O crescimento saudável de um negócio depende de um pipeline consistente de novas e criativas ideias – ou melhor, de estratégias para gerá-las, desenvolvê-las e operacionalizá-las. Será que as empresas brasileiras têm tal pipeline?Recente estudo da consultoria Palas, divulgado em meados de 2021, diz que 30% das empresas não possuem nenhuma estrutura de governança voltada à inovação (departamento ou comitê), 38% não têm funil de inovação e 26% têm esse funil, mas sem etapas bem definidas. A amostra é pequena (60 empresas), mas dá uma pista. É claro que a inovação está sendo feita fora de casa em alguns casos, como mostra o ranking Top 100 Open Corps 2021, de inovação aberta. O número de contratos de empresas com startups no Brasil cresceu 69% entre 2020 e 2021, de 1.968 para 3.334. É possível acompanhar as inovações das dez empresas que mais investem nisso por aqui – Ambev, ArcelorMittal, BMG, Basf, Nestlé, Stefanini, Natura, Unimed Brasil, Raízen e Suzano. Mas as comparações internacionais mostram que isso ainda está longe de ser suficiente.
Segundo a última edição do Índice Global de Inovação (IGI), divulgada em setembro de 2021, o Brasil ocupa o 57º lugar entre 132 países. Embora represente um avanço de cinco posições em relação a 2020, o resultado é decepcionante. O País segue bem abaixo do registrado em 2011 – quando foi o 47º país mais inovador do mundo – e é incompatível com a 12ª maior economia do planeta (dado de 2020) e com uma comunidade empresarial sofisticada como a nossa, na visão da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Por aqui ainda se investe apenas 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, ante 3% nos EUA e 5% na Coreia do Sul e em Israel. Os relatórios European Innovation Scoreboard (EIS), da Comissão Europeia, confirmam a insuficiência. Na edição de 2021 do EIS, os países europeus – criticados em inovação – cresceram mais do que o Brasil nessa área.
E nossas empresas? Estão ausentes dos rankings globais – sinal de uma economia ainda pouco internacional, evidente. Mas será só isso? Nos rankings globais do BCG e da Fast Company, por exemplo, não há empresas do Brasil nas 50 primeiras posições. Vale citar o Nubank, que entrou no 100 Most Influential Companies da revista Time em 2021, descrito como uma organização que lidera a mudança tirando os atritos do sistema financeiro para os clientes. Ainda assim, não entrou nas categorias associadas diretamente a inovação.
Ante os desafios brasileiros, este Report especial analisa o processo pelo qual ideias inovadoras avançam da inspiração à implementação, sobretudo do ponto de vista de evitar os obstáculos que fazem com que muitas empresas – metade ou mais – consigam converter só 10% dos projetos piloto em negócios (dado do venture capital 500 Startups).
Uma das mais relevantes armadilhas está no modo de trabalho. O modelo de colaboração para inovar em geral é o mesmo ao longo de todas as fases da jornada da ideia, como diz Jill E. Perry-Smith, quando deveria mudar a cada fase, conforme mudam as necessidades.
Escolher em que ideias investir (e de quais desistir) costuma ser outra armadilha. E das mais perigosas. Frequentemente são escolhidas ideias pobres. Thorsten Grohsjean, Linus Dahlander, Ammon Salter e Paola Criscuolo aconselham aos líderes caminhos alternativos para melhorar o índice de sucesso de novas ideias levadas ao mercado.
Não saber aproveitar a inovação aberta é uma terceira armadilha. Denis Bettenmann, Ferran Giones, Alexander Brem e Philipp Gneiting explicam como evitar o insucesso nesse front, e para isso dissecam o modelo de aceleração corporativa aberta da Mercedes-Benz. E uma quarta armadilha tem a ver com tratar a inovação como um fim em si mesmo, sem alinhá-la com a estratégia geral. B. Tom Hunsaker e Jonathan Knowles perguntam: você quer aumentar a magnitude do negócio? Reimaginar a atividade atual? Ou mudar de atividade?
Adapte o modo de colaborar ao longo do caminho
Há um jeito melhor de conseguir dinheiro para novos projetos