Segurança, custos, governança e expertise largam na frente entre as principais preocupações das empresas que utilizam o cloud computing, mas ainda há muito mais por vir
O consumo do cloud computing tem sido cada vez maior por empresas que desejam alcançar escalabilidade, rápido processamento de dados e flexibilidade. Contudo, como há diferentes provedores de nuvem com especialidades diversas e diferentes tipos de nuvem, a estratégia híbrida tem sido eficaz para organizações que visam ter mais controle sobre seus dados privados.
Uma estratégia bastante comum se dá na divisão entre data center on-premise, nuvem privada e pública. Os dados sensíveis costumam ser alocados on-premise e depois são estendidos para a nuvem privada, enquanto a nuvem pública se torna a escolha mais popular para a utilização de softwares como serviço.
De acordo com as perspectivas do IDC, os gastos com serviços e infraestrutura da nuvem pública devem alcançar cerca de US$ 500 bilhões até 2023. E embora a nuvem pública seja mais barata, no geral, muitas companhias têm adorado de forma acelerada a infraestrutura privada, especialmente após a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Mesmo com todos os recentes desenvolvimentos, segundo o Flexera State of Cloud Report 2021, os principais desafios relatados pelas corporações em relação à nuvem são segurança (81% dos entrevistados), gestão de custos (79%), governança (75%) e falta de expertise (75%) – dificuldades essas que permanecem em todo tipo de modelo de nuvem escolhido.
Na comparação entre grandes, médias e pequenas empresas, o maior desafio se mantém o mesmo, a segurança relacionada ao cloud computing. No caso das PMEs, governança e o tema do compliance superam o desafio da falta de expertise. Já nos diferentes estágios de maturidade tecnológica das organizações, ainda que a falta de expertise e a segurança seguem como principais obstáculos, a gestão de estratégias híbridas e multicloud ganha destaque, especialmente entre as empresas iniciantes e intermediárias.
Entre as maiores preocupações financeiras, por sua vez, o entendimento sobre implicações de gastos de licenças de software lidera (55%), seguido pela garantia de que a empresa siga as regras de licença dos softwares em nuvem (48%). E enquanto a quantidade de dados a serem processados e, consequentemente, a necessidade de maior armazenamento continuam subindo, as companhias sabem que seus gastos seguirão em alta.
Para os próximos doze meses, as empresas esperam aumentar seus gastos com a cloud em 39%. No momento, entretanto, as organizações já ultrapassaram seu orçamento planejado em 24% para a gestão de suas estratégias em nuvem. A complexidade dessas constatações é ainda mais dura quando previsões realizadas por consultorias em todo o mundo projetam o aumento e a aceleração dos investimentos em cloud.
Segundo estudo da consultoria Gartner, mais de 15 bilhões de dispositivos inteligentes devem se conectar ao ambiente corporativo até 2029. Para que a comunicação entre esses objetos e as empresas funcione de maneira adequada e veloz, o cloud computing fornece elasticidade, performance e flexibilidade para os negócios. Nesse sentido, portanto, plataformas de computação em nuvem são necessárias para que as organizações e os usuários acessem a infraestrutura e consigam acessar e trabalhar os dados com agilidade.
No segmento industrial, a união entre cloud e IoT permite que esses setores atinjam uma nova camada de automação propícia para a criação de novos modelos de negócio e atuações mais inteligentes, caso da manutenção preditiva e a logística conectada.
Contudo, ao mesmo tempo em que a comunicação é facilitada, a combinação de IoT e cloud computing pode aumentar a vulnerabilidade dos sistemas empresariais. Também de acordo com o Gartner, não é incomum que companhias encontrem dispositivos IoT em suas redes, sejam eles convidados ou não, confiáveis ou suspeitos. Por meio destes, hackers podem invadir sistemas em até três minutos, por exemplo.
Um caso emblemático aconteceu em 2018, em um cassino nos Estados Unidos, após a instalação de um aquário inteligente. A alimentação e o controle de sal e temperatura da água eram feitos automaticamente, porém, o termostato foi invadido por invasores. No fim, 10GB de dados dos grandes apostadores do cassino foram enviados a um país europeu.
Como remédio para o inevitável encontro entre computação em nuvem e IoT, é obrigatória a estruturação de uma política de governança para a conectividade de dispositivos. O mesmo estudo do Gartner aponta que as empresas que realizarem a segmentação ou isolamento dos dispositivos até 2023 enfrentarão 25% menos ataques cibernéticos.
Outra tendência que deve acompanhar a computação em nuvem de perto é a edge computing, ou computação de borda. Casos em que o processamento dos dados coletados acontece não mais no centro da cloud, mas no local mais próximo do usuário ou da própria fonte de dados, a edge computing reduz o custo da rede, exige menor largura de banda de internet e diminui a latência, isto é, o tempo de carregamento ou a medida de rapidez com que dados vão de um pouco a outro da internet. Isso significa uma experiência melhor quando são demandadas uso de tecnologias como realidade aumentada e virtual, por exemplo.
Ao atuar em conjunto com o cloud computing, a expectativa é que a edge computing seja capaz de atender a demandas crescentes das empresas que esperam processar uma quantidade infinita de dados e suportar as oscilações da rede.
Para negócios que visam acelerar a gestão de dados localizados na borda da nuvem, o Gartner projeta um crescimento das plataformas de edge computing. Ainda assim, até 2023, a consultoria prevê que apenas 20% dessas plataformas serão entregues e gerenciadas por provedores de cloud em hiperescala.
Sobre esse ponto, outro fator que deve impactar na questão da cloud e da edge computing no Brasil é o 5G. Ao fornecer um novo padrão de conectividade móvel, a implementação do 5G deve possibilitar que nuvens e data centers sejam capazes de suportar um número maior de dispositivos conectados e grandes fluxos de informação.”