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Processos, pessoas e liderança em 2020

Processos não devem ser nossos inimigos, não precisam descer sempre amargos pelas nossas gargantas. Eles são criados para nos servir, não o contrário

Natasha Bontempi
15 de julho de 2024
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“Todo trabalho que a máquina faz melhor que um humano, é um trabalho desumano” – Ligia Zotini

Há quem acredite que regras só existem para deixar o mundo mais burocrático e rígido, criando entraves que deixam as jornadas mais longas. Há muitas empresas que, em vez de revisitar, vão fazendo “puxadinhos” em seus processos e controles para atender a novas demandas, fingindo que seguem um ordenamento que faça sentido. Contudo, no final da história, quando questionamos a necessidade de alguma etapa de tal processo, a resposta que recebemos é a mesma: “porque sempre foi assim”.

Processos não devem ser nossos inimigos. Não precisam descer sempre amargos pelas nossas gargantas. Não estão aí para atrasar nossa rotina. Eles são criados para nos servir, não o contrário, e existem por diversas razões – em especial, para assegurar um desenvolvimento operacional forte e visível a todos. Dito isso, precisam ser questionados e revisitados constantemente, com o objetivo de atender às necessidades humanas. Assim, não viramos máquinas repetidoras de tarefas sem sentido.

Um exemplo claro e atual do que quero dizer é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Uma lei não precisa ser mais uma ferramenta de controle se entendemos que ela foi criada para trazer mais segurança a todos. No caso da LGPD, saber que seus dados estarão protegidos e que medidas sérias podem ser tomadas caso haja alguma violação não faz você respirar mais aliviado?

E o que isso tem a ver com recursos humanos?

Empresas com processos claros e inteligentes passam uma mensagem de maior transparência. Prova disso é que a pesquisa 2021 Global Marketing Trends – Find your focus, da consultoria Deloitte, indicou que 25% dos consumidores entrevistados afirmaram terem se afastado de marcas em 2020 que, em sua percepção, agiram apenas por interesse próprio e se distanciaram de valores humanos ou não foram transparentes.

Fato é que é mais fácil dormir todas as noites sabendo que se trabalha em uma empresa ética, e de uma ética que não é apenas “para inglês ver”. E é essa tranquilidade que abre espaço para a inovação.

Além disso, quando se entende o quê e para quê está realizando determinada tarefa, seja algo diretamente ligado ao seu trabalho ou um processo corporativo, há menos resistência por parte dos colaboradores e também há maior engajamento. Inclusive, segundo a Gallup, funcionários engajados têm 23 vezes mais probabilidade do que colaboradores desinteressados de recomendar sua organização como um ótimo lugar para trabalhar.

Criar programas que incitem os profissionais a apontar oportunidades de melhorias fazem eles se sentirem pertencentes. O RH também precisa zelar pelos direitos e deveres e verificar se estes estão sendo cumpridos. Isso torna o ambiente de trabalho mais justo.

O papel do líder

Acima de tudo, a liderança precisa ter um papel didático, explicando o porquê das coisas e dos processos existirem. É obrigação do líder informar com clareza como cada engrenagem impacta no futuro da empresa. Isso demanda tempo, entretanto, com certeza, é um bom investimento.

Outro ponto importante é dar espaço para o questionamento, por mais difícil que ele seja. É por meio de conversas difíceis que boas ideias surgem e, quando for esse o caso, o líder deve dar suporte a ela – lembrando que, quanto mais diverso o time, maior a capacidade de geração de ideias inovadoras.

Retomando a questão de processos, qual seria um dos principais processos da atuação do líder? Delegar, delegar, delegar. Mas delegar de verdade! Com um mix de autonomia e suporte, mas sempre deixando claro os limites desde o princípio, o líder é capaz de inspirar e ensinar seu time.

E quando o profissional errar? Você deve estender a mão, ajudar a recalcular a rota e acompanhar seu caminhar. Por tudo isso, o líder é fundamental em fomentar o hacking nos processos.

A felicidade no trabalho

Há quem diga que felicidade está nos pequenos momentos. De fato, dedicamos boa parte do nosso tempo ao trabalho, logo, até por uma questão saudável, ele deveria trazer mais momentos de satisfação.

Encontrar propósito no trabalho fica bem difícil quando você não entende para que serve aquele parafuso que você vai apertar. E cabe a nós também cultivar uma atitude curiosa de buscar essas respostas.

Se um processo está fazendo você sofrer, diga. Se uma regra não está de acordo com o que o mundo atual pede, sinalize. Se algo não está legal, fale. Use a seu favor a vantagem do “por que não”, mesmo que você tenha criado tal processo – aliás, especialmente se você o tiver criado…

Por outro lado, se você não acha algo correto e não tem poder para agir, salte do barco sem medo. Sempre haverá um lugar em que poderá se encaixar melhor. No final das contas, as regras, os processos e os controles não precisam deixar seu mundo mais chato, mas mais seguro para que você possa voar mais alto.”

Natasha Bontempi
Coordenadora de desenvolvimento humano da Bravo GRC.

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