Ecossistemas de negócios apostam na convergência de setores para atender às novas necessidades do cliente
De três anos para cá, o consumidor transformou sua relação com as empresas e vem mudando de forma acelerada e constante os valores e as expectativas que tem em relação a produtos e serviços. Suas demandas se tornaram mais complexas. Quais são as consequências desse novo comportamento nos negócios? Essa reflexão esteve no foco do Encontro do Consumidor por Indústria – a influência do consumidor na transformação dos ecossistemas, realizado por MIT Sloan Review Brasil em parceria com a EY-Parthenon.
Para mostrar um retrato das mudanças, Juliana Crema, sócia da EY-Parthenon e líder em estratégia para o segmento de consumo e varejo, e Eduardo Tesche, sócio da EY-Parthenon na América do Sul, apresentaram resultados e insights da décima edição da pesquisa EY Future Consumer Index, com dados de junho deste ano.
O estudo revela que 91% dos brasileiros estão preocupados com suas finanças, uma sinalização de que o preço tem grande impacto nas decisões de compra; 46% estão, inclusive, buscando novas marcas para reduzir custos. Entretanto, 62% pretendem gastar mais com experiências, o que gera uma certa complexidade. Outro destaque é que 61% dizem que comprar e se comportar de forma sustentável é um princípio orientador em sua vida cotidiana.
Essas diferentes necessidades, às vezes contraditórias, têm desafiado as empresas a adotar modelos de negócios inovadores. Por isso, muitas companhias têm apostado na construção de ecossistemas ou plataformas com o objetivo de melhorar o desempenho, estimular a inovação e o crescimento, proporcionando novas experiências ao cliente. Um levantamento da EY, também divulgado no evento, mostra que 91% dos executivos concordam que ecossistemas aumentaram a resiliência dos negócios, e 87% entendem que estratégias baseadas em ecossistemas são eficientes em promover inovação e criatividade.
Como aprimorar os ecossistemas? Para Tesche, o ponto de partida deve ser sempre entender a necessidade real do cliente. Os desafios nessa jornada passam por ter pessoas e processos preparados, além de confiança entre todas as partes. Trabalhar nesse modelo leva a uma aproximação entre setores. A EY fez uma análise da convergência de setores em cinco ecossistemas, com base em tendências de consumo, para mapear tendências, oportunidades e ameaças.
Há potencial para gerar negócios, por exemplo, a partir da convergência dos segmentos de varejo, entretenimento, serviços financeiros e tecnologia. Ou, ainda, da combinação entre saúde, tecnologia, bens de consumo e educação.
Trazendo casos práticos, o encontro promoveu um bate-papo com executivos de companhias que estão ampliando seus ecossistemas. Os convidados foram: Orivaldo Padilha, vice-presidente de finanças da Via; André Cazotto, head de estratégia M&A e RI do PicPay; Fernando Fiorini, director business development & engineering da Mondelez International; e Laerte Moraes, head dos negócios de amidos, adoçantes, cacau e chocolate da Cargill e presidente do Conselho da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPAC). O debate teve a mediação de Pedro Nascimento, conselheiro da MIT Sloan Review Brasil.
Artigo publicado na MIT Sloan Management Review Brasil nº 13