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Empresas “data masters” e a hiperpersonalização

O que as organizações ganham ao combinar negócios e tecnologia – e como os dados melhoram o processo decisório das empresas mundo afora

Capgemini + MIT SMR Brasil
15 de julho de 2024
Empresas “data masters” e a hiperpersonalização
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Saber onde está o seu cliente e quais são suas principais características, como idade, ocupação, gênero e histórico educacional, se tornaram informações insuficientes no que chamamos de era da hiperpersonalização. Num universo em que os celulares “parecem” ouvir nossas conversas e “descobrir” o que queremos comprar antes mesmo de buscarmos na internet, detalhes sobre estilo de vida, opiniões, valores e atitudes se tornam essenciais para toda e qualquer estratégia de awareness, vendas e pós-venda.

Assim, é chover no molhado dizer que os dados gerados a partir do comportamento do usuário na internet representam um ativo notável para toda e qualquer empresa. Mas algumas delas se destacam por entenderem melhor o perfil dos consumidores. São as chamadas “data masters” – empresas que levam em consideração até mesmo a subjetividade dos clientes ao redesenhar produtos e negócios afinados com suas preferências.

É essa subjetividade que levou a startup chilena NotCo a distribuir por meio da famosa cadeia de alimentos Whole Foods seu produto NotMilk. Em um trocadilho com a reconhecida campanha “Got Milk”, o negócio criou uma bebida vegetal única ideal para consumidores que desejam cortar o leite animal de suas dietas (seja por motivos de saúde ou de sustentabilidade), mas especialmente interessante para aqueles intolerantes à lactose.

O produto NotMilk foi criado a partir de uma inteligência artificial, apelidada de Giuseppe, que utilizou informações de consumo e comportamento dos clientes com dados de plantas e ingredientes para gerar combinações semelhantes ao leite de vaca. Como resultado, a avaliação dos consumidores foi bastante positiva, colocando o NotMilk como um dos produtos mais próximos do leite de vaca em termos de sabor, cor e textura.

Otimizando negócios com dados

Mas por que as empresas não exploram todo o potencial da análise de dados? A Capgemini fez uma pergunta semelhante para mais de 200 executivos das áreas de negócios e tecnologia. Como resultado, conseguiu extrair insights valiosos sobre a importância da inteligência digital para essa hiperpersonalização – reunidos no relatório The Age of Insight.

Nesse contexto, não resta dúvida de que a experiência de mercado é fundamental. Entretanto, a qualidade dos usuais next best action (NBA) e next best offer (NBO) depende mais da qualidade do mapeamento da jornada de compra. E a utilização de dados consistentes é o que permite a análise de informações cruciais, como o perfil de consumo do cliente, seu canal de preferência e ticket médio.

Acontece que a pesquisa da Capgemini mostra que só 16% das organizações de bens de consumo são capazes de interpretar os dados da maneira mais assertiva possível. No varejo, essa taxa cai para apenas 6%. “Comparadas àquelas que não usam os dados a seu favor, esse grupo de empresas tem performance melhor, o que significa uma margem de lucro operacional 30% maior do que a média da indústria”, afirma Thiago Nascimento, vice-presidente da prática de digital services da Capgemini Brasil.

Segundo Nascimento, líder da área que conta com mais de mil colaboradores e é responsável pelas entregas de projetos de customer experience e insights & data para empresas de grande porte e diversos segmentos no mercado, para que empresas atinjam a maturidade da análise de dados, se faz necessário o desenvolvimento de duas dimensões, chamadas de “data foundations” e “data behaviors”.

O executivo explica que data foundations são as ferramentas e tecnologias necessárias para que organizações utilizem, aprofundem e aproveitem dados (como o uso de plataformas de inteligência artificial, processamento e mineração de dados, implementação de governança de dados etc.). Já data behaviors corresponde a dados relacionados ao DNA da organização, presentes em comportamentos divididos em processos, pessoas, habilidades e cultura (como visão, cultura e estratégia de ativação de dados, interoperabilidade, etc). O gráfico abaixo ilustra a aplicação desta diferença.

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“A análise demonstra que temos empresas que são ‘mestres dos dados’, que apresentam alto desempenho em todos os processos que envolvem informações de consumidores, e empresas que são ‘retardatárias de dados’, aquelas que necessitam desenvolver e implementar uma estratégia profunda de dados”, explica Nascimento. O gráfico mostra que a maioria das organizações de bens de consumo (75%) e de varejo (83%) estão atrasadas em relação aos dados quando comparadas com a média geral de todos os setores (71%).

Para se espelhar nos “data masters”

Empresas realmente orientadas por dados têm muito a ensinar. Elas deixam que as metas de negócios conduzam a estratégia de coleta, tratamento e análise. Também investem em informações de boa qualidade. Mas há outro fator importante: todo “mestre dos dados” sabe como transformá-los em resultados de negócio.

Na verdade, segundo o relatório da Capgemini, algumas práticas podem encurtar o caminho das grandes empresas em direção ao domínio de dados. Para facilitar a customização da jornada de compra, MIT Sloan Management Review Brasil elencou duas estratégias fundamentais, presentes no estudo da consultoria. Confira:

Implante práticas superiores de gerenciamento de dados. Em outras palavras, é preciso automatizar o processo de coleta combinando dados externos e internos. Daí virão insights confiáveis de maneira consistente.

Desenvolva habilidades de storytelling de dados em todos os níveis. O objetivo é criar confiança e alinhamento entre TI e executivos de negócios. Para mais, é importante eliminar silos causados pela implementação de data lakes. Prefira sempre a nuvem.

Mas só reunir insights é insuficiente. Para reivindicar o título de “data master”, a organização precisa trabalhar suas informações por meio de uma abordagem holística.

“Todas as empresas consideradas data masters apresentam três aspectos essenciais sobre a criação, integração e colaboração: times de negócio são sempre considerados e consultados quando há a seleção e a extração de dados, os processos internos são claros o suficiente para a gestão e para a integração dos dados, até mesmo aqueles de áreas particulares, e a qualidade de dados é fundamental para o design de toda e qualquer aplicação ou processo. É isso que traz a possibilidade de se aproximar do consumidor, otimizando operações e promovendo o lançamento de produtos e serviços mais rapidamente”, descreve Nascimento.

O Brasil precisa mesmo correr?

Em artigo para a MIT Sloan Management Review, os pesquisadores Peter Weill, Stephanie L. Woerner e Aman M. Shah alertam para a falta de inteligência digital no c-level da maioria das organizações. Entre 1.984 grandes empresas do mundo todo, apenas 7% têm equipes de alto escalão com conhecimento e habilidade em tecnologia.

De acordo com o grupo, é crucial que os executivos seniores tenham esse conhecimento para o sucesso da transformação das corporações. Isso porque a habilidade também confere vantagem competitiva – empresas com executivos de maior inteligência digital superam as concorrentes em mais de 48% (com base no crescimento da receita e do valor de mercado). Além disso, possuem margens líquidas 15% superiores.

O VP de digital services da Capgemini acredita que os desafios para se tornar uma empresa data-driven são os mesmos no mundo inteiro. Para atender às necessidades dos clientes, é preciso promover uma atualização cultural e organizacional. “O primeiro passo é ter uma coleta muito assertiva dos dados, o que parece ser o calcanhar de Aquiles de muitas organizações no País. Você precisa criar uma massa de dados consistentes, qualificados e confiáveis. Depois, o negócio pode tomar uma decisão”, explica. A partir disso, é possível proporcionar um atendimento direcionado, envolvente e único.

Vale ressaltar que o Brasil está dentro dos padrões internacionais de uso de dados acerca de processo decisório e hiperpersonalização. Segundo Nascimento, o setor financeiro do País é um dos segmentos mais avançados do mundo em uso de tecnologia.

Mas o que explica a existência de tantas empresas refratárias?

No caso das indústrias de bens de consumo, os principais players do mercado se encontram em uma posição mais avançada. Trata-se de empresas com operações consolidadas, cuja atuação extrapola fronteiras. A indústria do varejo está um pouco atrás. Até mesmo porque é um setor mais dinâmico e regional.

Para o executivo, a vontade de otimizar o gerenciamento de dados sempre existiu. “O que ainda falta é a capacitação de pessoas para tornar essa evolução viável. O potencial para trabalhar dados é limitado pela quantidade de cientistas e engenheiros de dados no mercado.”

A cultura é o fator principal. A organização pode até mesmo construir um arcabouço de plataformas especializadas. No entanto, a menos que se confie no conjunto de informações levantadas, o esforço será em vão. Por esse motivo, recomenda-se a criação de culturas de aprendizado rápido, que incluam treinamentos em grupo e roteamento de equipes.

É preciso alcançar o modelo operacional correto, o que inclui a formatação de uma cultura orientada por dados em todos os níveis de gerenciamento. “No Brasil ou em qualquer lugar, as empresas que conseguirem transformar a própria cultura, de modo a garantir a consistência e a proteção dos dados, certamente irão se diferenciar”, conclui o VP de digital services da Capgemini, Thiago Nascimento.

Para instituições tradicionais que desejam transformar processos, pessoas e cultura em direção à era da hiperpersonalização, a Capgemini aponta o aprofundamento de quatro áreas críticas da jornada de desenvolvimento de produtos e serviços:

1. Promova uma cultura baseada em dados e capacite as equipes com dados no ponto de impacto.

2. Modernize a plataforma de dados para uma implementação mais rápida de insights.

3. Fortaleça a confiança nos dados com a governança de dados e a ética de dados certas.

4. Conecte-se a ecossistemas de dados externos para permitir novos modelos de negócios e compreender profundamente os consumidores e as operações.

O Fórum: A era da hiperpersonalização é uma coprodução de MIT Sloan Review Brasil e Capgemini.

Se você deseja falar com um dos especialistas Capgemini, entre em contato aqui.

Capgemini
A Capgemini é uma empresa líder em parcerias estratégicas para transformação e gestão de negócios, utilizando tecnologia para liberar seu valor. Com mais de 50 anos de experiência global, oferece soluções abrangentes desde estratégias até operações, com especialização em nuvem, dados, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes.

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