As empresas que adotam a ISO 56002 constroem um modelo de governança muito mais estruturado para a inovação e times com foco nos resultados
A necessidade de inovar tem sido uma demanda cada vez mais latente. Em meio a tantos conceitos, ferramentas e métodos, uma vem se despontando com grande afinco em todo o mundo: a ISO 56002, uma norma de diretrizes para a inovação, publicada em julho de 2019, e que já está sendo utilizada por cerca de 300 empresas em todo o mundo – sendo 11 só no Brasil, inclusive na iniciativa pública.
Embora poucos saibam, a ISO (Organização Internacional de Padronização), é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Genebra, na Suíça, que foi fundada em 1947, com o intuito de ajudar na reconstrução das empresas devastadas pela Segunda Guerra Mundial. Ancorada nos princípios da isonomia (que em grego significa igualdade), a organização possui mais de 22 mil normas técnicas, sendo mais de 180 normas de sistema de gestão, que visam o estabelecimento de padrões mundiais para a gestão de negócios. Com 164 países-membros, a ISO consolidou-se como uma das mais importantes referências internacionais no que tange a normatização e modelos de gestão.
Apesar de estar disponível ao mercado há menos de três anos, a ISO 56002 é resultado de um processo de 11 anos de estudos para se chegar a um consenso entre todos os países que fazem parte da organização. O Brasil, inclusive, despontou como um dos líderes desse processo, tendo conquistado uma das três primeiras certificações via atestado de conformidade no mundo, na mesma semana em que a norma foi oficialmente publicada. Essa conquista coloca nosso país na vanguarda desse processo – visto que, a título de comparação, a ISO 9001, de gestão da qualidade, foi publicada em 1987, e a primeira certificação brasileira aconteceu apenas cinco anos depois, em 1992.
O grande diferencial dessa norma é criar e padronizar processos para a inovação. Por mais que o tema demande certa liberdade criativa, fato é que, sem processos, é impossível transformar ideias em resultados. O que mais temos visto por aí – inclusive em grandes empresas, tidas como referência no tema – é a desintegração das iniciativas, gerando esforços que, na maioria das vezes, não alcançam os objetivos esperados – resultando em desperdícios de recursos e em iniciativas pouco assertivas.
Quando uma empresa opta por utilizar a ISO de inovação, ela passa por uma etapa de definição, em que elenca exatamente onde pretende chegar, em quanto tempo e, utilizando quais investimentos. O mais interessante desse processo é a centralização dos objetivos e iniciativas em torno de uma estratégia macro da companhia, e não mais com projetos isolados que geram pouca realização de valor.
A partir da adoção desse framework internacional, empresas dos mais diversos portes e segmentos estão inovando com muito mais foco e assertividade, já que definem exatamente onde pretendem chegar e o que precisam fazer para isso. Com um forte olhar para o desenvolvimento de uma cultura colaborativa, adaptável e resiliente, a empresa cria um solo fértil para a geração de ideias realmente inovadoras, que são estruturadas a partir de um funil que é mensurado por indicadores que validam as que mais tem chances de sucesso.
Todo esse processo é ancorado pelo que a ISO chama de suporte, que concentra cinco recursos fundamentais para fazer a inovação acontecer:1. Pessoas;2. Tempo;3. Conhecimento;4. Infraestrutura;5. Budget.
Definindo exatamente o quanto está disposta a investir nesses itens, fica muito mais fácil traçar metas de inovação, sejam elas incrementais ou mesmo radicais e disruptivas. Cada empresa define seu próprio apetite, entendendo que, quanto mais investimentos fizer, mais chances de gerar inovação.
Os benefícios são muitos. Além de um modelo de governança estruturado para a inovação, as empresas que adotam a ISO 56002 constroem times mais estruturados, com foco nos resultados. A gestão do conhecimento interno também é facilitada, visto que as estratégias e objetivos são da empresa e não das pessoas – deixando de colocar iniciativas de lado só porque o líder de determinado projeto está de férias ou simplesmente se desligou da companhia.
Essas empresas também colocam a satisfação do cliente em primeiro lugar, entendendo bem que as necessidades deles são sua maior oportunidade de inovação. Essa visão faz com que seja possível gerar projetos de maior valor agregado, entendendo exatamente quais ideias são as mais promissoras e podem gerar mais valor no curto, médio e longo prazo.
Com um processo de inovação estruturado, a tomada de decisão se torna muito mais assertiva. Afinal, quem sabe exatamente aonde chegar, não se desvia por atalhos. Traça as rotas, persegue suas metas e chega lá! Com essa mentalidade, até os erros e surpresas do caminho se tornam poderosos fertilizantes para mais e mais descobertas. Nada é capaz de deter quem tem objetivos específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazos bem definidos.
Somado a tudo isso, as empresas que estão utilizando a ISO de inovação como modelo de governança, ainda usufruem de todos os benefícios que um atestado internacional como esse é capaz de oferecer. Não à toa, muitas relatam aumento no valor de suas marcas, de suas ações listadas em bolsa, e até nas exportações, visto que se trata de um selo reconhecido no mundo todo. Inovar, por si só, já é sempre muito bom. Usando um padrão internacional, só pode ser muito melhor.”