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4 min de leitura

Jornada sustentável nas pequenas e médias empresas

As oportunidades e desafios da agenda ESG em companhias de diferentes portes

Denise Turco

08 de Março

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Artigo Jornada sustentável nas pequenas e médias empresas

Critérios ESG pautam cada vez mais as discussões do mercado corporativo no Brasil e no mundo. Apesar da relevância do tema, empresas de todos os portes e segmentos ainda têm dúvidas sobre como implementar ações sustentáveis - um dos braços da ESG, e sobre como essa agenda contribuirá para aumentar a sua competitividade no mercado.

Da mesma forma que há dúvidas, há também uma certeza: a agenda ESG está no radar não apenas dos consumidores, mas também de outros stakeholders, sejam eles colaboradores, fornecedores ou investidores. Larry Fink, CEO da Black Rock, maior fundo de investimentos do planeta, diz que optar por empresas que tenham responsabilidade ambiental “não é mais escolha, é imperativo”.

Nas empresas, embora seja mais comum encontrar exemplos da agenda ESG entre as grandes corporações, o engajamento das pequenas e médias é crescente, na avaliação de Claudio Ribeiro, CEO da 2W Ecobank. “Não são apenas as empresas da Faria Lima (avenida da capital paulista que reúne o maior centro financeiro do País), mas os pequenos negócios espalhados pelo Brasil estão sendo impactados pela agenda ESG”, afirma o executivo.

Uma pesquisa feita pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) mostra que 75% das micro e pequenas empresas adotam práticas ambientais, 56% práticas sociais e 87% ações para melhorar a gestão. Mas, apesar dessa disposição, o nível de conhecimento das iniciativas e certificações relacionadas a ESG ainda é baixo no universo dos pequenos negócios, segundo o estudo.

Já o levantamento “Panorama ESG Brasil 2023”, da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) e Humanizadas, realizada com líderes de empresas de médio e grande porte, constatou que apenas 12% das empresas se consideram pioneiras e referências em ESG e 35% buscam adotar as melhores práticas. Para 38% delas, a principal dificuldade é a mensuração e o monitoramento de indicadores, enquanto 32% mencionam a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade. Outro desafio é o nível de conhecimento e experiência no tema, indicando a necessidade de investir em educação e capacitação de lideranças e colaboradores.

O estudo revela que a maturidade em ESG está em evolução: 14% das organizações estão compensando ou reduzindo emissões de gases de efeito estufa, 30% possuem um comitê ou equipe dedicada à sustentabilidade, e 32% têm um programa de voluntariado.

Segundo Ribeiro, hoje o empresário sofre forte pressão de investidores, colaboradores e consumidores para cumprir essa agenda, porém não foi preparado para isso. “As grandes empresas cobram as práticas ESG da sua cadeia de supply chain, ou seja, dos pequenos fornecedores, mas não os ajudam a fazer essa transição. Os pequenos e médios precisam de um processo educativo nesse sentido”, afirma.

A liderança deve adotar o conceito como um guia para os negócios e avaliar dentro da sua realidade quais as estratégias mais adequadas. Eventualmente, não cabe para uma pequena ou média empresa fazer um relatório de sustentabilidade, mas há espaço para melhorias nos três aspectos do ESG.

“Muitas vezes, implementar o ESG nas empresas menores pode ser até mais fácil. As grandes têm muitos silos, muitos egos, muitas complicações”, pondera Hugo Bethlem, presidente do Capitalismo Consciente Brasil e especialista em ESG.

Rodrigo Santini, diretor-executivo do Sistema B Brasil, conta que a maior representatividade da rede B está justamente nos negócios de pequeno e médio porte, que atuam em diversos setores. “Algumas empresas representam a atividade de maior vocação econômica do estado onde estão localizadas. O Grupo Morena, do Mato Grosso, por exemplo, desenvolve atividades agrícolas sustentáveis. No Pará, temos a 100% Amazônia e a Manioca, voltadas ao fornecimento de produtos da biodiversidade local que são usados como insumos para a indústria de alimentos, bebidas e cosméticos, sobretudo, frutas e sementes”, exemplifica. Ou seja, o compromisso com o meio ambiente, com o bem-estar das pessoas e com as boas práticas de mercado cabem em qualquer tamanho de empresa.

Por onde começar?

Segundo o CEO da 2W Ecobank, o primeiro passo para organizações de pequeno e médio porte iniciarem a jornada ESG é avaliar essa agenda como uma nova maneira de fazer negócios que beneficia a todos – a empresa, a sociedade e o planeta. “Consiste em práticas ambientalmente responsáveis, o compromisso social e uma gestão empresarial ética e transparente. Adotar o ESG significa melhorar a eficiência, conquistar a confiança dos clientes e se destacar no mercado. Essas práticas devem ser vistas como aceleradores vitais para a eficiência e a perenidade das companhias no mercado. Quem não se adequar acabará perdendo espaço para aquelas que aderiram a essa agenda”, aponta.

O segundo passo é desmistificar que focar em ESG é desvincular da estratégia a pauta de lucratividade. “Pelo contrário, empresas que adotam práticas ESG muitas vezes veem um aumento na eficiência e na competitividade, além de ganharem mais respeito e lealdade dos clientes e colaboradores”, diz Ribeiro. Além disso, o executivo destaca que é primordial mapear atentamente a empresa, buscando criar jornadas ambientais, sociais e de governança que façam sentido para o negócio (leia mais sobre essas ações práticas no e-book que lançaremos em breve, uma coprodução MIT Sloan Management Review Brasil e 2W Ecobank).

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Denise Turco

Denise Turco é colaboradora da MIT Sloan Review Brasil

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