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Espiral 5E: inteligência natural para a resolução de problemas complexos

O processo de transformação contínua da natureza de explorar, visualizar, capacitar, executar e avaliar, tende a ser interrompido no mundo acelerado da atualidade. Mas é fundamental olhar para os outros E’s na espiral, especificamente explorar e visualizar

Colunista Katsuren Machado

Katsuren Machado

23 de Novembro

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Artigo Espiral 5E: inteligência natural para a resolução de problemas complexos

A biomimética tem se mostrado uma fonte valiosa de inspiração e inovação em diversas áreas. Embora seja associada com mais facilidade à engenharia, arquitetura e ao design, ela também pode desempenhar um papel significativo no contexto jurídico.

São algumas as lições que o estudo da biomimética traz para a criação de soluções, e nesse momento vamos destacar alguns exemplos em três pilares:

  • Tempo individual impacta no resultado coletivo.
  • Tomada de melhores decisões se dão a partir de experimentação e adaptação.
  • Valor relacional se sobrepõe diante das oscilações e o dinamismo de interações.

A natureza possui bilhões de anos de evolução, e através de sistemas e estruturas diversos entrega aprendizados que resultaram em processos eficientes e harmoniosos. Assim, a biomimética busca aprender com esses padrões e estratégias encontrados na natureza para solucionar desafios humanos.

As espécies se adaptam às mudanças ambientais e dos ecossistemas, essa capacidade é crucial no mundo em que vivemos, principalmente no contexto jurídico onde as leis devem ser capazes de se ajustar às necessidades voláteis da sociedade. Ao incorporar os princípios da resiliência e adaptação encontrados na natureza, por exemplo, podemos criar sistemas jurídicos mais flexíveis e ágeis.

Quando acontece a mudança na temperatura do oceano, milhares de espécies são afetadas, se adaptando a essas novas condições. Além disso, a mudança de uma única espécie afeta todas as outras e o ecossistema em si, fazendo com que o cenário esteja em constante modificação.

A natureza é extremamente eficiente em utilizar recursos, minimizando o desperdício e maximizando a produtividade. Ela opera dentro dos limites dos recursos disponíveis e mantém um equilíbrio entre os diferentes elementos do ecossistema. Sempre buscando o caminho do menor esforço e menor energia, com o máximo de resultado. Cada estrutura na natureza é sempre testada e melhorada para estar no ponto ótimo. Pensar sob esse aspecto, pode nos ajudar a desenvolver sistemas legais mais equilibrados e sustentáveis.

Como os padrões de voo dos pássaros em revoada, onde apesar de parecer aleatório é completamente orquestrado e sujeito a regras e instintos de sobrevivência. Sem um conjunto de acordos, não há segurança coletiva.

No campo jurídico, a mediação e a conciliação são métodos alternativos de resolução de conflitos que têm se mostrado eficazes na busca por soluções consensuais.

Na natureza tudo acontece em ciclos, não há desperdícios. Os recursos que excedem ou faltam em um processo servem de gatilho para que um novo ou o mesmo processo aconteça, gerando autorregulação, eficiência e mais resultados.

Não há desperdício pois os processos estão conectados, não são lineares como nossas linhas de produção e consumo. Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

A resolução de conflitos é um desafio constante como o conceito de biocenose, que é a associação equilibrada de seres vivos em determinada área natural, formando comunidades. Onde arranjos cooperativos, no qual ambas as partes se beneficiam da interação, influenciam positivamente o tamanho de suas populações.

A mediação e a conciliação buscam a resolução de conflitos que enfatizam a colaboração entre as partes envolvidas. O mediador ou conciliador atua como facilitador, buscando identificar interesses comuns e auxiliar na busca de soluções mutuamente satisfatórias.

Ao incorporar princípios biomiméticos na mediação e conciliação, podemos estimular a criatividade e a resolução de problemas de forma inovadora. A natureza nos ensina que a diversidade é fundamental, portanto, ao promover a inclusão de diferentes perspectivas e abordagens durante o processo de resolução de conflitos, podemos aumentar as chances de encontrar a sustentabilidade dos acordos alcançados.

Para aplicar a biomimética na mediação e conciliação de forma prática, é importante que os mediadores estejam abertos a novas perspectivas. Isso pode envolver a busca por conhecimentos multidisciplinares, com profissionais de outras áreas, como designers, engenheiros e psicólogos, e a incorporação de práticas inéditas nos procedimentos de mediação.

Além disso, é importante enfatizar a eficiência energética e a conservação de recursos. Na mediação e conciliação, isso pode ser traduzido em redução de custos, economia de tempo e minimização de danos emocionais para as partes envolvidas.

Os recifes de corais são um excelente modelo de ecossistema, ocupam menos de 3% do oceano, mas as relações de parceria que existem ali fazem com que 60% das espécies vivam nessa região. Um ecossistema com grande quantidade de recursos, com alta diversidade de soluções e diversos tipos de parceria.

Para que a otimização e os ciclos aconteçam, as espécies envolvidas, precisam gerar relações benéficas entre elas. Relações com diversos graus de interdependência, com o objetivo em comum de expansão e crescimento.

A “espiral 5E” reflete o processo de transformação contínua da natureza: explorar, visualizar, capacitar, executar e avaliar.

É comum em um mundo acelerado tendamos a interromper esse processo e ficar presos em um ciclo interminável de executar e avaliar. Mas é fundamental olhar para os outros E’s na espiral, especificamente explorar e visualizar.

Importante para processos evolutivos fazer uma pausa e refletir, fazer um balanço de si mesmo e do contexto ao seu redor. Depois de explorar, é o momento para visualizar. Como criar o que realmente é bom e crucial se quisermos avançar? Não podemos contar sempre com precedentes quando precisamos resolver desafios complexos atuais que estamos enfrentando.

Depois de reservar um tempo para explorar e visualizar profundamente, é preciso continuar e agir. As próximas etapas são capacitar você e seu time para avançar em direção ao que você imagina, executar sua visão e valores e, finalmente, avaliar o que você aprendeu, o que está funcionando e o que não está. Esse ciclo pode se tornar um hábito.

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Autoria

Colunista Katsuren Machado

Katsuren Machado

Katsuren Machado é advogada e consultora especialista em experiência do cliente no jurídico, escritora pela Thomson Reuters Espanha, professora, palestrante, pesquisadora de inovação e comunicação jurídica e mentora de inovação jurídica para a expansão de negócios.

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