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Gestão da inovação: a jornada do Parker Innovation Lab na América Latina

Inovação não é apenas sobre tecnologia, mas sobre pessoas, processos e, acima de tudo, mentalidade, como mostra o laboratório de inovação da Parker no Brasil

Luiz Roberto Moura
12 de julho de 2024
Gestão da inovação: a jornada do Parker Innovation Lab na América Latina
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A inovação, frequentemente celebrada como motor do progresso industrial, é um desafio multifacetado, especialmente em filiais de multinacionais.

(N. da E.: Ao longo da história, os laboratórios de inovação de companhias globais no Brasil se dedicavam sobretudo a cumprir requisitos legais, como a nacionalização de componentes e processos, e/ou a fazer adaptações sob medida para grandes clientes empresariais. Isso está mudando, no entanto.)

Neste artigo vamos explorar a trajetória de mudança do laboratório da Parker no Brasil, desde a concepção da inovação como pilar estratégico até a consolidação do Parker Innovation Lab (PIL), que enfatiza as estratégias, a inovação aberta e os aprendizados em um contexto multinacional.

Inovação na América Latina

A Parker na América Latina historicamente focou na importação e nacionalização de produtos, uma estratégia que não priorizava a inovação local. A mudança de paradigma veio com o reconhecimento de que a inovação é uma demanda estratégica para manter a relevância e a competitividade no mercado global.

A transformação começou com a formação de uma equipe de alta aerformance (aqui tratada como EAP) dedicada à inovação. O time, de caráter multidisciplinar, foi encarregado de diagnosticar a cultura interna e fazer benchmarkings externos, a partir dos quais reuniu insights que foram essenciais para o início da gestão da inovação:

– Novos processos locais. Entendeu-se a necessidade de desenvolver um modelo de inovação relevante localmente, transcendendo a prática anterior de, na maioria dos casos, apenas reportar vendas de produtos lançados globalmente.

– Mudança cultural. Era preciso transformar o modelo mental tradicional para uma cultura de inovação.

– Inovação aberta. Ficou clara a relevância da adoção da inovação aberta como meio de incorporar agilidade e criatividade ao processo de inovação, aproximando a empresa do dinamismo das startups.

– Proximidade com as áreas de negócios. Ficou ainda mais importante garantir que a inovação esteja intrinsecamente ligada às áreas de negócio, agregando valor tangível e reduzindo as chances de “silos de inovação”, que não agregam valor e ainda correm o risco de gerar custos indesejados.

A partir daí, foram definidos o propósito e os compromissos da EAP e feito o primeiro levantamento de dores de diversas áreas de negócio. O passo seguinte foi estabelecer os projetos prioritários e organizá-los por pilares: processos administrativos, processos produtivos e produtos e serviços.

Cada pilar foi atribuído um líder, ao qual se somaram colaboradores, convidados e alguns voluntários para desenvolver os projetos. Além disso, por meio de workshops de inovação, os líderes passaram a compartilhar os desafios de seus projetos com empresas e startups convidadas, em busca de soluções conjuntas.

Foi criado um comitê de governança da inovação, formado pela presidente da Parker na América Latina e diretores, e os líderes passaram lhe reportar periodicamente os avanços, bem como a recorrer a ele para obter aprovações e para dar continuidade aos projetos.

Parte de um ecossistema de inovação

Enquanto a EAP de inovação fortalecia sua identidade e consolidava processos, a Parker entendeu que também fazia sentido criar e inserir uma unidade de inovação na América Latina dentro de um ecossistema.

Assim, nasceu o Parker Innovation Lab (PIL) nas dependências do Parque de Inovação Tecnológica (PIT) de São José dos Campos – uma região com tradição industrial e tecnológica. A escolha do local se deu não apenas por sua proximidade com várias das operações da Parker, mas também pela sinergia com startups e escolas focadas em tecnologias de manufatura ali presentes.

Inovação em ação

O PIL se consolidou como uma plataforma de experimentação de novas tecnologias, como IoT (sigla em inglês de internet das coisas) industrial e eletrificação, e entrega de provas de conceito (PoCs, na sigla em inglês) e produtos mínimos viáveis (MVPs, em inglês) para as áreas de negócio da Parker.

E os resultados? Desde sua criação, destacam-se inovações como:

– Smart Filter: filtro de combustível veicular com recurso IoT capaz de diagnosticar a saturação do elemento filtrante em tempo real e recomendar sua substituição no momento correto ao gestor da frota.

– Bancada de treinamento virtual: plataforma de treinamento em realidade virtual que permite a capacitação tecnológica de profissionais, com exercícios práticos à distância.

– Manutenção preditiva + IoT: aplicação de machine learning para predição de falhas por meio de dados obtidos de produtos remotos conectados.

– Forecast de vendas com uso de inteligência artificial: Implementação de algoritmos de IA para gerar previsões de vendas com alta acurácia.

– Produtividade de células de manufatura: uso de sensores e IoT para monitoramento remoto da produtividade.

– RPAs em uso massivo: digitalização e automação de uma infinidade de processos administrativos em parceria entre as áreas de negócios e TI, liberando recursos para atividades mais estratégicas.

Aprendizados para a gestão de inovação

A jornada da inovação é repleta de desafios e incertezas, mas também de oportunidades e algumas lições que relaciono a seguir:

– Alinhamento estratégico: a inovação precisa estar alinhada com a visão e a estratégia globais da empresa.

– Cultura e liderança: a cultura de inovação, apoiada por uma liderança comprometida, é fundamental para fomentar um ambiente onde as ideias possam florescer.

– Colaboração e ecossistema: a inovação prospera em ambientes colaborativos e ecossistema rico, onde empresas, startups e instituições acadêmicas convergem.

À medida que o Parker Innovation Lab avança, fica claro que a inovação não é apenas sobre tecnologia, mas sobre pessoas, processos e, acima de tudo, mentalidade. É uma jornada contínua de aprendizado, adaptação e crescimento.

Luiz Roberto Moura
Luiz Roberto Moura é diretor de vendas e marketing e head de inovação e customer experiencie para a Parker na América Latina.

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