderança sistêmica.

Seja tudo o que você pode ser!

Artigo escrito por Rodrigo Ferreira, menção honrosa no Prêmio Young Leaders 2023. Sua jornada é resultado das iniciativas sociais que fizeram parte de sua vida desde cedo. Formado em relações públicas, atua no Grupo Gaia para contagiar parceiros e investidores sobre a importância do impacto social e ambiental.

Líderes do Futuro
Esta coluna é assinada rotativamente por membros da Comunidade Young Leaders, que reúne finalistas do Prêmio Young Leaders e participantes do programa de formação de lideranças do Instituto Anga.

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