Ações do GMDB, de Luiza Trajano e de outras executivas, mostram como o empreendedorismo feminino é capaz de gerar impacto social ao auxiliar no combate à violência doméstica com o uso de dados e soluções tecnológicas
Segundo o Anuário Brasileiro de Violência Pública, a cada 8 minutos uma mulher sofre violência sexual no Brasil. Se levarmos em conta que muitos casos de agressão nem chegam a ser registrados, o número tem chances de ser ainda mais alarmante.
Quando falamos em agressões físicas, por exemplo, a cada dois minutos um caso é registrado no País. Os dados mostram a importância de ações e políticas públicas e privadas para o público feminino – e datas como o Dia do Empreendedorismo Feminino e Dia do Combate à Violência Contra a Mulher, celebradas nos dias 19 e 25 de novembro, respectivamente, chamam a atenção para o tema que deve estar na pauta durante todo o ano.
Nesse contexto, as organizações da sociedade civil, como o Grupo Mulheres do Brasil (GMDB), são de extrema importância na busca por igualdade de oportunidades e no combate ao preconceito, exclusão, racismo, violência doméstica e outras problemáticas que carecem de soluções urgentes. Criado em 2013 por 40 mulheres de diferentes segmentos, o grupo tem o objetivo de engajar a sociedade na conquista de melhorias para as mulheres e, consequentemente, para todo o Brasil.
Entrei no GMDB em 2014, sou coordenadora do núcleo em Florianópolis-SC desde 2018, e também fui uma das líderes em Santa Catarina do Unidos pela Vacina. No Brasil, o grupo é presidido pela empresária Luiza Helena Trajano e tem mais de 98 mil participantes, também do exterior. É uma honra fazer parte desse movimento. Conheci Luiza em 2008, quando foi lançado o portal Voluntários Online. Eu tinha o sonho de trazer tecnologia para resolver problemas sociais e voluntariado digital para o Brasil, e Luiza foi uma das primeiras apoiadoras do projeto.
Em 2020, no 9º Festival SGB, conversamos novamente, desta vez sobre violência contra a mulher. Empresária e líder reconhecida em todo o País, à frente do Magazine Luiza, o Magalu, Luiza Trajano liderou ações louváveis. Criou o Canal da Mulher, um disque-denúncia que atende funcionárias 24h por dia. Pensando nas clientes da loja, criou um botão no aplicativo de compras do Magazine Luiza para denunciar agressões domésticas. Ações simples, mas efetivas, que mostram como empresários podem ter responsabilidade social e ajudar a mudar realidades duras do País.
O próprio Grupo Mulheres do Brasil tem um comitê voltado para o combate à violência doméstica desde seu surgimento. Por meio de dados e estudos, mostramos as vergonhosas posições que o Brasil ocupa nos rankings mundiais de violência. Além disso, promovemos ações práticas de conscientização e reabilitação de agressores, tema ainda pouco explorado. Ainda influenciamos na formulação de políticas de combate à violência e impulsionamos iniciativas que solucionem este problema.
Se queremos um mundo melhor e com mais oportunidades para as mulheres, o caminho passa pelo combate à violência, pela promoção do empoderamento financeiro, pela conscientização de direitos e luta contra o preconceito. Para se inspirar e saber mais, vale conferir o trabalho do GMDB e assistir à minha conversa com Luiza Trajano no Festival SGB.
Este artigo compõe uma série de publicações divulgadas no site/app e nas redes sociais da MIT Sloan Review Brasil ao longo deste mês, até dezembro, em celebração ao segundo mês dedicado às mulheres além de março, que engloba o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino (19 de novembro) e o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher (25 de novembro).
O primeiro artigo da série destacou o trabalho de cinco empreendedoras brasileiras de destaque no setor de tecnologia. O segundo artigo detalhou uma inciativa de empreeendedorismo feminino do Norte do Brasil em apoio às mulheres vítimas de acidente de escalpelamento. O terceiro artigo detalha o processo de construção do Projeto Relatus, do Instituto Gloria em parceria com a Microsoft, que utiliza inteligência artificial para mepear casos de violência de gênero “