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TECNOLOGIA 5 min de leitura

Lições da DeepSeek sobre liderança sustentável na era da IA

O desafio a narrativas estabelecidas abre caminho para um compartilhamento mais justo da inovação

Bruno Freitas
Bruno Freitas
Lições da DeepSeek sobre liderança sustentável na era da IA
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A recente incursão da DeepSeek no campo da inteligência artificial tem causado grande debate e reflexão em uma indústria tradicionalmente dominada por um seleto grupo de empresas. A abordagem da DeepSeek desafia não só a supremacia tecnológica dessas companhias, mas também as premissas básicas sobre o desenvolvimento, implementação e compartilhamento de IA com o mundo.

O impactante desse movimento transcende a esfera tecnológica e nos faz reconsiderar a liderança no setor. Evidencia, ainda, como transparência e honestidade se tornaram elementos essenciais para sustentar avanços globais.

A disrupção da DeepSeek

Com a promissora utilização de aprendizado por reforço (reinforcement learning) e um foco em soluções mais enxutas e eficientes, a DeepSeek demonstrou que é possível criar modelos de linguagem robustos sem os massivos investimentos em hardware ou “maestros” renomados, como Sam Altman e Ilya Sutskever.

A mensagem é clara: não é mais necessário dispor de recursos ilimitados ou de monopólios intelectuais concentrados para criar tecnologias transformadoras.

Essa mudança não é apenas simbólica, mas quebra um dos pilares que justificavam altos investimentos em gigantes como a OpenAI.

Ao mostrar que modelos de IA de alta qualidade podem ser construídos de maneira mais acessível, a DeepSeek desafia o monopólio americano no setor. Também coloca em xeque a narrativa de exclusividade e superioridade técnica atrelada ao Vale do Silício.

Transparência como estratégia de inovação

Um dos aspectos mais revolucionários dessa abordagem é o compromisso com a abertura. Ao tornar seu modelo open source, a DeepSeek reforça a ideia de que a IA deve ser uma ferramenta para todos, não um privilégio de poucos.

Isso ecoa a importância da transparência não apenas como um valor ético, mas como uma estratégia de inovação e inclusão.

Historicamente, a falta de transparência tem alimentado desconfiança em relação a projetos de IA. As barreiras levantadas passam por boicotes à venda de chips e as narrativas de descrédito à capacidade técnica de países como a China. Tais argumentos se tornaram irrelevantes diante de um modelo que é tanto eficaz como acessível a qualquer um com os recursos necessários para utilizá-lo.

Honestidade na liderança

A reação da Meta à entrada da DeepSeek é emblemática. A criação de um war room – espaço em que equipes se reúnem com foco específico em um projeto ou no gerenciamento de uma crise – para estudar o impacto dessa nova dinâmica demonstra que as bases tradicionais da liderança corporativa estão sendo desafiadas.

Não se trata mais apenas de dinheiro ou acesso a talentos exclusivos, mas da capacidade de reconhecer mudanças e agir com honestidade perante novas realidades.

Dessa forma, empresas que optam pela transparência e pela honestidade conseguem criar lideranças sustentáveis, baseadas na confiança e no entendimento de que o avanço tecnológico deve beneficiar a todos.

Esses pilares permitem que elas naveguem em cenários disruptivos sem perder a essência de seu papel social.

Admirável Mundo Novo e a reflexão sobre o futuro

No clássico Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley nos apresenta uma sociedade em que a manipulação e a desigualdade tecnológica criam um mundo de controle e conformidade. A história serve como um alerta para o perigo de concentrar poder em poucos e restringir o acesso ao progresso.

A lição que podemos tirar disso tudo para a era da IA é que, somente por meio de transparência, honestidade e um compromisso com o compartilhamento justo da inovação, poderemos evitar um futuro em que a tecnologia se torne uma ferramenta de opressão, e não de libertação.

A DeepSeek, assim, nos ensina que a liderança sustentável exige mais do que avanços técnicos. Ela também requer coragem para desafiar narrativas estabelecidas e um comprometimento inabalável com um mundo mais justo e aberto.

Bruno Freitas
Bruno Freitas
Cofundador da Torus.consulting, Loyall e do movimento Dínamo, atualmente é conselheiro das plataformas Baanko, {Parças}, Sheyar e The Creators Bridge, além de strategic partner na CG-LA Infrastructure. É doutorando em governança pela FGV/EAESP e mestre em administração de empresas pela Ohio University (EUA). Autor do livro Startups: Como Empresas Embrionárias Rumam a Caminhos Milionários, foi responsável pela Unidade de Inovação do Governo do Estado de São Paulo (2016-18) e membro do GT4 da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

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