Quando não recorrer ao piloto automático

Quando não recorrer ao piloto automático

Editorial

Viva o penso!

Outro dia estava conversando sobre esta edição com colegas e comecei a contar uma história – sou dessas! (risos). Como eles sugeriram que a trouxesse para este editorial, lá vai.

Dia desses, uma dona de casa estava recrutando uma diarista para limpezas gerais de seu apartamento. Mostrou-lhe a residência, descreveu as expectativas quanto aos serviços e, por fim, perguntou: quanto você cobra? Ela não esperava a resposta que recebeu:

– Depende. É o preço com penso ou sem penso?

Ante a cara de interrogação da potencial cliente, a faxineira explicou:

– “Sem penso” significa que a senhora define tudo que eu preciso fazer e eu só executo: que comidas preciso cozinhar (e os ingredientes já estarão comprados), quais roupas devo lavar e passar, a limpeza de que cômodos a priorizar. Já “com penso” quer dizer que a senhora não planejará nada e eu precisarei pensar em tudo isso, o que me toma tempo e energia.

Até hoje não sei se é história verídica ou lenda urbana; eu a ouvi de duas pessoas de círculos sociais distintos, uma moradora de Brasília e outra de São Paulo, ambas jurando vivência pessoal. Mas não importa. O “penso” é um conceito poderoso. 

Pois, com a inteligência artificial, estamos vivendo um contexto que pode dispensar o penso em várias situações, e com pertinência. É a transição para a automação inteligente. Eis a lógica hoje: tudo que pode realmente ser automatizado deve sê-lo –  liberando, portanto, mais tempo para o penso onde ele é necessário.  

Assim, chego à razão de ser desta edição e, ouso dizer, a razão de sua grande utilidade: fazemos, como um alerta, o contraponto entre o penso necessário e a automação com penso, inteligente para valer. 

Convenhamos que, encostado contra a parede por eficiência, o ser humano corporativo anda agindo no piloto automático em áreas em que isso não poderia acontecer. Não sou só eu que o digo – lembro-me da professora Rosabeth Moss Kanter, da Harvard Business School, me dizer isso em uma entrevista, e também da neurocientista Carla Tieppo. 

Esta Review é sobre abandonar o piloto automático no que exige penso – atualização de software, ética, cidadania corporativa, cultura, uso de mídia, relação com consumidores – e automatizar com penso o que se deve, com os centros de excelência em automação!

Quando não recorrer ao piloto automático
Adriana Salles Gomes

Sumário

Leia o arquivo da edição

Já tem acesso? Faça login Você precisa ser um usuário premium para ler.
Quando não recorrer ao piloto automático
Quando não recorrer ao piloto automático

Outras edições

Você atualizou a sua lista de conteúdos favoritos. Ver conteúdos
aqui