Precisamos de atritos para ser mais reflexivos e responsáveis pelo modo como nos comportamos; os desenvolvedores de soluções de IA devem, portanto, prever compensações ao fato de a IA eliminar atritos
A inteligência artificial (IA) e seus algoritmos nos ajudam a viver e trabalhar melhor ao juntar quantidades imensas de informação e facilitar decisões corriqueiras que consomem tempo e às vezes irritam, como ir a uma loja física comprar um presente de aniversnário para alguém. O problema é que essas decisões desempenham uma importante função adaptativa: elas nos auxiliam a ajustar nossa conduta em relação aos outros e ao mundo que nos cerca. O contato direto com um vendedor em uma loja nos confronta com sua humanidade e nos lembra de ser gentis mesmo quando estamos com pressa. Esses encontros nos ensinam a controlar impulsos, pois exercitamos a compaixão e o autocontrole. Eles agem como um mecanismo, sempre em evolução, de checagem da nossa moral.
Do mesmo modo, as interações com o mundo dos objetos físicos forçam nossa adaptação a novos ambientes. Caminhar ou dirigir em uma rua movimentada nos ensina a enfrentar dificuldades imprevistas como chuva ou buracos no asfalto. Todos os dias temos de nos adaptar ao mundo e adaptar o mundo a nossa volta. Assim nos tornamos reflexivos, capazes de considerações éticas e aspirações pessoais.