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Como os países tropicais podem acelerar seu protagonismo na economia net zero

Sistemas integrados de produção de alimento e bioenergia, como o da cana-de-açúcar, estão iniciando uma revolução silenciosa que contribuirá muito para o esforço mundial de descarbonização e abrirá muitas frentes de negócios

Paula Kovarsky, Mateus Schreiner Garcez Lopes, Fábio Ferreira da Silva, Laura Makiko Asano, André Valente Werneck, Samuel Luis Oliveira Pereira e Alan Barbagelata El-Assad
30 de julho de 2024
Como os países tropicais podem acelerar seu protagonismo na economia net zero
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O conflito Rússia-Ucrânia ampliou drasticamente o escopo dos desafios relacionados à transição energética. Se antes o foco único era a descarbonização, está clara a necessidade de conciliá-la à segurança nacional de suprimento de energia e alimentos. Esse conflito desestabilizou cadeias de fornecimento mundo afora, desencadeando uma escalada sem precedentes nos preços de energia, de alimentos e de outros insumos críticos, como fertilizantes. Agora é hora de indústria, academia e governos pensarem em sistemas integrados de produção de bioenergia e de alimentos com alta eficiência e segurança, visando criar estratégias de descarbonização sustentáveis e inclusivas, especialmente para países tropicais em desenvolvimento.

As oportunidades em torno disso são inúmeras. Quatro serviços-chaves da jornada de descarbonização em que as inovações aplicadas à agricultura e à bioenergia serão essenciais: (1) soluções para transporte leve; (2) desenvolvimento de soluções para setores “hard-to-abate”, como aviação, transporte marítimo e produção de materiais como aço e plásticos; (3) produção de alimentos de alto valor nutricional; e (4) fornecimento de serviço ambiental de remoção de CO2 da atmosfera. Porém para enfrentar o desafio de aproveitá-las, vemos muitos benefícios na inclusão de pontos de vista diversos, em vez de nos atermos apenas à perspectiva dos países com clima temperado que hoje domina o debate. A perspectiva de países tropicais é importante porque a agricultura tropical possui características intrínsecas que possibilitam modelos de produção diferentes dos das regiões temperadas, podendo atingir produtividade significativamente maior. Além disso, a região tropical possui enorme potencial em área e insolação para criar soluções voltadas à descarbonização global. Assim, apresentamos aqui os sistemas integrados de produção de alimentos e energia (IFES, na sigla em inglês) e mostramos por que podem ser a forma mais eficiente de descarbonização pelo uso da terra em determinados contextos.

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Paula Kovarsky, Mateus Schreiner Garcez Lopes, Fábio Ferreira da Silva, Laura Makiko Asano, André Valente Werneck, Samuel Luis Oliveira Pereira e Alan Barbagelata El-Assad
Paula Kovarsky é VP de estratégia e sustentabilidade da Raízen. Mateus Schreiner Garcez Lopes é diretor de transição energética e investimentos da área na Raízen e vice-chairman da Associação Brasileira de Bioinovação. André Valente Werneck é gerente de sustentabilidade da Raízen. Laura Makiko Asano é especialista em processos industriais na Raízen. Fábio Ferreira da Silva é doutorando em planejamento energético na Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ). Samuel Luis Oliveira Pereira é gerente de novos negócios na Raízen. Alan Barbagelata El-Assad é gerente de tecnologia de processos na mesma empresa.

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