
Abordagem segmentada dos conceitos dá lugar à sua integração no comportamento empresarial
Nas últimas décadas, os conceitos de ESG (sigla em inglês que corresponde a responsabilidades ambiental, social e de governança), DEI (diversidade, equidade e inclusão) e gestão da inovação foram frequentemente tratados como iniciativas isoladas dentro das organizações.
Criaram-se departamentos especializados, especialistas foram contratados e desenvolveram-se relatórios para monitorizar o progresso em cada uma dessas áreas.
No entanto, essa abordagem segmentada passa a dar lugar a uma nova dinâmica: a integração desses conceitos na cultura e no comportamento empresarial com influência ou contribuição direta na performance e no resultado.
O pêndulo da gestão ajusta-se para um novo equilíbrio, em que ESG, DEI e inovação não são apenas iniciativas, mas sim parte intrínseca do DNA das organizações, longe de polêmicas politicas ou ativistas.
ESG deixou de ser uma mera responsabilidade corporativa e passou a ser um pilar estratégico essencial. As empresas que incorporam princípios ambientais, sociais e de governança na sua cultura organizacional beneficiam de maior resiliência, atraem investidores mais conscientes e conquistam a preferência dos consumidores.
Para que ESG se torne parte da cultura empresarial, é necessário que os princípios sustentáveis sejam vividos no dia a dia de todos os colaboradores.
Isso significa que decisões operacionais, desde a escolha de fornecedores até a eficiência energética, devem ser tomadas com base numa lógica de sustentabilidade, em vez de serem apenas obrigações relatadas num documento anual.
O grande desafio é a contribuição desse tema para a performance e para o resultado. Sendo naturalmente um aspecto que tende a consumir recursos, a busca de equilíbrio entre resultado e sustentabilidade é o grande desafio da gestão, dominada por modelos tayloristas de organização e estrutura, cuja visão de dentro para fora domina.
Muitas organizações iniciaram programas de diversidade e inclusão como respostas a pressões externas ou até mesmo diante de exigências regulatórias. No entanto, a verdadeira mudança ocorre quando a diversidade e a inclusão deixam de ser iniciativas e passam a ser parte integrante da cultura corporativa.
A inclusão efetiva significa que todos os colaboradores se sentem valorizados, têm igualdade de oportunidades e podem contribuir plenamente para os objetivos da empresa, independentemente da sua origem, característica, raça, orientação ou cor (apenas para listar alguns marcadores).
Isso exige um compromisso profundo da liderança, processos internos revistos para garantir equidade e uma mentalidade que favoreça a colaboração entre pessoas de diferentes origens e experiências.
Regularmente tratado como um tema em formato de projeto isolado muitas vezes para cumprir requisitos meramente de cosmética, o tema assume-se como fundamental na ativação da inteligência coletiva e na capacidade de trazer diferentes visões para o mesmo problema ou realidade.
Durante muito tempo, a inovação foi vista como uma função pertencente a departamentos específicos, como R&D ou tecnologia.
No entanto, as organizações mais bem-sucedidas são aquelas que difundem uma mentalidade inovadora e uma cultura de inovação por toda a estrutura empresarial.
Fomentar a inovação como um valor cultural significa encorajar a experimentação, aceitar falhas como parte do processo de aprendizagem e permitir que os colaboradores de todas as áreas tragam ideias disruptivas.
Isso requer uma estrutura organizacional menos hierárquica, processos mais ágeis e um ambiente que encoraje a colaboração e a criatividade.
A integração de ESG, DEI e inovação na cultura empresarial exige uma mudança de modelo mental.
Em vez de criarem estruturas separadas para cada uma destas áreas, as organizações devem desenvolver uma mentalidade holística, em que sustentabilidade, inclusão e inovação sejam valores partilhados e aplicados no dia a dia por todos independente do nível hierárquico – e com preocupação com o resultado gerado e a longevidade organizacional desejada.
O pêndulo da gestão ajusta-se para um novo equilíbrio: um em que a sustentabilidade não é um custo, mas um investimento; a inclusão não é um requisito, mas uma vantagem competitiva; e a inovação não é uma função, mas um comportamento natural dentro das empresas. E com efetivas contribuições para o resultado e para a longevidade.
As organizações que compreenderem essa mudança e a adotarem plenamente estarão mais preparadas para o futuro, garantindo relevância, crescimento sustentado e impacto positivo na sociedade.
A transformação de ESG, DEI e Inovação em componentes centrais da cultura empresarial não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para organizações que desejam prosperar em um mundo em constante mudança.
O êxito dependerá da capacidade das empresas de alinhar valores, processos e pessoas em um ecossistema em que a sustentabilidade, a inclusão, a criatividade e o resultado sustentável sejam forças motrizes do crescimento e da competitividade.
Ao ajustar corretamente o pêndulo da gestão, as empresas estarão mais preparadas para enfrentar desafios futuros, criando um impacto positivo tanto nos seus negócios como na sociedade.