Descobertas nas áreas de neurobiologia e terapia comportamental são aplicadas ao processo de seis etapas, que atuam em diferentes subsistemas neurais ou psicológicos, possibilitando a construção da resiliência e da gestão estratégica dos executivos e líderes nas organizações
A resiliência é a capacidade de se adaptar com sucesso ao estresse e à adversidade.
À medida que os problemas de saúde mental no mundo corporativo se tornaram a nova pandemia global, executivos e líderes devem ter o máximo cuidado com o recurso mais estratégico de suas organizações, as pessoas.
Problemas de saúde mental, como a ansiedade, o estresse ou a tristeza, afetam a tomada de decisões dos executivos, especialmente no campo da estratégia corporativa.
A neuroestratégia, também chamada estratégia comportamental, é um recente âmbito de conhecimento, dentro do management, na interseção da neurociência comportamental e da estratégia corporativa, e que testa como executivos são afetados por fatores que só podem ser explicados pela neurociência, como são as emoções.
A ansiedade faz com que o executivo perceba o entorno mais ameaçador do que realmente é, fazendo que tome decisões estratégicas mais defensivas que podem ser prejudiciais em determinados cenários competitivos. Também, o cérebro de um executivo com depressão ou tristeza, realiza julgamentos negativos e pessimistas sendo mais difícil para ele inovar no âmbito de seus produtos ou até mesmo no modelo de negócio.
A resiliência é uma habilidade que pode ser treinada por meio de práticas cognitivas e comportamentais específicas.
O atual mundo empresarial, pós-pandemia, tem contribuído para um agravamento da saúde mental no trabalho, com estatísticas de estresse e ansiedade superiores a 50%, tornando necessárias soluções para momentos de disfunção emocional.Neste artigo apresentamos um modelo totalmente inédito, que tem se mostrado altamente eficaz contendo as últimas descobertas da neurociência e da psicologia, aplicadas à estratégia das organizações.
O modelo apresentado a seguir (figura 1) é composto por seis círculos, cada um representando uma etapa e um processo, que atuam em diferentes subsistemas neurais ou psicológicos, possibilitando a construção da resiliência e, com ela, a excelente gestão estratégica.
Nota: no modelo proposto, a resiliência é criada na sobreposição de seis círculos.
A consciência emocional, ou autoconsciência, é o elemento mais importante para o sucesso na liderança. Com a consciência emocional também se desenvolve a consciência neuroestratégica, através da qual o executivo reconhece sua tendência emocional, e com ela sua tendência estratégica.
A neuroplasticidade é a capacidade que nosso cérebro tem de melhorar a si mesmo e realizar mudanças, funcionais e estruturais. Quanto melhores forem as capacidades neuronais, através de um cérebro melhor cuidado de maneira específica e intencional, melhores serão as capacidades neuroestratégicas do executivo e melhor suas estratégias.
Nesta etapa, os executivos são direcionados a mergulhar em seu sistema de crenças, por meio de uma revisão, e ressignificação, de suas experiências de vida, finalizando com uma definição clara de seus valores, visão e missão. Sendo coerentes com nossos valores e, finalmente, usando-os em nossas vidas para continuar crescendo, tornando-nos mais felizes e resilientes.
A metodologia aplicada ao longo do modelo gera antecipação emocional e potencializa o equilíbrio emocional, tudo para facilitar o processo de controle emocional e o contágio positivo desse resultado. Quando o executivo possui controle sobre suas emoções pode contagiar de maneira consciente suas emoções positivas e com elas também se produz o contágio estratégico, ou a influência positiva para a implementação estratégica na organização.
Devido à pandemia da covid-19, temos inúmeros estudos que mostram como o isolamento piorou a saúde mental de milhões de pessoas em todo o mundo. A conexão social é um promotor da oxitocina, hormônio que aumenta a confiança entre os indivíduos nas interações sociais, reduzindo os níveis de estresse. A ocitocina é o neurotransmissor da colaboração e desempenha um papel importante na construção da resiliência.
O sexto e último anel do modelo é o compromisso. Essa etapa é totalmente focada em aplicar os princípios da neurociência para criar e manter a motivação e o ímpeto na aplicação e repetição de cada etapa.
Como pode ser visto no modelo, da figura 3, em cada passagem de um círculo para outro, na sobreposição de cada um deles, um determinado benefício é alcançado para o cérebro, emoções e capacidades estratégicas do executivo.
A resiliência pode atuar como um fator de proteção para evitar problemas de saúde mental e melhorar a capacidade estratégica dos executivos. O modelo dos círculos de resiliência é um processo de seis etapas em que algumas das descobertas mais relevantes nas áreas de neurobiologia e terapia comportamental são aplicadas para construir resiliência e restaurar a saúde emocional e a capacidade de execução estratégica dos executivos e líderes nas organizações.”