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Liderança 10 min de leitura

A inteligência relacional na prática

Como a escuta ativa, a empatia e a valorização da diversidade podem transformar uma trajetória de liderança

Relevant Leaders
24 de abril de 2025
A inteligência relacional na prática
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Minha trajetória tem sido marcada por muitos desafios, aprendizados e pela busca constante por desenvolvimento e aprimoramento. Porém, ao refletir sobre o legado que pretendo deixar para o mundo, reconheço que, além de exercer a liderança, é imprescindível estabelecer conexões, inspirar e promover transformações. 

Para alcançar resultados sustentáveis e de impacto relevante, fundamento minha atuação na inteligência relacional — compreendida como a capacidade de desenvolver autoconsciência, estabelecer vínculos genuínos e promover um ambiente no qual todas as pessoas se sintam valorizadas, representadas e incentivados a contribuir para um propósito coletivo. 

No início da minha trajetória profissional, enfrentei situações que me levaram a questionar por que a tecnologia ainda não era um espaço plenamente inclusivo e acessível a todos, especialmente às mulheres. Durante a graduação em Sistemas de Informação, em uma turma predominantemente masculina — com apenas 10% de mulheres —, desenvolvi a habilidade de me conectar e estabelecer relações com pessoas de diferentes formações, culturas e experiências, valorizando a diversidade de perspectivas.

Esse período me fez refletir sobre a forma com que eu me relacionava com os outros, em especial no que se referia ao poder de adaptação e à importância de ser flexível. Sem dúvida, também me proporcionou a convivência com pessoas excepcionais, que continuo a admirar profundamente, e com as quais aprendi lições valiosas.

Dentre as motivações e inspirações dessa época, posso afirmar que saí ainda mais convicta da importância da representatividade feminina e da urgência de promover valores essenciais, como a igualdade e o respeito.

Com o tempo, compreendi, ainda, que minha força reside tanto na capacidade de me adaptar às diferentes situações quanto no autoconhecimento. Pois, ao defender e preservar valores que são essenciais para mim, construo uma liderança autêntica, capaz de inspirar confiança e gerar um impacto positivo no longo prazo. 

Valorizar sentimentos para criar vínculos

Hoje, quase 20 anos depois, lidero uma equipe diversificada e multicultural na área de inovação digital. Cada membro traz consigo uma história única — e meu papel é unir essas diferenças em torno de um objetivo comum. A gestão de equipes remotas, com pessoas presentes não só no Brasil como também em diferentes países, traz uma camada adicional de complexidade — os fusos horários, as culturas distintas e os hábitos variados exigem uma comunicação mais clara e estratégias de gestão mais flexíveis. Além disso, o desafio do idioma, com equipes de diferentes nacionalidades, exige atenção extra para garantir que todos se compreendam plenamente, de forma que as barreiras linguísticas não interfiram na colaboração eficaz.

A confiança, portanto, tem sido um dos pilares mais importantes da minha liderança. E promover uma comunicação frequente, adaptada às realidades de cada um e com a garantia de que todos serão ouvidos e valorizados, é essencial para estabelecer essa confiança. Quando se constrói isso, a diversidade e a inclusão prosperam e a equipe fica mais engajada, criativa, que entrega resultados reais e tangíveis. 

“Liderança é sobre construir um ecossistema de pessoas que, unidas pela confiança e pela colaboração, entreguem resultados sustentáveis.”

É essencial criar um ambiente acolhedor, onde a equipe se sinta à vontade para se expressar e colaborar de forma genuína. Além disso, incluir um toque de humor e leveza também ajuda a aproximar as pessoas. Um exemplo marcante na minha equipe foi a contratação de um colaborador surdo. Para garantir sua inclusão plena, tomei a decisão de aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Essa experiência foi extremamente enriquecedora e me ensinou a acolher minhas inseguranças, ao mesmo tempo em me ajudou a estabelecer conexões mais profundas e genuínas com todos os membros do time.

A verdade é que mostrar vulnerabilidade e adotar uma postura de parceria, no lugar de uma relação hierárquica rígida, fortalece muito as relações entre gestor e liderado. Essa abordagem cria um clima de confiança e facilita a comunicação genuína, essencial para um trabalho conjunto eficaz.

Outra ferramenta essencial em meu caminho de liderança tem sido a prática da escuta ativa. Focar genuinamente no que cada pessoa tem a dizer, sem distrações, transmite respeito e cria uma atmosfera de confiança. Durante a pandemia, essa habilidade se mostrou ainda mais relevante, pois a comunicação clara e empática foi fundamental para manter a equipe coesa e alinhada com os objetivos. Na prática organizacional, líderes podem incorporar essa prática promovendo sessões regulares de feedback, onde os colaboradores sejam ouvidos e suas preocupações tratadas com seriedade. 

Promover outros momentos de diálogo aberto, como reuniões voltadas para o bem-estar emocional da equipe, contribuem para um ambiente de trabalho saudável e produtivo, o que reflete diretamente em resultados claros e sustentáveis.

Flexibilidade e resiliência em tempos de crise

Estruturar uma área de marketing digital, do zero, em uma farmacêutica multinacional brasileira durante a pandemia foi um desafio à parte. As competências técnicas não eram suficientes. Eu precisei me adaptar rapidamente às mudanças. Naquele cenário de grande incerteza, utilizei minha flexibilidade cognitiva para ajustar estratégias, ouvir diferentes pontos de vista e buscar soluções inovadoras. A comunicação não violenta se mostrou essencial para transmitir segurança e promover um ambiente no qual todos se sentissem parte do processo, mesmo nos momentos de maior adversidade.

Ao liderar em tempos de crise, aprendi que a abertura para novas perspectivas é crucial: questionar meus próprios conceitos e estar disposta a revisar meus posicionamentos para tomar decisões mais equilibradas. E acredito que essa postura também inspirou a minha equipe a adotar uma mentalidade de crescimento, a encarar os desafios como oportunidades de aprendizado e evolução. 

Organizações podem aplicar esses princípios criando estruturas de trabalho mais flexíveis, que permitam respostas rápidas a mudanças. Além disso, promover uma cultura de aprendizado contínuo, onde os erros são vistos como uma parte natural do processo de inovação, ajuda a construir resiliência dentro dos times, gerando resultados que não apenas atendem às necessidades do presente, mas também preparam as equipes para desafios futuros.

Liderança com propósito: inspirar para crescer

Um momento muito gratificante em minha carreira foi quando atuei como mentora de uma jovem aprendiz. Ao auxiliá-la a identificar seus pontos fortes e encontrar um propósito profissional, aprendi a valorizar ainda mais a diversidade de perspectivas, o que só fortaleceu meu compromisso com a criação de um ambiente inclusivo. 

Reconhecer e valorizar as diferenças culturais e individuais é fundamental para criar um senso de pertencimento organizacional. Quando isso é feito de maneira genuína, promove-se uma colaboração mais rica e criativa, essencial para o sucesso da equipe. A integração de pessoas com deficiência, por exemplo, enriquece a dinâmica do time e eleva o padrão de inclusão de toda a organização.

Como líder, acredito que um um ambiente que combine diversidade, aprendizado, colaboração e mentalidade aberta à mudança é um dos pilares da inovação. Respeitar as diferenças individuais e culturais não só enriquece o trabalho em equipe, mas também abre espaço para soluções criativas e transformadoras. 

Para o futuro, meu plano é continuar liderando com empatia, em um ambiente inclusivo e adaptável, onde a diversidade seja o motor para a colaboração e o crescimento.

“A verdadeira liderança não está apenas no que conquistamos, mas na capacidade de inspirar outros a crescer ao nosso lado.”

Ao criar um espaço de confiança e respeito, pavimentamos o caminho para um futuro mais inclusivo, inovador e significativo. Meu objetivo é deixar um legado que vá além de números e métricas, mas que impacte vidas e contribua para um mundo onde a tecnologia, a saúde e a humanidade se conectem para promover mais qualidade de vida para todos.

Acredito que empresas que desejam adotar esse modelo de liderança devem começar criando missões claras, que conectem o trabalho diário com impacto significativo na sociedade. Isso não só engaja pessoas, mas também inspira lideranças no longo prazo.

*Artigo escrito por Laís Gurgel. Formada em tecnologia pela Universidade Mackenzie, administração pela FGV e com MBA Executivo pela FIA, Laís acumula mais de 15 anos de experiência em inovação digital, marketing e tecnologia e tem liderado iniciativas digitais globais na Eurofarma desde 2020.

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