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Por que o futuro dos bancos é colaborativo

O compartilhamento de dados amplia as possibilidades de negócio às empresas do segmento bancário. Mas a implementação deve ser bem estruturada

Capgemini + MIT SMR Brasil
27 de agosto de 2024
Por que o futuro dos bancos é colaborativo
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A tomada de decisões assertivas e que permitem o crescimento de um negócio requer conhecimento sobre o estado geral da empresa, bem como insights sobre a realidade do mercado. Se o Deutsche Bank, o Bradesco, o Santander e outros bancos credores soubessem do rombo bilionário na Americanas, por exemplo, teriam emprestado somas cada vez maiores de dinheiro à varejista?

Todo e qualquer setor é beneficiado pela inteligência de dados, mas especialmente um que lida com informações sensíveis: o bancário. A boa notícia é que até mesmo bancos tradicionais têm aperfeiçoado serviços e adotando tecnologias e estratégias de coleta e manejo dos dados dos clientes. Entre as mais importantes e em crescente expansão no Brasil estão os ecossistemas colaborativos.

Funciona assim: empresas de diferentes categorias compartilham seus conjuntos de informações e insights específicos sobre um determinado processo ou população com as demais. A partir daí, ocorre o cruzamento de datasets assistido por inteligência artificial. Isso permite mapear tendências, possibilidades e interpretações e definir as ações e estratégias mais benéficas de acordo com os objetivos corporativos.

As organizações parecem estar cientes da importância de fazer essa disrupção tecnológica conjunta. O levantamento Data Sharing Masters, recentemente divulgado pela Capgemini, mostra que, globalmente, 77% das empresas contam com alguma forma de ecossistema de dados e 48% planejam lançar novas iniciativas na área – 84% delas nos próximos três anos. E, para isso, um a cada quatro dos negócios pretende desembolsar mais de US$ 50 milhões ao longo do período.

Porque contar com ecossistemas colaborativos de dados

Sobram motivos para nadar nesta direção. O braço de pesquisas da Capgemini identificou que esses hubs de dados aumentaram a produtividade e a eficiência em 14% e reduziram os custos em 11% ao ano no último triênio.

Outro benefício é a melhora da satisfação do cliente em 15%, um fator central para o sucesso das marcas. Nesse sentido, é positivo investir no atendimento, já que este é o segundo principal motivo para a fidelização dos clientes, ficando atrás apenas do preço, segundo um relatório da Zendesk.

Aqui, os ecossistemas já mostram sua serventia. Afinal, ajudam a direcionar as campanhas de marketing para o público que realmente está interessado no que está sendo oferecido. Além disso, outra aplicação comum é na geração de insights em trabalhos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e sobre o consumo de produtos e serviços.

No final, os usuários desejam praticidade e comodidade. “Em um contexto de ecossistemas conectados, o cliente deixa de depender de várias plataformas e passa a resolver as suas questões em apenas uma, duas, que reúnam tudo que ele precisa”, afirmou Daniel Gomes, CEO da fintech Nexoos, em entrevista ao Meio & Mensagem.

Além disso, o relatório da Capgemini indica que os ecossistemas de dados têm o potencial de ampliar a receita anual de grandes organizações em 2% a 9% nos próximos cinco anos. A iniciativa também promete gerar 10 pontos percentuais de vantagem financeira (ou seja, novas receitas, maior produtividade e custos menores) em três anos em relação a concorrentes menos modernizados nesse quesito.

A estratégia também abre caminho para a monetização de dados. Trata-se da geração de valor para as empresas por meio do compartilhamento de informações e insights, criação de novos produtos e serviços e revisão dos modelos de negócio com a diversificação de fontes de receita.

Oferecer praticidade também é importante, como demonstra a popularidade das fintechs, bem como personalização dos serviços, produtos e atendimento. O processo é auxiliado pela identificação de padrões e preferências a partir de dados, disponíveis em um expressivo volume devido ao amplo acesso à internet.

Tipos de ecossistemas de dados

O relatório da Capgemini verificou que apenas 14% das empresas mantêm algum meio de compartilhamento de dados de fato colaborativo. Para ampliar este número, o primeiro passo é escolher quais informações serão compartilhadas e com quais parceiros. O movimento requer conhecer os diversos tipos de ecossistemas de dados, entre eles os de:

– Corretagem e agregação de dados: a organização tem dados com valor direto para seus clientes e negocia com terceiros as percepções derivadas dele.- Data sharing recíproco: várias empresas compartilham dados, uma delas sendo o player principal.- Federated Analytics: vende acesso a análises e insights de outra organização, cujos dados não podem ser diretamente compartilhados ou acessados devido a questões regulatórias, ao volume ou a outros motivos.- Cadeia de suprimentos de dados colaborativos: várias organizações atendem a um único cliente ou mercado, e a própria colaboração é o novo produto ou serviço.

Porém, dois tipos dominam o mercado nacional e estão em ascensão. São os seguintes:

– De setor: possui dados específicos de cada segmento econômico e os compartilha com base em critérios que permitem o uso em benefício das atividades dos bancos, por exemplo.- De dados abertos: criados e mantidos por organizações que compartilham dados públicos abertamente para benefícios sociais.

Cuidados na implementação

Não basta existir a vontade de estabelecer ecossistemas colaborativos de dados. O caminho até a implementação bem sucedida é longo e requer uma série de cuidados, entre eles, estabelecer o modelo de negócios com uma proposição de valor exclusiva e vantajosa para todos os envolvidos.

Outro ponto a se observar a partir da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é a privacidade e a propriedade das informações pessoais ou confidenciais. Nesse passo, as empresas devem implementar os ecossistemas considerando valores éticos, confiança e requisitos regulatórios. Sem esquecer das regras das próprias plataformas, a exemplo do WhatsApp, que exige que o cliente dê o opt-in para receber contatos e fornecer informações pessoais, tendo-as armazenadas e compartilhadas.

E aí está o principal desafio dos bancos, especialmente em um momento de implementação do open banking e do open finance no Brasil. Segundo um estudo recente da Akamai Technologies, em parceria com a Cantarino Brasileiro, 52% dos respondentes não estavam dispostos a permitir o compartilhamento de dados entre instituições financeiras.

Ao Meio & Mensagem, Gomes afirmou que existe um longo caminho a ser percorrido: “principalmente pela falta de clareza por parte dos usuários sobre os benefícios pretendidos e de como funciona a transferência de informação”. O empreendedor também aponta a prevenção e o combate de fraudes, assim como a segurança cibernética, como pontos importantes a serem observados.

O sucesso da empreitada ainda requer o uso das ferramentas corretas, que permitem extrair, limpar, integrar, catalogar, rotular e organizar as informações. Para isso, o mercado brasileiro conta com a plataforma de software Hadoop e a computação de alta performance (high performance computing, ou HPC), que são empregadas em conjunto com nuvens. Assim, agregam escalabilidade aos negócios, já que possibilitam ampliar a análise de dados, que hoje, em uma empresa média, ocorre em cerca de 40% das amostras, segundo pesquisa da VMware.

O processo, como parece, é complexo. Porém, fica mais simples quando liderado por gerentes que conhecem o valor da iniciativa e implementam os cinco passos apontados como fundamentais em um estudo recente da consultoria Gartner. São eles:

1. Criar visão e estratégia.2. Estabelecer um framework.3. Cultivar uma cultura orientada por dados e estabelecer governança.4. Gerir o valor dos dados.5. Refinar a estratégia.

Todo esse processo não precisa ocorrer em todos os setores da organização ao mesmo tempo. A data management pode ser aplicada de modo escalonado, iniciando em apenas um departamento ou caso específico e sendo ampliado à medida em que é aperfeiçoado e adaptado às necessidades dos clientes e da empresa.”

Capgemini
A Capgemini é uma empresa líder em parcerias estratégicas para transformação e gestão de negócios, utilizando tecnologia para liberar seu valor. Com mais de 50 anos de experiência global, oferece soluções abrangentes desde estratégias até operações, com especialização em nuvem, dados, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.

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