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Ponto de virada: o papel da tecnologia no mundo 5.0

Embora o conceito seja relativamente novo, saiba como Tesla, Google, Microsoft, Fairphone e Ikea já incorporaram práticas alinhadas aos princípios do mundo 5.0 em suas operações e modelos de gestão

Luís Rasquilha
12 de julho de 2024
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Desde a revolução industrial até a era digital, temos acompanhado as inovações e disrupções tecnológicas promoverem a evolução contínua na forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos. N.E.: Se você já se sentiu como mero espectador dessa história, não é mera coincidência. A boa notícia é que os tempos também evoluem.

Nessa linha do tempo, a transição para o mundo 4.0 – marcado pela quarta revolução industrial – foi impulsionada pelo tripé inteligência artificial, automação e conectividade digital, que transformou radicalmente a sociedade e a economia. E, assim, vimos nascer as fábricas inteligentes, as cidades conectadas e os sistemas de informação em tempo real, que revolucionaram a produção de bens, a entrega de serviços e as formas como interagimos uns com os outros.

Mas, se por um lado, as novas tecnologias criaram meios para que a sociedade progredisse em termos de eficiência e produtividade, de outro, se evidenciou que esses não deveriam ser seus únicos indicadores de sucesso. É preciso incorporar, na medição, aspectos ligados a impactos social, ambiental e humano.

É nesse contexto que emerge a visão do mundo 5.0. Enquanto o 4.0 se concentrava principalmente na automação e eficiência, o 5.0 assume uma abordagem mais holística, na qual a tecnologia visa não apenas aumentar a produtividade e a eficiência, mas promover a inclusão social, a sustentabilidade e o bem-estar humano. Ainda sob essa ótica, o ser humano passa a ocupar o eixo central, com a tecnologia orbitando em torno dele – e não o contrário.

Mundo 5.0

O conceito de Mundo 5.0, proposto pelo empresário japonês Koichi Nakamura, está intrinsecamente ligado ao avanço da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), blockchain e outras tecnologias emergentes.

Ele surge como resposta aos desafios globais contemporâneos, visando criar uma sociedade onde tecnologias avançadas sejam empregadas na resolução de problemas planetários, como mudanças climáticas, pobreza, desigualdades e conflitos.Ao transcender o paradigma do Mundo 4.0, onde a tecnologia era primariamente voltada à eficiência econômica, o Mundo 5.0 aspira promover não apenas o progresso financeiro, mas também o bem-estar humano, a sustentabilidade e a inclusão social. Sob essa ótica, as tecnologias emergentes são integradas holisticamente, considerando não apenas seu impacto econômico, mas também seus efeitos sociais, ambientais e éticos.

Nesse contexto, a tecnologia é concebida como uma ferramenta para aprimorar a qualidade de vida e preservar o meio ambiente, ao invés de meramente maximizar lucros ou produtividade. Tal abordagem implica que inovação e desenvolvimento tecnológico estejam alinhados com valores humanos fundamentais, como justiça, equidade, solidariedade e responsabilidade.

O Mundo 5.0 propõe, portanto, uma visão de futuro onde a tecnologia é utilizada de maneira holística e integrada para enfrentar desafios contemporâneos, impulsionando o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental. Reconhece-se a necessidade de uma abordagem ética e responsável no desenvolvimento e na implementação de tecnologias, assegurando que estas não amplifiquem desigualdades existentes ou causem danos ao meio ambiente. Confira os pilares do chamado mundo 5.0:

Integração tecnológica: As tecnologias emergentes, como IA, IoT, blockchain, biotecnologia e energia renovável, são integradas de forma holística para criar soluções inovadoras e eficazes para os problemas enfrentados pela humanidade. Por exemplo, sistemas inteligentes e conectados que podem monitorar, prever e responder a uma ampla gama de questões, desde desastres naturais até crises econômicas.

Sustentabilidade ambiental: O compromisso com a sustentabilidade ambiental no mundo 5.0 envolve a adoção de práticas e tecnologias que reduzam o impacto negativo no meio ambiente e promovam o uso responsável dos recursos naturais. Práticas e tecnologias como energia renovável, agricultura vertical, reciclagem avançada e transporte sustentável são essenciais para alcançar esse objetivo, garantindo que as necessidades presentes não comprometam a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.

Inclusão e equidade: O mundo 5.0 procura criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa, em que todos tenham acesso igualitário às oportunidades e benefícios proporcionados pela tecnologia. Isso envolve a redução das disparidades socioeconômicas por meio da distribuição equitativa de recursos e oportunidades, bem como o empoderamento das comunidades marginalizadas e sub-representadas.

Colaboração internacional e da cooperação entre países, organizações e indivíduos. A troca de conhecimento, recursos e experiências é fundamental para abordar questões transfronteiriças, como mudanças climáticas, migração, segurança alimentar e pandemias.

Ética e responsabilidade: o mundo 5.0 reconhece a necessidade de uma abordagem ética e responsável no desenvolvimento e na implementação de tecnologias. Isso inclui garantir a privacidade e a segurança dos dados dos cidadãos, a mitigação dos riscos associados ao uso de tecnologias avançadas e a garantia de que inovações tecnológicas não exacerbem desigualdades.

Desafios para as organizações

A adoção dessa visão de mundo apresenta uma série de desafios para as organizações, pois exige mudanças significativas na forma como operam suas práticas de gestão e como interagem com a sociedade e o meio ambiente. A seguir, listo os principais:

Investimento em tecnologias emergentes e inovadoras demandam investimentos prévios – e substanciais – em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e em infraestrutura tecnológica.

Transformação e upskilling digital dos colaboradores da organização para se alinhar aos princípios do mundo 5.0. Isso pode envolver a requalificação dos profissionais em todos os níveis hierárquicos para lidar com as mudanças tecnológicas, a atualização de sistemas legados e a implementação de novas tecnologias.

Adaptação da cultura organizacional, o que pode incluir a promoção de valores como sustentabilidade, responsabilidade social corporativa e inovação. Outro aspecto – que, à primeira vista, pode ganhar ares mais desafiadores – é o desenvolvimento de uma cultura de colaboração, inclusão e geração de valor, que passará a conviver com a cultura de geração de resultado.

Desenvolvimento de parcerias e colaboração com outras empresas, governos, organizações não governamentais e comunidades locais para para fazer frente a desafios globais. Demanda habilidades de negociação e diplomacia, bem como a capacidade de trabalhar em rede. No mundo 5.0, o conceito de ecossistema ganha ainda mais relevância.

Gestão de risco e compliance ganham novos desafios com a implementação de tecnologias avançadas e a adoção de novos modelos de negócios no contexto do mundo 5.0. As organizações precisam estar em conformidade com as regulamentações locais e internacionais, bem como mitigar riscos associados à segurança cibernética, privacidade de dados e outros aspectos relacionados à tecnologia.

Resistência à mudança por parte de funcionários, clientes e outros stakeholders. A adoção do mundo 5.0 pode exigir uma mudança de mentalidade e uma abordagem mais aberta e flexível em relação à inovação e à transformação organizacional.

Governança adaptada: diante de uma nova realidade, ainda desconhecida, é natural que a governança atualmente estabelecida enfrente desafios. Num contexto pós-taylorista, será crucial revisitar e ajustar seus eixos de atuação, exigindo uma reavaliação das regras e práticas de governança.

Desafios para a sociedade

Também para a sociedade e cidadãos em geral os desafios de um “novo” mundo são enormes:

Desigualdade digital: pode limitar o acesso igualitário aos benefícios da tecnologia e agravar as disparidades socioeconômicas para aqueles sem acesso ou habilidades para utilizá-la.

– Desemprego tecnológico: a automação e a IA têm o potencial de substituir muitos postos de trabalho, resultando em desemprego tecnológico e perda de meios de subsistência para muitos trabalhadores. O desafio será encontrar meios de requalificar e realocar os afetados em novos postos de trabalho e setores emergentes.

Privacidade e segurança de dados são preocupações que se seguem à proliferação de tecnologias avançadas, como IA e IoT. Nesse sentido, a sociedade deve desenvolver regulamentações eficazes e práticas de segurança cibernética para proteger dados pessoais e garantir a confiabilidade dos sistemas digitais.

Impacto ambiental provocado pela implementação de tecnologias avançadas – por exemplo, a produção e o descarte de dispositivos eletrônicos. Cabe à sociedade encontrar maneiras de minimizar esse impacto e promover práticas de produção e consumo sustentáveis.

Equidade e justiça social: apesar das aspirações do mundo 5.0 de criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa, é fundamental que a sociedade esteja vigilante e tome medidas para garantir o uso justo e equitativo das tecnologias. Para impedir, por exemplo, que algoritmos de IA reproduzam vieses inconscientes e perpetuem disparidades.

Custos e acesso: muitas das tecnologias e soluções propostas pelo mundo 5.0 podem ser caras de se desenvolver e implementar, o que restringe seu acesso a determinadas comunidades e países. Cabe à sociedade buscar meios de torná-las mais acessíveis a todos, independente da situação socioeconômica.

Dilemas éticos e morais ao lidar com questões como privacidade, manipulação genética, autonomia dos algoritmos e responsabilidade no uso da tecnologia.

Desafios para os cidadãos

Além dos desafios apresentados à sociedade, somam-se mais alguns quando chegamos ao nível dos cidadãos:

Aprendizado e capacitação: esforços contínuos de aprendizado e desenvolvimento profissional para que se mantenham atualizados e relevantes frente à rápida evolução da tecnologia no ambiente de trabalho.

Aumento dos níveis de estresse e ansiedade devido às rápidas mudanças e incertezas associadas à transição para o mundo 5.0, como futuro do emprego, segurança econômica e competição por recursos limitados.

Adaptação a mudanças culturais e sociais na medida em que as normas e os valores se ajustam às novas realidades tecnológicas. Pode incluir mudanças nas formas de se relacionar, trabalhar, consumir e interagir.

Desafios para os governos

A transição para o mundo 5.0 trará também uma série de desafios para os governos, que precisarão se adaptar e responder às mudanças sociais, econômicas e tecnológicas resultantes dessa nova visão de mundo. Aqui estão alguns dos principais a ser enfrentados:

Desenvolvimento de regulamentações e políticas que promovam a inovação, preservem os direitos dos cidadãos, incluindo a privacidade e a proteção de dados pessoais e garantam a segurança e o uso ético, seguro e responsável da tecnologia.

Requalificação de profissionais que perderam seus postos de trabalho para a IA e a automação, de forma que fiquem aptos para assumir novas funções em um ambiente em rápida transformação.

Desenvolvimento de políticas que promovam a inclusão digital e garantam que todos tenham acesso igualitário aos benefícios da tecnologia, independentemente de sua renda, localização geográfica ou origem étnica.

Desenvolvimento de legislações e regulamentações que protejam a privacidade dos cidadãos e garantam a segurança dos dados em um ambiente digitalizado.

Garantia de segurança cibernética e defesa nacional, em meio à crescente dependência de infraestruturas digitais no mundo 5.0, a fim de proteger os sistemas dos próprios governos contra ataques cibernéticos e ameaças à segurança nacional. Isso exigirá investimentos em tecnologias de segurança e capacitação de pessoal especializado.

Desafios para os países

Além dos aspectos previamente citados no âmbito dos governos, os países também enfrentam desafios em outras frentes:

Gestão dos impactos ambientais das tecnologias emergentes e, consequentemente, na transição para uma economia mais verde e sustentável.

Colaboração internacional na troca de informações e melhores práticas em tecnologias de segurança cibernética e defesa nacional e investimentos.

Cooperação internacional e diplomacia para que os países trabalhem juntos em questões como regulação tecnológica, proteção de dados, mudanças climáticas e segurança cibernética, a fim de que alcancem resultados eficazes e alinhados com a visão do mundo 5.0.

Oportunidades na adoção do mundo 5.0

A essa altura, é possível que você esteja se perguntando se o mundo 5.0 traz algo além de desafios. É claro que sim.

A seguir, listo exemplos que ilustram como o Mundo 5.0 pode ser aplicado em diversas áreas para promover um futuro mais sustentável, inclusivo e centrado nas pessoas. Ao adotar essas tecnologias e práticas, podemos criar comunidades e sociedades mais resilientes, equitativas e prósperas para todos.

Cidades inteligentes e sustentáveis: integram tecnologias avançadas, como sensores IoT , sistemas de gestão de energia inteligente e transporte público elétrico, para reduzir o consumo de energia, otimizar o tráfego, melhorar a qualidade do ar e fornecer serviços públicos mais eficientes e acessíveis para todos os cidadãos.

Saúde digital e telemedicina: plataformas e aplicativos de saúde digital que permitem o monitoramento remoto de pacientes, consultas médicas virtuais, prescrição eletrônica de medicamentos e análise de dados para prever e prevenir doenças. Isso aumenta o acesso aos cuidados de saúde, especialmente para comunidades rurais ou isoladas.

Plataformas de educação personalizada e sistemas de aprendizado online: adaptam o conteúdo e o ritmo de aprendizagem às necessidades individuais dos alunos, além de garantir acesso a recursos educacionais de alta qualidade, independente de onde estiverem ou de suas condições socioeconômicas.

– Agricultura inteligente e sustentável: tecnologias agrícolas avançadas, como sensores de solo, drones agrícolas e análise de dados em tempo real, vêm ajudando agricultores a monitorar e gerenciar suas plantações de forma mais eficiente, com redução do uso de pesticidas e fertilizantes, otimização do uso de recursos hídricos e ganho de produtividade.

– Mobilidade urbana compartilhada e conectada: sistemas de transporte público compartilhado e que conecta diferentes modais, como ônibus, metrô, bicicletas e carros elétricos, em uma rede unificada. Isso proporciona uma alternativa sustentável ao transporte individual, reduzindo o congestionamento, as emissões de carbono e os custos de mobilidade para os cidadãos.

– Sistemas de energia renovável e microgeração: sistemas de energia renovável descentralizados, como painéis solares, turbinas eólicas domésticas e baterias de armazenamento de energia, permitem aos indivíduos e comunidades gerar sua própria eletricidade, de forma limpa e sustentável. Além disso, ajudam a reduzir a dependência de fontes de energia fósseis e a vulnerabilidade diante de interrupções no fornecimento de energia.

Exemplos práticos mundo à fora

Embora o conceito de mundo 5.0 ainda seja relativamente novo e esteja em processo de adoção gradual, já podemos observar várias empresas e marcas que estão implementando práticas alinhadas com os princípios do Mundo 5.0 em suas operações e modelos de gestão. Aqui estão algumas:

Tesla: conhecida por sua abordagem inovadora para a mobilidade elétrica e sustentável. Além de fabricar veículos elétricos, a empresa também desenvolve soluções de armazenamento de energia em larga escala, como baterias residenciais e sistemas de energia solar, contribuindo para a transição para um modelo energético mais limpo e descentralizado.

Google: investe em várias iniciativas relacionadas ao Mundo 5.0, incluindo tecnologias de IA para melhorar os cuidados de saúde, eficiência energética e acessibilidade. Além disso, a empresa está comprometida com metas ambiciosas de sustentabilidade, como neutralizar suas emissões de carbono até 2030.

Microsoft: trabalha em diversas frentes para promover a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável. Entre suas iniciativas, está o AI for Earth, que usa a IA para enfrentar desafios ambientais, e o Microsoft Accessibility, que desenvolve tecnologias acessíveis.

Unilever: conta com várias iniciativas para diminuir seu impacto ambiental, como redução do uso de plásticos nas embalagens, promoção de práticas agrícolas sustentáveis e apoio a projetos de desenvolvimento comunitário.

Patagonia: a marca de roupas outdoor está comprometida com práticas comerciais e de fabricação responsáveis, bem como com o ativismo ambiental. Participa de campanhas de conscientização, e parte dos seus lucros é direcionada para organizações ambientais.

Interface: a empresa líder global em pisos modulares também está comprometida com a sustentabilidade ambiental. Por meio da iniciativa “”Mission Zero””, visa eliminar qualquer impacto ambiental negativo de suas operações, o que inclui metas para redução das emissões de carbono, uso responsável de recursos naturais e promoção da economia circular.

Ikea: conhecida por sua abordagem inovadora para o design de produtos acessíveis e funcionais, a empresa tem metas ambiciosas de redução das emissões de carbono, uso de materiais renováveis e reciclados e promoção da igualdade de gênero em seu supply chain.

Danone: por meio do programa “”One Planet. One Health””, visa promover a saúde das pessoas e do planeta, com práticas sustentáveis de produção, embalagem e distribuição de alimentos.

Fairphone: a empresa de tecnologia que produz smartphones éticos, sustentáveis e projetados para ser facilmente reparáveis e atualizáveis visa minimizar o impacto ambiental de seus produtos, bem como garantir condições de trabalho justas e transparentes em seu supply chain.

À medida que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade, inclusão e responsabilidade social continua a crescer, é provável que mais empresas sigam o exemplo e procurem formas de integrar esses valores em seus modelos de negócios.

Por onde começar sua jornada da sua organização rumo ao mundo 5.0?

É importante lembrar que a adoção dessa visão requer um compromisso de longo prazo e uma abordagem colaborativa, que envolva todas as áreas da empresa e todos os setores da sociedade.

Sabendo que a adoção da jornada 5.0 envolve uma transformação profunda em diversos aspectos da sociedade, da economia e da tecnologia, deixo aqui algumas linhas de reflexão, etapas e recomendação possíveis para dar o 1º passo nessa jornada.

1. Compreenda a visão 5.0: entenda completamente o que significa a visão do mundo 5.0, o que envolve estudar os princípios e valores subjacentes, bem como os desafios e oportunidades associados à sua adoção.

2. Mapeie os cenários e as tendências que apoiam a visão: saber para onde o mundo e o negócio caminham é fundamental para dar o devido direcionamento à estratégia. Sem isso a decisão fica ancorada em achismos, um tanto perigosos neste contexto de mudança.

3. Envolva e motive as partes interessadas, incluindo empresas, governos, organizações da sociedade civil, academia e comunidade em geral. Isso ajuda a garantir o apoio e a colaboração de todos os setores da sociedade.

4. Desenvolva políticas e estratégias para orientar a adoção da jornada 5.0. Isso pode incluir políticas de inovação, regulamentações tecnológicas, planos de desenvolvimento econômico-sustentável e programas de inclusão digital.

5. Promova a capacitação e a educação em habilidades digitais e tecnológicas para garantir que as pessoas estejam preparadas para participar plenamente da economia do mundo 5.0. Preveja programas de treinamento, parcerias com instituições de ensino e iniciativas de aprendizado ao longo da vida.

6. Fomente a inovação e o empreendedorismo para impulsionar novas soluções e modelos de negócios alinhados aos pilares do Mundo 5.0. Pode incluir apoio a startups, incubadoras de negócios, programas de financiamento e colaborações público-privadas.

7. Estabeleça mecanismos de avaliação e monitoramento para acompanhar o progresso da jornada 5.0 e identificar áreas de melhoria. Envolve coleta de dados, indicadores de desempenho e feedback das partes interessadas.

8. Promova a cooperação internacional e o intercâmbio de conhecimentos e melhores práticas com outros países que estão embarcando na jornada 5.0. Isso pode ajudar a fortalecer parcerias e colaborações globais para enfrentar desafios comuns.

9. Invista em tecnologias emergentes e infraestrutura digital. Isso pode incluir o desenvolvimento de redes de banda larga, implementação de sistemas de energia renovável, soluções de IoT, entre outros.

Já existem algumas ferramentas em teste e outras em uso na transição e adoção do Mundo 5.0 que vale a pena enumerar:

– Tecnologias de IoT: sensores IoT podem ser implantados em diversas áreas, como cidades inteligentes, agricultura, saúde e manufatura para coletar dados em tempo real e otimizar processos de forma eficiente e sustentável.

– IA e machine learning: para análise avançada de dados, automação de tarefas, personalização de serviços e tomada de decisões mais precisas em uma variedade de setores, incluindo saúde, educação, transporte e finanças.

– Blockchain: pode oferecer transparência, segurança e descentralização em processos de transação e compartilhamento de dados, promovendo a confiança e a colaboração entre diversas partes interessadas.

– Realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR): podem ser usadas para criar experiências imersivas e interativas em áreas como treinamento, educação, turismo e entretenimento, enriquecendo a forma como as pessoas interagem com o mundo ao seu redor.

– Plataformas de colaboração on-line: aplicativos de videoconferência, compartilhamento de documentos e plataformas de gestão de projetos podem facilitar a comunicação e o trabalho em equipe em ambientes distribuídos e remotos.

– Tecnologias de energia renovável e armazenamento de energia, como painéis solares, turbinas eólicas e baterias de armazenamento de energia, podem ajudar a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e promover a transição para um modelo energético mais limpo e sustentável.

– Plataformas de educação on-line e cursos de e-learning podem oferecer acesso a recursos educacionais de alta qualidade para pessoas em todo o mundo, promovendo a inclusão digital e a aprendizagem ao longo da vida.

– Ferramentas de análise de dados avançados e visualização de dados podem ajudar a extrair insights significativos de conjuntos de dados complexos, permitindo tomadas de decisão mais informadas e orientadas.

É importante adaptar e combinar essas ferramentas de acordo com as necessidades e contextos específicos de cada organização ou comunidade, garantindo que apoiem efetivamente os princípios e objetivos do mundo 5.0.

Quero, ainda, convidar o leitor a se aprofundar neste tema por meio do livro Humanamente Digital, de Cássio Pantaleoni, também colunista de MIT Sloan Management Review Brasil e professor da Inova Business School, além de vencedor do Prêmio Jabuti 2023 pela obra em questão.

Diante dos desafios globais que enfrentamos, a visão do mundo 5.0 surge como um farol, oferecendo uma direção clara para um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero. Ao integrar tecnologia, inovação e valores humanos fundamentais, nos convida a repensar nossas abordagens tradicionais e a abraçar uma nova era de progresso e colaboração.

Nessa jornada de transformação, é crucial que todos os setores da sociedade estejam envolvidos e comprometidos com a transformação. Empresas, governos, organizações da sociedade civil e cidadãos têm papel importante a desempenhar na construção de um mundo mais justo, equitativo e sustentável.

À medida que avançamos, precisamos lembrar que o Mundo 5.0 não é apenas sobre tecnologia, mas também sobre as pessoas e o planeta. Devemos garantir que a tecnologia seja utilizada de maneira ética e responsável, promovendo o bem-estar humano e a proteção do meio ambiente.

Em última análise, trata-se de uma visão de esperança e progresso, tão necessária nos dias de hoje, que nos desafia a alcançar nosso pleno potencial como sociedade global. O momento de agir é agora e, juntos, podemos moldar um mundo melhor para todos.”

Luís Rasquilha
CEO da Inova TrendsInnovation Ecosystem e professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Hospital Albert Einstein e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP).

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