
Em um mundo global e turbulento, a implantação de novas tecnologias precisa seguir um modelo que enfrenta as intempéries conforme elas surgem – e não seguir um mapa previamente definido
Em sua discussão sobre desenho de tecnologias, a antropóloga Lucy Suchman, da Lancaster University, Reino Unido, cita duas abordagens diferentes para a navegação em mar aberto – a europeia e a do povo chuukese, da Micronésia: “O navegador europeu começa com um plano – um roteiro – que ele desenhou segundo princípios universais, e conduz sua viagem recorrendo a esse plano a cada movimento. Seu esforço ao longo da viagem é orientado a permanecer ‘em curso’. Se eventos inesperados acontecem, ele primeiro precisa alterar o plano, e depois reage”.
Ela continua: “O navegador micronésio, por sua vez, começa com um objetivo em vez de um plano. Ele parte rumo a esse objetivo e reage às condições conforme elas se apresentam. Utiliza informações fornecidas pelo vento, pelas ondas, pela maré e pelas correntes marítimas, pela fauna, pelas estrelas, pelas nuvens, pelo som da água na lateral do barco, e se orienta por elas. Seu esforço é direcionado a fazer o que for necessário para atingir o objetivo”.