Cinco tendências relacionadas à tecnologia auxiliam na identificação de oportunidades, através da captura de dados e geração de insights, num período de alta instabilidade na cadeia de suprimentos
“As cadeias de fornecimento são a espinha dorsal da economia global. Nos últimos anos, elas têm se tornado mais complexas, com um número cada vez maior de centros de produção e distribuição espalhados em todo o mundo. Atualmente vivemos um período de vulnerabilidade, com paralisações de operações e restrições globais de transporte. Isso mostra que os bens acabados e as matérias-primas não estão disponíveis quando, onde e como as empresas e os consumidores querem.
Assim, nesse momento, há alta volatilidade de diversos suprimentos vitais devido aos padrões de demanda inconsistentes, flutuações do estoque e centros de distribuição com restrições. Dessa forma, qualquer interrupção pode trazer efeitos graves, o que força as empresas a reformular sua estratégia e buscar maior dinamismo, responsividade e resiliência, bem como a aproximação dos seus processos internos com seus ecossistemas externos.
Uma pesquisa recente do Institute for Business Value, com dois mil executivos da cadeia de fornecimento em todo o mundo, aponta o que empresas de vários segmentos têm feito para se adaptar aos novos tempos, cada vez mais desafiadores. Cerca de 10% dos entrevistados, um grupo que chamamos de inovadores, superaram significativamente os outros. O resultado é que nos últimos três anos, os inovadores relataram crescimento de receita 34% maior e 326% a mais de lucratividade do que seus concorrentes.
Interrupções futuras nas cadeias de fornecimento globais são inevitáveis. Por isso é essencial que elas estejam preparadas para ajustes das operações com velocidade e eficiência, respondendo aos padrões de compra e consumo que podem mudar rapidamente.
Isso aponta que prever a demanda por meio de modelos de séries temporais baseados apenas no histórico de vendas e nos dados operacionais, remendados com alguns dados atuais, pode levar ao planejamento impreciso e desalinhado com a demanda real. Isso promove superávit ou falta de estoque, além de inibir uma abordagem proativa para mitigar os riscos.
A geração de dados granulares confiáveis, e em tempo real, passou de desejável para necessário. Não é por acaso que as organizações líderes da cadeia de fornecimento, os inovadores, usam inteligência em tempo real com uma frequência de 35% superior aos seus pares, como representado no gráfico a seguir.
Esses dados, aliás, em parceria com tecnologias exponenciais como robótica, automação, IoT, nuvem, computação de ponta e blockchain permitem o desenvolvimento de fluxos de trabalho inteligentes.
Os fluxos de trabalho inteligentes são orientados por inteligência artificial, adotam a automação sempre que possível, facilitam a integração horizontal e fornecem uma visibilidade de 360 graus da cadeia e as potenciais interrupções. Eles também capacitam o desenvolvimento de uma torre de controle – um centro de comando personalizado de dados com métricas de negócios e eventos por toda a cadeia de fornecimento.
Ao melhorar a confiabilidade, os fluxos de trabalho inteligentes trazem resiliência e estreitam a lacuna entre situações inimagináveis e o movimento antecipado para mitigação de riscos, tais como o deslocamento da força de trabalho e as interrupções no atendimento ao cliente.
Desse modo, é interessante apontar que tanto os inovadores como seus pares relataram investimentos e expectativas semelhantes em robótica e automação. No entanto, nas outras tecnologias exponenciais, os inovadores lideram o caminho. Por exemplo, os inovadores investiram 30% a mais em inteligência artificial e 31% em computação de ponta, como destacado no gráfico a seguir:
Dada sua posição de vanguarda na aplicação de tecnologia, os inovadores estão mais otimistas do que seus pares de que esses investimentos serão lucrativos, especialmente em relação à internet das coisas (IoT), inteligência artificial, nuvem e computação de ponta, de acordo com as informações registrados no primeiro gráfico.
Além disso, os inovadores superam, significativamente, seus concorrentes em capacidade de resposta, agilidade e produtividade, todos os fatores de mudança de jogo que criam resiliência e influenciam sua confiança na configuração e execução de operações.
Os fluxos de trabalho inteligentes, geram valor por reelaborarem a forma como o trabalho é feito, adicionando inteligência artificial e automação nas tarefas diárias, trazendo respostas e permitindo a geração de insights. Dessa forma, eles são o “”centro de gravidade””, posicionando-se como a conexão de cinco tendências para aumentar a capacidade de resposta e a flexibilidade da cadeia de fornecimento.
Personalização da experiência do cliente: as cadeias de fornecimento precisam se diferenciar por meio de uma experiência personalizada para o cliente e que seja parte integrante em todos os pontos de contato. Os inovadores entendem essa centralidade do cliente e buscam essa experiência personalizada com uma frequência de 40% superior aos outros entrevistados.
Operações autocorretivas: o foco é a autonomia, incorporando capacidades de autoaprendizagem e autocorreção. Os ativos conectados entendem o estado atual, aprendem e agem em conformidade, antecipando-se para o aproveitamento dos processos automatizados e softwares de autocorreção. Os inovadores fazem uso de operações autocorretivas 53% a mais que seus pares.
Modelos operacionais ágeis: para possibilitar uma cultura de responsabilidade, alinhada aos objetivos estratégicos e com colaboração contínua. Esses modelos permitem a geração de insights de forma mais rápida, apoiando as equipes internas e os ecossistemas de uma organização. Os inovadores relatam uma expectativa de 20% maior de que os modelos operacionais ágeis se tornem uma vantagem competitiva nos próximos três anos.
Redes transparentes e éticas: as redes blockchain proporcionam que redes multissetoriais e multiempresariais forneçam visibilidade compartilhada de dados confiáveis para gerar insights e melhorar a qualidade das decisões. Elas também podem reduzir erros de pedidos e melhorar a resolução de disputas entre o ecossistema. 70% dos entrevistados disseram que blockchain aumentará a transparência no fornecimento.
Configurações de computação dinâmica: ambientes de nuvem híbrida, plataformas e computação dinâmica podem trazer clareza sobre os dados de forma responsiva. Os inovadores apontam investimentos 30% superiores ao de seus pares na implementação de inteligência artificial e tecnologias exponenciais para automatizar suas operações.
O ponto comum entre estas cinco tendências é o uso da tecnologia para obtenção de dados e geração de insights. É a concepção da transformação digital de dentro para fora na organização, identificando oportunidades e agindo de forma mais rápida e efetiva em um momento de alta volatilidade da cadeia de fornecimento.””