O debate exige um posicionamento de cada um de nós
GRETA THUNBERG, a sueca de 16 anos à frente da cruzada mundial da juventude pelo clima, comprometeu-se a não voar mais de avião por causa do gás carbônico emitido. Com isso, ajudou a criar, ao menos entre as pessoas ligadas à área de sustentabilidade, o movimento “vergonha de voar” – que teve início na Suécia, mas já se alastra. Muita gente – príncipe Harry, David Beckham, CEOs se organizando para Davos – está às voltas com uma pergunta difícil: será preciso parar de voar?É uma pergunta pertinente. Se a mudança climática é uma crise existencial – e creio que seja –, não caberia a todos fazer de tudo para reduzir nossa pegada de carbono? E mais: empresas que já se comprometeram com a ação climática não deveriam sair à frente, cortando suas viagens de avião, ainda que parcialmente?A resposta é: “Depende”. Há boas razões para seguir voando, como conectar a humanidade e promover a cooperação entre povos – inclusive na luta contra a mudança climática. E há também boas razões para não voar mais. Viagens aéreas representam entre 2% e 3% das emissões globais e isso vem crescendo, uma vez que o número de passageiros de companhias aéreas deve dobrar, nos próximos 20 anos, para mais de 8 bilhões ao ano.
“Voar ou não voar” é objeto de intenso debate. Em uma discussão sobre o clima no Twitter, Genevieve Guenther, fundadora da EndClimateSilence.org, tuitou que líderes do movimento pelo clima deveriam parar de viajar de avião. O escritor Ramez Naam, um ativista de cleantechs, respondeu que pensar a ação climática em termos de sacrifícios pessoais seria contraproducente: “Se a mensagem for ‘para resolver a questão do clima, todo mundo deve parar de voar’, vai ficar mais difícil produzir alguma ação climática”.O fato é que, agora, cada um de nós precisa tomar uma decisão a esse respeito, e de maneira consciente e embasada.