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O desafio de implementar a IA generativa no atendimento ao cliente

É verdade que a máquina aprende depressa e pode oferecer respostas personalizadas, mas ainda é preciso equilibrar a inteligência artificial com a humana

Guilherme Busch
Guilherme Busch
O desafio de implementar a IA generativa no atendimento ao cliente
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Você provavelmente já conversou com um assistente virtual. Mas já parou para refletir sobre o impacto da inteligência artificial do outro lado do balcão – na experiência do cliente? O relatório CX Trends 2024, da Zendesk, mostra que cerca de 70% dos líderes de experiência do cliente (CX) entrevistados em sua pesquisa global dizem que a IA generativa provocou uma reavaliação completa dessa área em suas organizações.  

Em dois anos, a maioria desses executivos (também 70%) planejam integrar a IA generativa em diversos pontos de contato com seus clientes – incluindo o chat para atendimento aos consumidores. E 64% afirmam estar dispostos a aumentar significativamente os investimentos em IA e em tecnologias correlatas. 

Esse movimento sinaliza mais do que uma mudança estrutural no atendimento ao cliente; promete também uma transformação profunda na maneira como as empresas interagem com os consumidores.

Leia também: “Faça bom uso da inteligência artificial para melhorar a experiência do cliente”, de Norberto Tomasini

A aplicação da IA generativa promete uma evolução significativa no atendimento ao cliente. Em vez de respostas genéricas e automáticas, a IA generativa será capaz de oferecer um atendimento altamente personalizado, interpretando e respondendo às nuances das interações em tempo real.  

Sua capacidade de adaptação e de aprendizado contínuo não apenas melhora a precisão das respostas mas também antecipa as necessidades dos clientes, estabelecendo novos padrões de excelência no suporte. Com isso, estamos caminhando para uma era onde o atendimento não é apenas reativo, mas proativo e profundamente sintonizado com as expectativas dos clientes. 

Oportunidade: automação de processos

No âmbito da automação de processos, a IA generativa também está introduzindo uma abordagem mais estratégica. Em processos de cobrança, por exemplo, a IA pode analisar dados históricos e comportamentais para prever comportamentos de pagamento e personalizar estratégias de negociação. 

Essa automação refinada promove uma gestão mais eficiente e adaptada às circunstâncias individuais de cada cliente, melhorando a recuperação de crédito e promovendo relações comerciais mais harmoniosas.  

Essa transformação se estende também à análise de dados e à geração de insights preditivos. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos permite uma antecipação precisa de comportamentos futuros, ajustando estratégias de marketing e gestão de estoques de forma proativa e criando um ciclo contínuo de adaptação e otimização. 

Desafio: atuação autônoma

Contudo, a implementação da IA generativa não está isenta de desafios e limitações. O caso da companhia aérea Air Canada é emblemático: ao adotar a IA para gerenciar interações com os clientes, a empresa enfrentou problemas ao lidar com situações complexas que exigiam um toque humano. 

Em 2022, um passageiro acionou o atendimento por chatbot para confirmar se poderia pleitear a tarifa especial para viagens em caso de morte na família depois de comprar a passagem para ir ao funeral de sua avó. O chatbot respondeu que sim – e a Air Canada disse que não iria oferecer o desconto porque a IA estava errada nesse caso.

Embora a IA tenha proporcionado ganhos em eficiência, esse episódio mostrou que, sozinha, a tecnologia não pode substituir a empatia e o julgamento humanos. Em contextos em que a nuance e a sensibilidade são cruciais, a intervenção humana continua sendo indispensável. 

Além disso, o IBM Watson demonstrou que a IA generativa, apesar de suas capacidades avançadas, pode falhar em contextos críticos, como diagnósticos médicos. 

Leia também: “Inteligência aumentada: o caminho do meio para o santo graal da autonomia da IA”, de Rodrigo Helcer

Em algumas situações, Watson forneceu recomendações imprecisas ou prejudiciais devido à falta de dados específicos e à complexidade dos casos. Esse exemplo ilustra a limitação da IA ao tentar substituir o conhecimento e o julgamento de especialistas humanos em áreas complexas e críticas. 

A solução: harmonizar a inteligência artificial e a humana

Esses casos destacam a necessidade de equilibrar a automação com a interação humana. A utilização da IA generativa, por mais avançada que seja, deve ser supervisionada para lidar com questões que exigem uma compreensão mais profunda e sensível. 

A integração bem-sucedida da IA generativa requer não apenas inovação tecnológica, mas também uma abordagem ponderada que preserve e amplifique a conexão humana. Assim, oferecerá uma oportunidade única para transformar a maneira como gerenciamos a experiência do cliente e nossas operações internas. 

O sucesso dessa transformação dependerá da nossa habilidade em harmonizar a inovação tecnológica com a preservação da interação humana, garantindo que a tecnologia não substitua, e sim enriqueça nossas interações.  

A forma como enfrentamos esses desafios determinará a qualidade do atendimento ao cliente e a eficácia das operações empresariais, criando um futuro em que a tecnologia e a humanidade coexistem de maneira produtiva e harmoniosa. A reflexão sobre essas questões é crucial para garantir que a evolução tecnológica beneficie a sociedade de maneira equitativa e ética.

Guilherme Busch
Guilherme Busch
Guilherme Busch é COO e vice-presidente da Paschoalotto, empresa de serviços financeiros.

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